Após o desaparecimento de seu filho Stuart, Angel foi opositora ferrenha ao regime
No dia 5 de junho de 1921, no município de Curvelo, Minas Gerais, nascia Zuleika Angel Jones. Em sua trajetória, a mineira ficou conhecida mundialmente pelas roupas que produzia como estilista, influenciada pela cultura e pelas cores do Brasil - principalmente da Bahia, onde passou a juventude. O estilo de suas criações misturava renda, seda e fitas com estampados folclóricos e regionais, como papagaios e borboletas.
Mas não foi apenas no mundo da moda que Zuzu Angel marcou história. Ela também foi uma grande opositora da Ditadura Militar Brasileira, após a captura e assassinato de seu filho Stuart Angel pelo regime.
O FILHO
Aos 25 anos, Angel se casou com o estadunidense Norman Angel Jones. Após passar algum tempo no Rio de Janeiro, o casal se mudou para Salvador, onde teve seu primeiro filho, Stuart Edgar Angel Jones. Após ele, viriam duas garotas: Ana Cristina e Hildegard.
Na virada dos anos 60 para os 70, enquanto estudava Economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Stuart Jones passou a integrar o Movimento Revolucionário 8 de Outubro, que combatia a ditadura militar no Brasil. Preso em abril de 1971 no bairro de Grajaú, Rio de Janeiro, ele foi levado sob custódia à sede da CISA (Centro de Informações da Aeronáutica).
De acordo com o preso político Alex Polari, que afirmou ter testemunhado o incidente, Stuart foi amarrado às costas de um jipe com a boca colada ao tubo de escape do veículo. Arrastado pelo pátio da base da Força Aérea, ele acabou morrendo por asfixia e envenenamento por monóxido de carbono. O corpo de Stuart nunca foi encontrado.
Em carta entregue por Polari a Zuzu Angel no dia das mães, ele comentava sobre o possível paradeiro de Stuart, que após ser desamarrado teria sido abandonado no chão e suplicado por água durante toda uma noite.
REPERCUSSÕES
Zuzu Angel levou a morte de seu filho ao mundo. Em uma guerra contra o regime e pela recuperação do corpo, ela envolveu na luta os Estados Unidos, pátria de seu marido, e também seu trabalho como estilista. Com base na carta enviada a ela por Polari e em outras evidências, Zuzu denunciou o assassinato ao senador Ted Kennedy, que comentou o caso durante um discurso no Senado dos EUA.
Em seu trabalho, ela criou uma coleção estampada com motivos bélicos, pássaros engaiolados e manchas vermelhas. Um anjo ferido e amordaçado em suas estampas se tornou o símbolo de seu filho, e em 1971 ela realizou um desfile-protesto no consulado brasileiro em Nova York.
Zuzu Angel foi morta repentinamente em 14 de abril de 1976, no túnel que liga a Gávea a São Conrado, no Rio de Janeiro. Em 2014, o envolvimento de agentes da repressão em sua morte foi confirmado: eles teriam jogado a estilista para fora do veículo em movimento. Hoje, o túnel onde ela morreu é chamado Zuzu Angel em sua homenagem.
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