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Matérias / Crimes

Mortes e narcóticos: Marcel Petiot, um serial killer em meio à Segunda Guerra

Após a ocupação alemã em Paris, as pessoas buscavam maneiras de fugir da capital. Nesse cenário caótico, Marcel Petiot encontrou a oportunidade para cometer os mais brutais crimes

Fabio Previdelli Publicado em 17/07/2020, às 13h00

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Marcel Petiot durante julgamento - Getty Images
Marcel Petiot durante julgamento - Getty Images

Em 1940, as tropas alemãs ocuparam Paris após uma série de ataques relâmpagos. Conforme as forças nazistas avançavam, centenas de milhares de franceses abandonavam suas casas e buscavam alternativas para fugirem da cidade. Estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas deixaram a capital francesa.

Sob esse clima de caos, um médico local montou um esquema que ajudaria os desesperados a saírem de lá, no entanto, tudo não passava de um golpe que, além da parte financeira, também roubava a vida de pessoas inocentes. Ele era Marcel Petiot, o serial killer da Segunda Guerra.

A infância e juventude de Marcel Petiot

Nascido em 1897, na cidade de Auxerre, que fica a 160 quilômetros de Paris, Marcel teve uma infância complicada, muito em virtude de sua conduta nada convencional. Com problemas comportamentais e de isolamento social, ele foi encaminhado, aos 10 anos, para uma escola especial por apresentar costumes sádicos e cleptomaníacos.

Aos 17 anos, ele já havia sido expulso de duas escolas por vandalismo. Apesar de suas atitudes, ele conseguiu terminar os estudos aos 18 anos, em 1915. Posteriormente, ele se alistou nas forças armadas e acabou se ferindo em um conflito na Primeira Guerra.

Foto de Marcel Petiot / Crédito: Wikimedia Commons

No front, foi atendido por médicos do exército que o deixaram internado por quatro meses em um hospital psiquiátrico. Com o auxilio de um programa de ensino voltado aos veteranos franceses de guerra, acabou se graduando em medicina aos 24 anos.

Com o diploma em mãos, se mudou a trabalho para a cidade de Villeneuve-sur-Yonne. Lá, Petiot, quase que imediatamente, se viciou em duas coisas que o definiram pelo resto de sua vida: narcóticos e assassinatos.

A primeira vítima

Isso nunca foi provado, mas muitos suspeitam que a primeira vítima de Petiot foi Louise Delaveau, sua amante e filha de um de seus pacientes em Villeneuve-sur-Yonn. Ela desapareceu em 1926, logo após os dois começarem a se envolver amorosamente. Após o sumiço, nunca ninguém ouviu falar de Delaveau.

Vizinhos relataram que viram Marcel colocando uma mala grande suspeita em seu automóvel. Mas as investigações policiais jamais encontraram indícios que ligassem o médico ao crime. Assim, ele jamais foi indiciado.

Após esse período, Petiot decidiu se candidatar a prefeitura local. Para ser eleito, ele contratou um rapaz que ficou encarregado de perturbar seu oponente em todos os debates que acontecessem entre os dois. A estratégia deu certo e logo ele ocupou o cargo desejado. Foi aí que começaram os esquemas de corrupção e de desvio de dinheiro.

Marcel Petiot / Crédito: Wikimedia Commons

Passado esse período, ele retornou a Paris e à medicina em 1931. Na cidade luz, atraiu diversos pacientes com suas credenciais falsas e construiu uma reputação invejável por conta de suas consultas no número 66 da rua Caumartin. Lá, ele foi acusado de fornecer narcóticos e executar práticas médicas proibidas na época, como o aborto.

O cenário ideal para cometer crimes

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e a queda da França ao regime nazista, Petiot elaborou um esquema macabro para, teoricamente, ajudar os fugitivos. Trabalhando sob o nome Dr. Eugène, ele prometia uma saída segura da França para qualquer um que pudesse pagar uma taxa de 25.000 francos, algo que ultrapassa os 650 mil reais em valores atuais.

Sua clientela era formada por judeus, criminosos e integrantes da maquis — membros da Resistência francesa. Ele também contratou várias pessoas que o ajudariam a atrair possíveis interessados. Elas, obviamente, seriam julgadas, mais tarde, como cúmplices.

No entanto, a promessa de conseguir um local de refúgio na América do Sul não passou de um golpe. Dr. Eugène aplicava injeções de estricnina em seus pacientes dizendo que tudo não passava de vacinas que combateriam possíveis doenças sul-americanas.

Ocupação em Paris / Crédito: Wikimedia Commons

Já mortas, os clientes eram esquartejados e jogados em cubas de cal virgem — o que ajudava no processo de decomposição dos corpos. Feito isso, o médico repartia os 25 mil francos com sua gangue e ainda ficava com pertences de valor das vítimas.

O fim do esquema e o julgamento do culpado

O esquema de assassinatos só foi encerrado quando agentes da Gestapo se infiltraram como possíveis desertores e capturaram os comparsas que aliciavam essas pessoas. Os cúmplices foram torturados e vazaram todo o esquema do golpe.

Marcel Petiot foi a julgamento em 19 de março de 1946 com 135 acusações criminais, sendo 27 delas por assassinatos — o que teria rendido um lucro na casa dos 200 milhões de francos. Ao longo de seu julgamento, Petiot sustentou que ele apenas matou inimigos da França e que ele o fez simplesmente para cumprir seus deveres como combatente da resistência.

Mugshot de Marcel Petiot  / Crédito: Creative Commons

Posteriormente, ele acabou admitindo ter matado algumas de suas vítimas e o tribunal acabou o condenando pelo assassinato de 26 pessoas, o que lhe rendeu uma pena de morte por decapitação. Marcel Petiot foi guilhotinado em 25 de maio daquele ano.


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