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Matérias / União Soviética

Cheka: A polícia secreta da União Soviética para exterminar opositores

Criada no intuito de derrubar a ordem que regia a Rússia antes da Revolução, as tropas de Lenin executaram 50 mil pessoas

Isabela Barreiros Publicado em 28/09/2019, às 08h00

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Reprodução
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Conhecida pela abreviatura de Cheka, a Comissão Extraordinária de Toda a Rússia para o Combate à Contrarrevolução e a Sabotagem foi a primeira polícia secreta soviética. Lenin criou a organização por meio de um decreto oficial, no final de 1917. O primeiro a comandar a comissão foi o aristocrata convertido ao comunismo, Felix Edmundovich Dzerzhinsky.

Com o intuito de liquidar qualquer ato contrarrevolucionário ou desviante dos ideais soviéticos, a Cheka era muitas vezes retratada como uma tentativa de eliminação da burguesia russa. Lenin, no entanto, afirmava que os atos dessa polícia seriam aplicados apenas aos que estivessem do lado da contrarrevolução. A maioria deles eram membros do governo czarista.

Os “inimigos de classe” eram classificados de forma específica pela organização. Eles poderiam ser: qualquer militar ou envolvido com o czarismo; parte do clero russo; trabalhadores que não apoiavam o regime; e, por último, qualquer pessoa cuja propriedade fosse muito bem avaliada.

Mas não apenas eles eram assassinados pela Cheka. Muitos opositores do governo, ainda com ideologia de esquerda, foram perseguidos pela polícia secreta. Em abril de 1918, inúmeras organizações anarquistas foram atacadas em Moscou e muitos de seus membros foram presos ou mortos.

Felix Edmundovich Dzerzhinsky, o primeiro comandante da Cheka

Mesmo sendo um importante apoio militar aos soviéticos, a comissão tinha muito poder e quase nenhum limite legal. Milhares de assassinatos e prisões, muitas vezes em massa, foram atribuídos a ela. Os oficiais não seguiam praticamente nenhum procedimento padrão, dispensando a justiça revolucionária que, em princípio, deveria intervir nos casos.

Por isso é muito difícil alegar quantas pessoas foram mortas pela Cheka. Historiadores concordam e discordam, mas muitos deles afirmam que o número de assassinatos que a Rússia assumiu posteriormente é muito menor do que eles acreditam.

O historiador estadunidense William Henry Chamberlin afirmava que "é simplesmente impossível acreditar que o Cheka matou apenas 12.733 pessoas em toda a Rússia até o final da Guerra Civil". Ele estabeleceu uma contagem que chamou de "razoável e provavelmente moderada" de 50 mil pessoas assassinadas durante o período.

“Acredito que a formação dos Chekas foi um dos erros mais graves e mais inadmissíveis que os líderes bolcheviques cometeram em 1918, quando conspirações, bloqueios e intervenções os fizeram perder a cabeça. Todas as evidências indicam que os tribunais revolucionários , funcionando à luz do dia e admitindo o direito de defesa, teriam alcançado a mesma eficiência com muito menos abuso e depravação. Foi necessário reverter os procedimentos da Inquisição?”, analisou Victor Serge em seu livro “Memórias de um Revolucionário”.


Saiba mais

“The Origin and Status of the Cheka”, E. H. Carr;

“The Cheka: Lenin's Political Police”, George Leggett.