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Matérias / Idade Média

Castigos sangrentos, sacrilégios e adultérios: o polêmico papado de João XII

Conseguindo o cargo através de acordos políticos, o controverso Santo Padre provocou guerras e desavenças

André Nogueira Publicado em 03/02/2020, às 11h49

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Papa João XII, 130º pontífice - Wikimedia Commons
Papa João XII, 130º pontífice - Wikimedia Commons

Quando o príncipe Alberico II de Espoleto, próximo à sua morte, conseguiu dos magnatas de Roma um juramento de que seu filho seria eleito o próximo papa, o jovem Otaviano sabia que assumiria o trono papal. Após a morte do papa Agapito II, o rapaz de 18 anos tornou-se João XII, em 955.

A estréia de João como Sumo Pontífice reestruturou a lógica em que coincidia a autoridade temporal e espiritual de Santa Sé. Ele reivindicou os direitos temporais do cargo e passou a visto como um homem imoral, que transformou a maior instituição da Igreja num recinto de fama duvidosa e corrupta, gerando grande insatisfação.

O governo do papa foi marcado por guerras e o acirramento das perseguições contra opositores. Além disso, a Igreja sofreu com diversas perdas nesses conflitos, como uma derrota contra o duque da Cápua e a tomada dos Estados Eclesiásticos pela Itália.

Nesse cenário, João se associou a Otto I, dos Estados Germânicos, conquistando uma relação de soberania de Roma em relação às decisões do rei. Assim, a Igreja se tornou inimiga de diversos reinos italianos e Otto se tornou oficialmente imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

Otto I, o Grande / Crédito: Wikimedia Commons

No dia seguinte à coroação, João XII assinou a lei Privilegium Ottonianum, em que as relações entre Roma e o Sacro Império se fortaleciam, os Estados Pontifícios se tornavam oficialmente posse romana (baseado nas doações de Pepino e Carlos Magno), além de estabelecer um rito canônico para a escolha dos próximos papas.

Rapidamente, João se virou contra Otto e estabeleceu limites violentos ao Imperador. Além de começar negociações com Adalberto, Beregarius e outros líderes italianos, que jurou nunca se associar, alinhou-se também Constantinopla e à Hungria, para entrar em guerra contra Otto, no entanto, o Imperador descobriu antes e tirou satisfação.

Com a rixa entre Otto e João, a nobreza de Roma se dividiu, e parte dela se voltou contra o Papa. Equipes diplomáticas foram enviadas tanto à corte de Otto quanto à Santa Sé, tentando resolver o briga. Numa segunda viagem a Roma, o sacro imperador renovou acordos com a nobreza romana que era sua aliada, conseguindo um juramento de que as próximas escolhas de papa passariam por seu crivo.

Encontro de Otto com João XII, em manuscrito medieval / Crédito: Wikimedia Commons

Diante dessa contenda, foi convocado um sínodo em São Pedro, onde João XII foi acusado de perjúrio, sacrilégio, simonia, incesto, assassinato e adultério, sendo chamado para se defender. Não reconhecendo o sínodo, o papa jurou a excomunhão de todos os participantes da reunião caso fosse destituído. Otto, então, o acusou de quebrar o juramento que havia entre eles e se associou a Adalberto de Tours.

Toda a confusão abriu espaço para que, em 4 de dezembro de 962, o sínodo em questão depusesse João XII e estabelecesse como papa Leão VIII, na época um leigo. Esse movimento desrespeitou diversos dogmas canônicos estabelecidos pela Santa Sé, o que fez com que a maioria da Europa considerasse a atitude inválida.

Chegou a ocorrer uma grande revolta por parte de legionários de João XII, mas que foi duramente reprimida pelo exército de Otto. Devido a pedidos de Leão, alguns dos revoltosos foram anistiados, o que fomentou um novo levante contra o imperador. Diante do mar de sangue, Leão fugiu de Roma e o vácuo institucional incentivou que João voltasse à cidade e se vingasse de diversos religionários de Otto, com castigos sangrentos e sádicos.

Leão VIII / Crédito: Wikimedia Commons

João foi entronado novamente papa e baixou novas ordenações que revogavam as decisões do sínodo de 962, além de excomungar todos os envolvidos, assim como o próprio Leão. Otto, revoltado, planejava voltar a Roma novamente, mas seus planos mudaram com a morte de João XII em 964. As más línguas afirmam que o antigo papa morreu de uma maneira tétrica: 


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