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Matérias / Naufrágio

Horror e canibalismo em alto mar: a tragédia do Mignonette

Quando embarcou no pequeno iate, Richard Parker não imaginava que aquela seria a última e mais terrível viagem de sua vida

Pamela Malva Publicado em 22/08/2020, às 10h00

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Imagem meramente ilustrativa de bote à deriva - Divulgação/Pixabay
Imagem meramente ilustrativa de bote à deriva - Divulgação/Pixabay

Durante a primavera de 1884, um jovem australiano visitava a Inglaterra quando colocou os olhos em um belo iate. Entusiasta da navegação, ele decidiu comprar o Mignonette, mas queria que o barco fosse entregue em sua casa na Austrália.

Como ainda estava longe de terminar a viagem, o jovem contratou uma tripulação britânica para fazer o simples trajeto. Assim, o capitão Dudley foi chamado e, confiante, ele recrutou sua equipe: o imediato Stephens, o marinheiro Brooks e o jovem Parker.

Juntos, os quatro homens zarparam de Southampton no dia 19 de maio daquele mesmo ano. Mal sabiam os marinheiros, contudo, que aquela se tornaria a viagem mais aterrorizante de suas vidas.

Suposta ilustração do iate Mignonette / Crédito: Wikimedia Commons

Tragédia marítima

Depois de 45 dias no mar, a tripulação já estava a cerca de 2 mil quilômetros da costa da África quando o iate foi atingido por um mar revolto. Os ventos estavam fortes demais e, de repente, a embarcação virou no dia 3 de julho.

Dudley e seus tripulantes tiveram pouco tempo para embarcar no bote de madeira e recolher provisões antes que o Mignonette afundasse. Muita da comida foi deixada no barco e os marinheiros se esqueceram do bem mais valioso: a água.

Sem materiais de pesca, os quatro homens tiveram de racionar a comida o máximo possível. Eventualmente, no entanto, a fome era tamanha que eles começaram a pensar em alternativas para sobreviver.

Bote usado pela tripulação do Mignonette / Crédito: Wikimedia Commons

Escolhas obscuras

No total, 18 dias se passaram até que, sem maiores perspectivas de resgate, a tripulação decidiu pelo inimaginável. Elas escolheriam alguém para sacrificar e, com o homem morto, se alimentariam de sua carte.

Segundo os testemunhos posteriores do capitão, no entanto, a escolha não foi tão aleatória quanto deveria ter sido. Naquele dia, após ter bebido água contaminada do mar, o jovem Richard Parker estava com sua saúde debilitada — além de não ter nenhuma família em terra que dependesse dele.

Dessa forma, não foi difícil selecioná-lo para o sacrifício e, assim, ele foi assassinado. O marinheiro Brooks, todavia, não quis fazer parte do homicídio e apenas assistiu enquanto o capitão e o imediato tiravam a vida de Parker — ainda que os três tenham se alimentado com a carne do jovem morto.

Imagem meramente ilustrativa de bote naufragado / Crédito: Divulgação/Pxhere

Terra firme

Entre os dias 26 e 17 de julho, quatro dias depois da difícil decisão, um barco alemão apareceu. A tripulação desfalcada embarcou no Montezuma e, por honra, fizeram questão de levar o que restava do corpo de Parker consigo, para um enterro digno.

Logo que todos chegaram a Falmouth, entretanto, os sobreviventes contaram sua história e, mais do que rapidamente, a polícia interveio. Não demorou muito para que todos fossem acusados de matar Richard Parker e ainda praticar canibalismo. Sob fiança, os três puderam aguardar o julgamento livremente.

A corte britânica, contudo, declarou que Dudley e Stephens eram culpados e os dois foram condenados à morte — a sentença, eventualmente, foi comutada para seis meses de prisão. Brooks, por sua vez, foi absolvido de todos os crimes.

Por fim, o episódio ficou conhecido como O Caso da Tripulação Mignonette, um dos crimes mais horrendos e temidos pelo povo britânico da época. Para todos, era terrível que os homens tivessem sobrevivido através de algo tão feroz quanto o canibalismo.


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