Fortunato Botton Neto cresceu na rua e se tornou um sanguinário homicida. Entre 1967 e 1997, ele matava aqueles que o contratavam como garoto de programa
O Brasil também teve seus assassinos em série. São Paulo foi palco de uma história confusa e problemática que deu origem a uma sucessão de mortes. É o caso do rapaz Fortunato Botton Neto, conhecido como Maníaco do Trianon, que viveu entre 1967 e 1997.
Nascido na capital, ele fugiu de casa ainda criança e viveu na rua pedindo esmolas. Aos oito anos, foi estuprado por um caminhoneiro, o que desencadeou um ódio profundo por pessoas mais fortes que ele.
Nos anos 1980, ele começou a se prostituir para sobreviver, atuando na Av. Paulista, principalmente no Parque Trianon. Era uma época difícil, em que a AIDS se proliferava e a homofobia era ainda mais comum do que nos dias de hoje. Rapidamente, Botton começou a usar drogas e teve que lidar com problemas financeiros.
Em 1987, foi encontrada sua primeira vítima: a empregada achou o corpo de um psiquiatra em seu apartamento. O cadáver estava com os membros amarrados, uma meia na boca, esfaqueado e com indícios de estar alcoolizado antes da morte. Hoje, sabe-se que esse assassinato ocorreu por busca de dinheiro.
Entre 1987 e 89, foram investigadas cinco de suas mortes. Normalmente clientes entre 30 e 50 anos de idade. O método do Maníaco do Trianon era o mesmo: embebedar, imobilizar, estrangular e esfaquear.
Um fator que atrapalhou as investigações foi o preconceito social que impedia a transparência policial sobre os casos. Muitos desses clientes que contrataram um garoto de programa não assumiam seu interesse por homens e suas famílias tentavam acobertar essa informação.
Os crimes só começaram a ser plenamente apurados quando um policial compreendeu a situação e ligou os diversos pontos: se tratava de um assassino em série. E o que o impulsionava? Dinheiro.
Com o mesmo compromisso, Botton começou a extorquir um de seus clientes, pedindo pagamentos para que ele não revelasse sua sexualidade. Essa foi sua sina: cansado, o cliente, um estudante, se associou à polícia para armarem uma armadilha. Botton foi pego em flagrante e preso em 1989.
As investigações posteriores confirmaram que o garoto de programa era responsável por todas aquelas mortes. Como consequência, o rapaz admitiu dez assassinatos e foi condenado a oito anos de prisão. Porém, ele morreu na cadeia em 1997, vítima de AIDS.
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