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Matérias / Religião

Por que a sede do cristianismo está em Roma e não em Jerusalém?

A soberania do Vaticano foi reconhecida pela Itália apenas em 1929

Juliana Parente Publicado em 19/07/2019, às 10h00

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Crédito: Reprodução
Crédito: Reprodução

Após a morte de Jesus, o cristianismo ainda não havia se separado do judaísmo em Jerusalém. Era visto como mais uma das correntes seguidas pelos judeus na região – e que exigia práticas como circuncisão e restrições alimentares.

É então que entram em cena Pedro e Paulo, que libertam a necessidade dos novos cristãos de seguirem essas regras e conseguem levar a nova fé para Roma, sede do maior império da época – lá, eles foram assassinados e se tornaram os primeiros mártires da Igreja.

Enquanto o cristianismo conquistava adeptos em Roma, Jerusalém era desfigurada após uma série de guerras. “A cidade foi destruída duas vezes, o que dificultou a formação de um centro organizado, capaz de agregar os novos fiéis”, diz Liz Carmichael, professora de Teologia na Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Ela se refere aos episódios de 70 e 135, quando a região foi destruída e queimada pelos romanos. Depois da segunda devastação, as ruínas deram lugar a uma cidade pagã, batizada de Aelia Capitolina. Após o imperador romano Constantino se converter ao cristianismo, no século 4, a sede do império se tornou também a sede da nova fé. Para os cristãos do Ocidente, Roma passou a ser considerada a cidade-referência.

“Essa decisão foi tomada unindo aspectos políticos e religiosos”, afirma o teólogo Richard McBrien, autor da Enciclopédia do Catolicismo. A fundação do Vaticano demarcou não só uma área sagrada como também o fim de uma rixa entre o Estado italiano e a Igreja Católica Apostólica Romana.

No Tratado de Latrão, de 1929, o ditador Benito Mussolini reconheceu a soberania do Vaticano. A Igreja (então liderada pelo papa Pio XI), por sua vez, aceitou devolver as possessões adquiridas durante as Cruzadas e assentiu que, a partir de então, Roma seria capital do Estado.

“Não houve uma decisão formal no sentido de substituir Jerusalém pelo Vaticano como sede do cristianismo”, diz McBrien. “Foi uma transformação política. Jerusalém foi perdendo importância em comparação a Roma.”