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Matérias / Personagem

Ignaz Semmelweis: o médico que revolucionou a medicina e acabou em uma instituição psiquiátrica

Incrédulo com as más condições hospitalares e com a alta taxa de mortalidade por febre puerperal, o especialista criou um método que resultou na diminuição das mortes

Nicoli Raveli Publicado em 28/05/2020, às 19h30

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Médico húngaro Ignaz Semmelweis - Wikimedia Commons
Médico húngaro Ignaz Semmelweis - Wikimedia Commons

Em 1825, nem mesmo os hospitais dispunham de opções mínimas de higiene. Em Londres, na unidade de St. George, era comum avistar pacientes em meio a lençóis ensanguentados, que resultavam fungos e vermes.

Ninguém se manifestava sobre a situação, nem mesmo o próprio enfermo que passava dias sentindo odores incômodos — o odor fazia até mesmo com que os profissionais da saúde caminhassem pela unidade com panos quem pudessem tampar o nariz.

As salas de cirurgia pecavam na higiene e os instrumentos — depois de utilizados —  não eram esterilizados. Além disso, antes de se preparar para uma cirurgia, ninguém se preocupava em lavar as mãos.

Médicos em 1853 / Crédito: Wikimedia Commons 

Dessa maneira, muitos hospitais, que deveriam proporcionar higiene e segurança aos pacientes e familiares, foram intitulado como Casas da Morte, já que as taxas de mortalidade eram até cinco vezes maiores do que se o enfermo decidisse ficar em casa.

Mudança de hábito

Incrédulo com a situação daquela época, o médico Ignaz Semmelweis decidiu mudar aquela cenário caótico. Em 1840, criou um método de lavagens das mãos nos hospitais de Viena, que vinham apresentando uma alta taxa de mortalidade nas maternidades. Para sua surpresa, a ideia não foi bem recebida — e foi até mesmo motivo de ironia.

Portanto, muitos não sabiam que as más condições de higiene poderiam proporcionar a disseminação de doenças e infecções. Isso fazia com que muitos médicos não levassem a sério a proposta de Semmelweis.

Vienna General Hospital / Crédito: Wikimedia Commons 

Mas não demorou a que o homem fosse apelidado de "salvador das mães" no Hospital Geral. Lá, era comum que a maioria dos pacientes saíssem sem vida do local, principalmente as mulheres grávidas: as feridas abertas facilitavam a entrada de diversas bactérias.

As análises de Semmelweis

Em seu local de trabalho, o especialista notou outro fato: as duas salas obstétricas — que dispunham dos mesmos aparelhos médicos — eram ocupadas por profissionais diferentes.

Em uma delas, apenas estudantes do sexo masculino eram permitidos. Na outra, somente parteiras. Na sala um, alegou Ignaz, a taxa de mortalidade era três vezes maior quando comparada à sala dois.

Mas ele não estava convencido de que a mudança acontecia somente pela divergência entre os sexos. Para isso, estudou o caso a fundo e concluiu que, como parteiras, seu único trabalho era trazer os recém-nascidos ao mundo.

Já os estudantes de medicina da sala ao lado, eram responsáveis por diversas funções no hospital, até mesmo realizar a autópsia em cadáveres. Como naquela época não era comum o uso de luvas —  nem o hábito de lavar as mãos —  os profissionais mudavam de função e levavam consigo "partículas cadavéricas" para os ambientes obstétricos.

Ilustração de um profissional lavando suas mãos em uma bacia / Crédito: Divulgação 

Dessa maneira, o ato resultava na contaminação de mulheres grávidas e, posteriormente, em suas mortes por febre puerperal. Nada disso estava comprovado, mas o ano de 1847 clareou a mente de Semmelweis.

Naquela época, um de seus colegas desenvolveu a mesma febre após ter se cortado com um dos instrumentos que havia utilizado durante uma autópsia. Seus sintomas pré-morte eram muito parecidos aos das pacientes grávidas, o que fez com que o profissional concluísse que sua tese realmente estava correta: os garotos da sala um alternavam seus trabalhos sem lavar as mãos ou trocar de roupas após o término de uma de suas funções, o que resultava na disseminação de diversas doenças.

Contrariedade do método

Após a descoberta, o médico fez questão de instalar bacias cm água, cal e cloro como solução antisséptica para ser utilizada pelos profissionais de saúde após deixarem as aulas de autópsia. 

A partir de então, Semmelweis notou que as mortes foram cada vez menos presentes no Hospital de Viena. O índice — que era de 18,3% — foi a 2% em menos de um mês. Mesmo assim, Ignaz foi desacreditado por muitos colegas.

Mas isso não o impediu de escrever um livro sobre sua teoria e até mesmo nomear os especialistas da unidade hospitalar que se recusavam a lavar suas mãos. Seu relato, porém, não agradou os responsáveis do Hospital Geral, que decidiram não renovar seu contrato.

Para isso, o médico seguiu caminho a Hungria e foi chamado para assumir o cargo de obstetra honorário no Hospital Szent Rókus, em Budapeste. O emprego, todavia, não era bem remunerado e dispunha de pouco prestígio.

Ignaz Semmelweis, médico que praticamente erradicou as mortes causadas por febre puerperal / Crédito: Divulgação 

Em seu novo local de trabalho, Ignaz teve que lidar com o mesmo problema da disseminação da febre puerperal. Como sua invenção já havia sido um sucesso contra a propagação de bactérias, decidiu implantar o mesmo método em Budapeste e, em pouco tempo, a taxa de mortalidade sofreu uma queda brusca.

Os dias finais do Salvador de Mães

O resultado, entretanto, não foi prestigiado novamente — muito menos Semmelweis foi reconhecido. Por isso, o homem veio a desenvolver uma grave depressão em 1861 e, em uma de suas crises, um colega o convidou para acompanhá-lo em uma visita a uma unidade média. Na verdade, seu amigo o levou até instituto de caridade para doentes mentais.

Quando Ignaz percebeu o que estava acontecendo, tentou fugir, mas foi impedido pelos guardas. Ele foi espancado e, posteriormente, colocado em uma camisa de forças e levado para uma sala escura.

Sua estadia, porém, foi curta. O médico faleceu duas semanas depois devido a um ferimento em sua mão que, por não dispor de cuidados, gangrenou. Aos 47 anos, morreu sem ser reconhecido por sua descoberta e sem ser citado por Louis Pasteur, Joseph Lister e Robert Koch, pioneiros dos estudos sobre micróbios e doenças.


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