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Matérias / Música

Long Live The Loud, o Dia do Heavy Metal

Um público que cresce cada vez mais e, à medida que envelhece, também se renova com a chegada de novas gerações

M. R. Terci Publicado em 14/03/2020, às 08h00

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Capa do disco Sacrifice, da banda Motorhead - Divulgação
Capa do disco Sacrifice, da banda Motorhead - Divulgação

“André Matos foi pioneiro na mistura da música clássica com o estilo pesado do heavy metal e ritmos brasileiros, sendo um dos responsáveis por colocar o Brasil no cenário do rock internacional em um estilo dominado por norte-americanos e europeus. Como alguns estados já manifestaram, o Paraná, que tem uma significativa comunidade roqueira, também reconhece a importância da sua obra e presta esta homenagem”, argumentou o deputado Douglas Fabrício, na última segunda-feira, no dia 9 de março, quando a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou, o projeto de Lei que determina a criação do Dia Estadual do Heavy Metal no estado.

Uma merecida homenagem ao cantor, compositor, pianista e maestro brasileiro, Andre Matos, vocalista de bandas como Viper, Angra e Shaman, que faleceu em 2019, nesse mesmo dia. Fãs de todo o país encaminharam a reinvindicação da data e, mais recentemente, foi solicitada que a homenagem se desse em âmbito nacional.

O deputado ainda aduziu que a homenagem ao cantor e o reconhecimento do heavy metal como um estilo de grande importância para o estado do Paraná, pode impulsionar o turismo e o comércio local. “Em Curitiba e demais cidades temos muitos adeptos do estilo. Ao instituir esta data comemorativa, podemos ampliar a realização de eventos e festivais e incentivar bandas locais, além de aumentar o número de visitantes”.

 Em São Paulo, capital, no ano passado, o prefeito Bruno Covas instituiu, via decreto, o Dia Municipal do Metal, que será comemorado todo dia 8 de junho, também em homenagem ao cantor paulistano André Matos. No mundo, a data de 16 de maio é reservada ao heavy metal.

André Matos / Crédito: Wikimedia Commons

É o International Metalheads Day, uma comemoração que tem como data a morte do vocalista norte-americano, Ronnie James, falecido em 2010, considerado por muitos como o padrinho do gênero e uma das vozes mais influentes da história do heavy metal, por sua inconfundível técnica, timbre e registro.

Mas de onde brotou essa história, ou, mais precisamente, essa aventura na mais pesada vertente do rock and roll? Venham comigo, pelos caminhos mais escuros da história, espiar por trás do púlpito anglicano do backstage.

Talvez o fato mais marcante daquele ano de 1969 tenha sido a chegada do homem à lua. Ou talvez não. Para alguns, foi o assassinato da atriz Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski, pela Família Manson, em um dos crimes mais bárbaros já vistos na história dos Estados Unidos.

Foi o ano em que Woodstock aconteceu, foi o ano em que os Beatles decidiram se separar pontuando o lançamento do último álbum, o clássico Abbey Road, e quando The Who apresentava ao mundo a magistral ópera rock Tommy. Ano em que Brian Jones, fundador do icônico Rolling Stones, foi encontrado morto na beira de sua piscina.

Em meio ao salpicar das rajadas e do estampido furioso dos morteiros, o Vietnã ardia nas chamas da guerra. Todos os dias chegavam notícias do front. Terror, morte e destruição e, em meio a dias tão turbulentos, despontavam no cenário musical bandas com uma sonoridade mais agressiva.

Lá estavam elas: Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. Mesmo desdenhadas pelos críticos musicais, autoras de discos que se tornariam as bíblias do heavy metal e atrairiam públicos cada vez maiores que logo não caberiam mais nos bares e clubes de época. Aparentemente, a Inglaterra era um terreno fértil e muito barulhento. Veio então o Motörhead e acrescentou aquela pitada de punk rock, sinalizando que a velocidade ia aumentar daí para frente.

A banda Motorhead / Crédito: Wikimedia Commons

Entre os anos 1970 e 1980, surgiu o New Wave of British Heavy Metal adicionando mais peso e velocidade às melodias, suprimindo muito da influência blues existente. Sem se preocupar em atingir grandes audiências e no entanto, atingindo-as, era alto, melódico e furioso e parecia atender as necessidades de uma juventude inglesa proletária, desempregada e sem grandes expectativas, constantemente confrontada pelo governo da Primeira-Ministra Margaret Thatcher.

Iron Maiden, Judas Priest, Venom, Def Leppard, Saxon e tantos outros, surgiram nessa época, em especial conseguindo bastante sucesso midiático e popularidade nos anos 1980. Forte foi a influência que estes exerceram em vários outros grupos de hard rock, heavy metal e derivados definindo aspectos centrais do chamado metal tradicional. 

Algumas delas chegaram a ser referência em outros estilos, como o Venom que é tido como o grande precursor do Black Metal, Judas Priest sendo pioneiro no uso de duas guitarras e Def Leppard, que ajudou a moldar o hard rock oitentista. Um estilo musical que ganhou o mundo, num ritmo criativo de constante renovação.

A anatomia do metal

O heavy metal se caracteriza tradicionalmente por guitarras altas e distorcidas, ritmos enfáticos, um som de baixo e bateria denso e vocais vigorosos. Os subgêneros do metal tradicionalmente enfatizam, alteram ou omitem um ou mais destes atributos.

A guitarra elétrica e o poder sônico que ela projeta através dos amplificadores foi, historicamente, o elemento chave do heavy metal. As guitarras frequentemente são tocadas com pedais de distorção, por meio de amplificadores de tubo com bastante overdrive, criando um som espesso, poderoso e pesado.

O papel de relevo do baixo também é crucial para o som do metal, e o intercâmbio entre o baixo e a guitarra formam um elemento central do estilo.

A essência da bateria do metal consiste em criar uma batida alta e constante para a banda, notadamente requer uma quantidade excepcional de resistência, e os bateristas do estilo têm de desenvolver destreza, coordenação e velocidade consideráveis para tocar os padrões complexos.

A voz e o tom do cantor do metal são, talvez, mais importantes do que as letras. Os vocais do metal variam enormemente de acordo com o estilo, do enfoque teatral, abrangendo múltiplas oitavas, até o estilo rouco, chegando até ao urro gutural de diversos vocalistas de death metal. Nas performances ao vivo o volume é considerado vital.

Banda Metallica / Crédito: Wikimedia Commons

Em seu livro Metalheads, o psicólogo Jeffrey Arnett se refere aos shows de heavy metal como o equivalente sensorial da guerra, mas frequentemente críticos mencionam as qualidades do heavy metal, salientando que os músicos mais influentes do estilo foram guitarristas ou violonistas que estudaram a música clássica.

O musicólogo Robert Walser, assevera: “Sua apropriação e adaptação dos modelos clássicos foi a fagulha para o desenvolvimento de um novo tipo de virtuosismo na guitarra e de mudanças na linguagem harmônica e melódica do heavy metal”.

Um público que cresce à medida que envelhece e ao mesmo tempo se renova com as novas gerações. Em 1991, logo depois do fim do regime comunista na Europa, o Monsters of Rock reuniu um público recorde de 1,6 milhões de pessoas, contando com apresentações do Pantera, Metallica e AC/DC.

Fatos como este, certamente contribuem para que datas como o Dia Estadual do Heavy Metal, recentemente aprovado no Estado do Paraná, se popularizem e se multipliquem em outras paragens.


M.R. Terci é escritor e roteirista; criador de “Imperiais de Gran Abuelo” (2018), romance finalista no Prêmio Cubo de Ouro, que tem como cenário a Guerra Paraguai, e “Bairro da Cripta” (2019), ambientado na Belle Époque brasileira, ambos publicados pela Editora Pandorga.


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