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Matérias / Hollywood

Patricia Douglas: a busca por justiça da primeira atriz a denunciar um estupro em Hollywood

No fim da década de 1930, a artista foi brutalmente atacada por um empresário durante uma festa promovida pelo estúdio MGM

Pamela Malva Publicado em 18/01/2021, às 12h38

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Patricia Douglas, a atriz que denunciou um estupro em Hollywood - Divulgação / Youtube / Barry Rubinow
Patricia Douglas, a atriz que denunciou um estupro em Hollywood - Divulgação / Youtube / Barry Rubinow

Nos últimos anos, cada vez mais é comum se deparar com manchetes de denúncias de casos de assédios e abusos ocorridos nos bastidores de estúdios cinematográficos. No entanto, o que poucas pessoas sabem é que a primeira pessoa a denunciar esses crimes foi a atriz Patricia Douglas, no final da década de 1930.

Quando tinha apenas 20 anos, a artista foi a primeira a acusar um famoso empresário de estupro. Segundo conta o podcast Hollywood, a jovem foi atacada durante uma festa do estúdio MGM.

O crime

Em meados de 1937, Patricia foi convidada pela MGM a fazer um teste para um filme. No entanto, ao chegar ao local, a atriz e outras 120 mulheres que compareceram na audição foram obrigadas a vestir fantasias minúsculas e sensuais.

Retrato da atriz Patricia Douglas / Crédito: Divulgação / Youtube / Barry Rubinow

De repente, foram surpreendidas com a notícia que seriam levadas para uma festa, regada a 500 caixas de uísque e muito champanhe. O evento, sediado pelo próprio estúdio, comemorava mais um bom ano. Segundo testemunhos, eram mais de 300 executivos e vendedores da MGM.

O que as meninas não sabiam, é que elas haviam sido contratadas para animar os homens presentes na festa. “Eles nunca disseram que era uma festa”, contou Patricia, em entrevista à Vanity Fair, em 2003. “Eu não teria ido se soubesse”.

No final do trabalho, todas receberam US$ 7,50. Foram menos de dez dólares para lidar com homens bêbados, que, de acordo com um garçom ouvido pela Vanity Fair, “estavam tentando molestá-las" a noite toda.

Segundo a versão contada pela própria atriz, em um determinado momento da noite, David Ross, um dos empresários, tentou dançar com ela. Percebendo as segundas intenções, a jovem fugiu para o banheiro, mas foi capturada no caminho.

Patricia Douglas na capa de jornais / Crédito: Divulgação / Youtube / westlakeent

Ross e um amigo seguraram a atriz e a forçaram a tomar uma dose de bebida alcoólica. Patricia, então, tentou fugir, mas foi jogada em um carro, onde o empresário a estuprou. “Quando ele terminou, Patricia saiu do carro gritando”, contou Karina Longworth, a apresentadora do podcast Hollywood, em um episódio de 2015.

A jovem foi levada ao hospital, que, ironicamente, tinha convênio com a MGM. O médio que a examinou não encontrou evidências de relações sexuais e a mandou para casa. “Eles me deram uma ducha de água fria”, contou Patricia. “Não é surpresa que ele não tenha encontrado nada. A água removeu todas as evidências.”

“Estava dolorido lá em baixo, meu rosto ainda estava inchado”, ela narrou à David Stenn, diretor do documentário Girl 27. A atriz revelou que não pediu uma segunda opinião médica, mas apresentou uma queixa contra Ross com um promotor do condado de Los Angeles.

A repercussão 

Patricia contou no documentário que tentou denunciar o estupro na mídia, mas todas as suas tentativas eram abafadas pelo poder onipresente da MGM. O estúdio, por sua vez, demonstrou surpresa, mas não ergueu qualquer protocolo para ajudá-la.

Patricia Douglas sendo confortada / Crédito: Divulgação / Youtube / westlakeent

Muito pelo contrário, o agente da MGM fez de tudo para que as pessoas não acreditassem na história da jovem. Entre as tentativas, ele alegou que a garota teria bebido demais na festa e que teria passado por uma "infecção urinária genital".

Entretanto, durante as investigações, Patricia reconheceu David Ross em uma foto. Ele negou as acusações, mas a promotoria "ficou sem opção a não ser convocar um grande júri", segundo David Stenn. O julgamento não levou à nada e, mais tarde, a vítima entrou com uma ação civil contra vários executivos da MGM. Entretanto, ainda assim, a atriz ficou sem justiça e cresceu com o gosto amargo daquele trauma.

Quando Stenn, diretor do documentário, escreveu a matéria na Vanity Fair, Patricia tinha 86 anos. “Ele arruinou minha vida”, ela disse. “Tirou toda a minha confiança. Nunca me apaixonei. Nunca tive um orgasmo. Fui uma zumbi ambulante que deslizou pela vida".

No final da entrevista, Stenn perguntou à atriz o que ela faria a seguir. Em resposta, ela disse que estava disposta a ir a público mais uma vez. "Quando eu morrer, a verdade morrerá comigo, e isso significa que esses bastardos vencem", finalizou.


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