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Matérias / Nazismo

Anatomia Topográfica Humana: O livro nazista que continua sendo utilizado por cirurgiões

Produzida no século 20, obra contém imagens anatômicas detalhadas – feitas com base em vítimas dos nazistas

Joseane Pereira Publicado em 29/12/2019, às 07h00

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Anatomia muscular da face - Getty Images
Anatomia muscular da face - Getty Images

O livro Anatomia Topográfica Humana, produzido pelo médico alemão Eduard Pernkopf, é uma das mais detalhadas obras da área. Publicado em meados do século 20, suas complexas ilustrações desenhadas à mão têm sido consultadas por inúmeros cirurgiões e profissionais de Medicina através do tempo.

Entretanto, nem todos se orgulham de ter esse livro nas prateleiras – afinal, as ilustrações que dissecam o ser humano camada por camada foram produzidas com base nos corpos de vítimas dos campos de extermínio nazistas.

A obra

O atlas foi um projeto de 20 anos do médico Pernkopf. Descrito pelos colegas como um Nacional Socialista ferrenho, ele ia todos os dias para o trabalho com o uniforme Nazista. Após virar reitor da faculdade de medicina da Universidade de Viena, ele demitiu todos os judeus da instituição - incluindo três ganhadores do prêmio Nobel.

Após uma lei da Alemanha Nazista determinar que os corpos de prisioneiros executados fossem enviados ao departamento de Anatomia para fins de pesquisa e ensino, Pernkopf trabalhou noite e dia dissecando cadáveres. Enquanto isso, uma equipe de artistas desenhava as imagens para o livro.

Pernkopf e colegas / Crédito: Domínio Público

Pelo menos metade das 800 imagens do Atlas foi baseada nos corpos de presos políticos, de acordo com Sabine Hildebrandt, da Harvard Medical School. Apenas em 1990 as origens obscuras do livro foram questionadas por estudantes e professores. A obra saiu de publicação em 1994.

Práticas Antiéticas?

Marcado pela infeliz origem, o Atlas de Pernkopf tem sido alvo de discussões sobre seu uso. Uma profissional que o utiliza é a neurocirurgiã Susan Mackinnon, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Segundo ela, a obra ajuda a "descobrir quais dos muitos pequenos nervos que percorrem nosso corpo estão potencialmente causando a dor".

Mas, para Mackinnon, é crucial que os envolvidos na cirurgia conheçam a origem do Atlas. "Quando me dei conta da origem sangrenta e maligna desse livro, comecei a mantê-lo guardado em meu armário da sala de cirurgia", afirmou ela.

Cópias do Atlas da Pernkopf na Bibilioteca Britânica / Crédito: Wikimedia Commons

Para Joseph Polak, professor de Direito da Saúde e sobrevivente do Holocausto, o livro é derivado de um mal real, mas “pode ser usado a serviço do bem”. Ele e o psiquiatra judaico Michael Grodin prepararam uma resposta sobre a eticidade do atlas. Para eles, a maioria das autoridades judaicas permitiria o uso das imagens para salvar vidas - sob a condição de que sua história fosse divulgada, fornecendo dignidade às vítimas.

"Veja a doutora Mackinnon. Ela não conseguiu encontrar um nervo sendo a melhor em sua especialidade. O paciente disse a ela: 'quero que minha perna seja cortada se você não conseguir encontrar'. E ninguém quer que isso aconteça", afirmou o rabino Polak à BBC.


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