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Matérias / Estados Unidos

Os camelos do Velho Oeste

Não está nos filmes, mas, por uma experiência da Guerra Civil, cowboys e nativos conviveram com camelos por décadas

Thiago Lincolins e Thais Uehara Publicado em 23/04/2019, às 09h00

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Obra de Thomas Lovell que representa os camelos no Texas - Reprodução / Permian Basin Petroleum Museum e Library and Hall of Fame of Midland
Obra de Thomas Lovell que representa os camelos no Texas - Reprodução / Permian Basin Petroleum Museum e Library and Hall of Fame of Midland

Essa você nunca vai ver num faroeste de Sergio Leone. Mas, parando para pensar, faz sentido. Na metade do século 19, após a aquisição não exatamente amigável de vastos territórios no Oeste após a Guerra Mexicano-Americana (1846-1848), colonizadores dos EUA encontraram um clima desértico que até então não fazia parte do país. 

Após sérios problemas logísticos durante conflitos com indígenas, o major George Crosman imaginou uma solução: camelos. Eles tinham várias vantagens em relação aos cavalos: conseguiam ficar dias sem água, carregavam peso com facilidade e conseguiram transitar por terrenos de difícil acesso.  

Os camelos na Califórnia / Crédito: Domínio Público

Grosman enviou a proposta de inserir os camelos no exército para o Departamento de Guerra dos EUA. A ideia logo chamou a atenção de Jefferson Davis, então senador do Mississippi, que insistiu no uso dos animais até virar Secretário de Guerra. A ideia só foi levada a sério em 1855, quando o Congresso liberou 30 mil dólares (US$ 800.000 hoje) para a compra dos bichos.

A expedição

Em 4 de junho de 1855, o major Henry Wayne, partiu de Nova York, a bordo do navio USS Supply, em direção ao Egito, Turquia e Malta. Comprou 33 camelos, pagando 250 dólares (US$ 6.600 hoje) em cada um. Os animais foram levados ao Texas no mesmo navio, numa viagem que durou três meses.

A importação dos bichos / Crédito: Wikimedia Commons

Em 1857, o Congresso autorizou uma missão de exploração. O tenente Edward F. Beale levou 25 camelos. No início ele não gostou da ideia, mas, ao decorrer da expedição, os animais provaram que as teorias referentes às suas habilidades estavam corretas. Ao final, ele só tinha coisas boas a dizer, afirmando que preferia um camelo a quatro mulas. 

Camelos conseguiram carregar 700 quilos e atravesavam áreas que amedrontavam os cavalos. Além disso, comiam cactos e espinhos –  que dificultavam a locomoção dos soldados –, conseguiam ficar de oito a dez dias sem água e não se incomodavam com o clima seco ou com o choque de temperaturas que encontravam.

A Guerra Civil foi o fim às mil e uma noites do Oeste. Sem conhecer os animais, soldados os abusaram e maltrataram até a morte. Camelos se mostraram inviáveis em combate, porque seu cheiro espanta os cavalos —  algo que foi usado pelos árabes na Idade Média, mas de valor duvidoso quando tropas de cavalaria não enfrentavam mais outras tropas de cavalaria com lanças. 

Os poucos sobreviventes acabaram sendo leiloados, e os que compraram também não ficaram muito tempo com eles, o custo com os cuidados fizeram com que fossem soltos. Por muitos anos, camelos selvagens se tornaram uma visão comum. Mas, diferente dos mustangues, os cavalos europeus que vivem soltos nas planícies do Oeste, sua população era baixa demais para ser sustentável. Eles terminaram extintos no século 20.