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Matérias / Europa

Humilhação em nome do entretenimento: os horrores dos zoológicos humanos

Durante os séculos 19 e 20, não era incomum a exposição de negros e asiáticos para que os povos ocidentais pudessem se divertir — as chocantes práticas acarretaram na morte de diversas pessoas

Fabio Previdelli Publicado em 07/04/2020, às 12h57

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Filipinos em exposição em Coney Island, em Nova York, no início do século 20 - Wikimedia Commons
Filipinos em exposição em Coney Island, em Nova York, no início do século 20 - Wikimedia Commons

Os zoológicos humanos foram exposições públicas de seres humanos nos séculos 19 e 20. Geralmente, esses locais mantinham ‘nativos primitivos’ em espaços para que os povos europeus pudessem observar as diferenças culturais e zombar deles.

Imagens horripilantes, algumas das quais tiradas em 1958, mostram como negros e asiáticos foram cruelmente tratados como seres que atraíram milhões de turistas. Apresentações desumanas organizadas em todo o ocidente eram projetadas para enfatizar ainda mais a diferença cultural entre os europeus e os povos considerados primitivos, reforçando ainda mais o falso estigma de superioridade da raça — muito difundido na Segunda Guerra.

Uma garota africana é mostrada na Expo de 1958, em Bruxelas, na Bélgica / Crédito: Divulgação

Muitas das pessoas expostas, no final do século 19 e início do 20, foram tratadas como animais, sendo que muitas delas morriam devido as condições extremas que enfrentavam. Entre elas está incluído o jovem Ota Benga, um congolês exposto no zoológico do Bronx de Nova York, em 1906, que foi chocantemente descrito como um "elo perdido da evolução”.

Oto recebia cerca de 40 mil visitantes todos os dias e, frequentemente, era alvo de zombaria pela multidão. Frequentemente o rapaz era colocado em uma jaula com macacos e apresentado como se fosse canibal. Entre as inúmeras humilhações, era obrigado a interagir com orangotangos para reforçar a ideia de ser selvagem e mostrar seus dentes aos visitantes, já que em sua cultura era comum afiá-los.

Em 1906, um grupo de pastores negros passou a protestar contra a exposição do jovem e, após 20 dias, Ota foi libertado. Entretanto, anos depois, ele acabou tirando a própria vida. Depressivo, o congolês jamais foi capaz de assimilar sua vida com estilo americano.

Retrato de Ota Benga / Crédito: Wikimedia Commons

A Europa também exibiu povos indígenas com zoológicos humanos semelhantes na França, Noruega, Bélgica, Alemanha, Espanha e Itália. A Noruega, por exemplo, exibiu, por cinco meses, em 1914, um local de exposição que continha 80 pessoas vindas do Senegal.

Mais da metade da população norueguesa visitou a exposição em Oslo. Enquanto os europeus gargalhavam da condição dos negros, os africanos eram obrigados a cozinhar, comer e a fazer artesanato.

Ota Benga (segundo da esq.), um congolês 'exibido' no Zoológico do Bronx de Nova York em 1906 / Crédito: Divulgação

Durante a Exposição Universal de 1889, realizada em Paris, mais de 18 milhões de pessoas visitaram pessoas sendo expostas nessas condições. Uma atração principal reunia um grupo de 400 indivíduos.

A prática vergonhosa também atingiu os indígenas australianos no final do século 19 e início do 20. Os aborígenes foram mantidos lado a lado de animais e desfilaram por diversos lugares do mundo. Geralmente, eles eram tratados como “selvagens que jogavam bumerangue”.  

O zoólogo alemão Professor Lutz Heck é retratado com um elefante e uma família que ele trouxe para o zoológico de Berlim, na Alemanha, em 1931 / Crédito: Divulgação

Apesar do pensamento primitivo e totalmente ultrapassado, essas práticas vergonhosas ainda foram realizadas no mundo contemporâneo. Em abril de 1994, uma vila da Costa do Marfim foi apresentada como parte de um safari Port-Saint-Père, perto de Nantes, na França.

Já em 2007, artistas pigmeus que participariam do Festival de Música Pan-Africana, o Fespam, foram alojados em um zoológico em Brazzaville, no Congo. Embora os membros do grupo de 20 pessoas — entre eles uma criança de três meses — não estivessem oficialmente em exibição, era necessário que eles “cortassem sua própria lenha para fazerem sua comida”, sendo filmados por turistas e transeuntes.


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