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Matérias / Israel

Operação Entebbe: Exército de Israel resgata civis em Uganda

Há 43 anos, a elite Sayeret Matkal colocava em ação o plano de resgate a um avião sequestrado

Roberto Navarro Publicado em 27/06/2019, às 03h00 - Atualizado às 09h00

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O ministro da defesa e futuro primeiro ministro Shimon Peres (à esquerda) com as tropas israelenses, após o fim da Operação Entebbe - Getty Images
O ministro da defesa e futuro primeiro ministro Shimon Peres (à esquerda) com as tropas israelenses, após o fim da Operação Entebbe - Getty Images

O voo AF 139 da Air France contava com mais de uma centena de passageiros a bordo – quase um terço deles judeus. O Airbus havia decolado do aeroporto internacional de Lod, na cidade israelense de Tel-Aviv, às 9 horas de 27 de junho de 1976, com destino a Paris, fazendo escala em Atenas.

O avião foi desviado para Bengasi, na Líbia, onde esperou na pista por seis horas e meia antes de ser reabastecido e decolar novamente, agora rumo ao Leste. Pouco depois, o curso foi alterado para o Sudeste e, por volta das 3 horas da madrugada seguinte, o Airbus pousou no aeroporto de Entebbe em Uganda, país africano governado na época por um ditador sanguinário e imprevisível, Idi Amin.

Os passageiros e tripulantes ficaram retidos no avião até o meio-dia, sendo então transferidos com seus captores para o prédio do terminal, onde foram visitados por Idi Amin em pessoa.

Ele procurou tranquilizar os passageiros, garantindo ter iniciado negociações para sua libertação, e indicou um destacamento de soldados ugandenses para permanecer no terminal visando garantir a segurança dos cativos. Após sua saída, porém, os cidadãos israelenses e outros judeus foram separados dos demais, apesar dos protestos da tripulação francesa.

As exigências

No dia seguinte um dos sequestradores, o palestino apelidado de “Peruano”, anunciou uma lista de exigências. Eles ameaçavam matar os reféns a partir do meio-dia de 1º de julho caso não fossem libertados 53 terroristas presos em vários países – 13 em diferentes penitenciárias na França, na Alemanha Ocidental, na Suíça e no Quênia, e 40 detidos em prisões israelenses.

O governo de Israel, avisado pouco depois de o piloto da Air France comunicar o sequestro, já havia alertado a ultra-secreta tropa de elite conhecida como Sayeret Matkal, nome em hebraico para Unidade de Reconhecimento Geral.

Soldados da Sayeret Matkal em treinamento / Créditos: Getty Images

Sayeret é o nome genérico dado às unidades de reconhecimento das Forças de Defesa de Israel (FDI). A Sayeret Matkal é a força especializada em operações antiterroristas. Sua origem data de 1957, quando um oficial chamado Abraham Arnan propôs aos comandantes das FDI a formação de um grupo que pudesse ser enviado a território hostil em missões secretas.

A ideia foi aprovada, tendo como modelo inicial o Special Air Service (SAS), força britânica de operações especiais de quem a Unidade adotou o mesmo slogan: Quem ousa vence.

À medida que o incidente se desenrolava e informações chegavam ao gabinete de crise, ficava clara a complexidade da situação. Havia muitas circunstâncias – não apenas militares, mas também políticas e diplomáticas – que dificultavam uma ação de resgate.

O avião pertencia a uma companhia francesa, apenas um terço dos passageiros era judeu (nem todos eles cidadãos de Israel) e uma eventual missão teria de passar despercebida ao controle de tráfego aéreo de vários países, que não poderiam ser consultados para permitir o sobrevoo de seus territórios. Mesmo assim, os preparativos avançavam.

O resgate

Elite das forças de elite, a Sayeret Matkal é a mais capacitada e eficiente tropa de seu gênero e foi fundamental no sucesso da missão, chamada Operação Trovoada. Dias antes, os sequestradores haviam libertado a maioria dos passageiros, mas mantinham em seu poder os judeus e a tripulação francesa.

Os comandos israelenses desembarcaram no aeroporto de Entebbe na madrugada de 4 de julho, mataram 33 dos aturdidos soldados ugandenses e, para impedir perseguição após o resgate, destruíram em terra 11 caças MiG da Força Aérea de Uganda.

Comemorações da vitória na operação / Créditos: Reprodução

Tomaram, então, o prédio onde estavam os reféns, eliminaram todos os sete terroristas e, em 53 minutos, encerraram com sucesso o ataque, voltando para Israel com os resgatados. Na ação, considerada a mais complexa e perfeita missão de resgate já feita, a única baixa entre os militares israelenses foi do comandante Yonatan Netanyahu, morto por uma rajada de metralhadora. Yonatan era irmão mais novo de Benjamin Netanyahu, que, após também servir na Unidade, chegaria a primeiro-ministro.

Ele não foi o único veterano da Sayeret Matkal a mais tarde assumir a chefia do governo. Outro exemplo famoso é Ehud Barak, que também comandou o grupo e virou o soldado mais condecorado de Israel, antes de tornar-se premiê, em 1999. 


Saiba mais

The Elite, David Katz, 1992

Israel’s Secret Wars: A History of Israel’s Intelligence Services, Ian Black e Benny Morris, 1992