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Ilhados durante 3 anos: o casal chinês que resistiu a construção de um Shopping Center

Em 2007, a dupla foi avisada pela incorporadora imobiliária, no entanto, decidiram que não abandonariam a casa facilmente, criando uma situação singular

Ingredi Brunato Publicado em 10/10/2020, às 10h00

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Fotografia aérea da casa - Divulgação/ChinaDaily
Fotografia aérea da casa - Divulgação/ChinaDaily

No ano de 2007, um caso curioso chamou a atenção da mídia chinesa, e logo também de veículos internacionais. Tratava-se de um casal que se recusou firmemente deixar sua residência, mesmo depois de construtoras do governo anunciarem que ali seria levantado um Shopping Center. 

O resultado foi uma cena insólita: uma casa solitária em meio a um imenso canteiro de obras. O fato das escavações ao redor da construção alcançarem 17 metros de profundidade apenas deixava a aparência do lugar mais bizarro, lembrando uma ilha. 

O lar do casal acabou sendo apelidado de “casa de prego”, em referência a um prego teimoso que apenas não se deixa ser arrancado. Durante três anos, os proprietários da construção de 219 metros quadrados, a senhora Wu Ping e o senhor Yang Wu, resistiam a serem arrancados da planta do futuro Shopping. 

Uma questão política  

A situação, longe de ser simplesmente cômica ou inesperada, ressoava com um problema enfrentado pela população chinesa. Pessoas eram desalojadas de forma súbita de suas antigas moradias para dar espaço a construções modernas. 

De forma ultrajante, como apurado pelo New York Times, não era raro que cidadãos fossem a uma delegacia local para reclamar da realocação súbita, e quando voltassem descobrissem sua casa já demolida. 

O veículo americano entrevistou ainda um senhor chamado Li Deshun, que morava na vizinhança da 'casa de prego': “As pessoas comuns não podem vencer os incorporadores. Não devemos criar problemas para o governo", comentou ele. 

Mudanças no horizonte? 

Na época, em março de 2007, o congresso chinês havia aprovado uma lei que apresentava garantias a pequenos proprietários urbanos, na tentativa de melhorar a situação das demolições forçadas, por exemplo. Foi nesse contexto que veio a fama dos moradores da construção ilhada, que, no entanto, já desafiavam as corporações desde 2004.

“Eu acredito que esta é minha propriedade legal, e se eu não posso proteger meus próprios direitos, isso zomba da lei de propriedade que acabou de ser aprovada. Em uma sociedade democrática e legal, uma pessoa tem o direito legal de administrar sua própria propriedade”, disse Wu Ping, na época, ao New York Times.

A senhora foi entrevistada fora do canteiro de obras, em meio à aglomeração de manifestantes que se reuniam na frente da casa, para admirar a resistência dos proprietários. 

O motivo de tudo 

A razão da recusa do casal em deixar o local foi que a compensação por metro quadrado, oferecida pelo incorporador, era muito baixa. Aos poucos, os outros moradores foram abandonando a propriedade, porém Wu Ping e Yang Wu não queriam ceder facilmente. 

“Durante o processo de demolição, 280 famílias ficaram satisfeitas com a compensação e se mudaram”, explicou o funcionário municipal de habitação RenZhongping. “Wu foi a única que tivemos que desmontar à força. Ela tem o valor de sua casa em seu coração, mas o que ela tem em mente não é prático. Está muito além dos padrões de compensação decididos pelos proprietários de imóveis e pelo órgão de avaliação profissional”.

A questão foi levada ao tribunal, que decidiu que os dois deveriam abandonar sua residência até 22 de março de 2007. Contudo, segundo relatado pelo China Daily, no dia 19 o senhor Yang Wu voltou - embora a construção estivesse então com o acesso extremamente dificultado pelas escavações, e passou a receber a comida e a água através de uma corda. 

Para tornar a situação ainda mais provocadora, o senhor também hasteou a bandeira da China acima do telhado da casa, além de uma faixa escrita à mão onde se lia “a propriedade legal de um cidadão não pode ser usurpada”. 

Foi em vão. No dia 2 de abril de 2007, todavia, a casa de pregos, que havia sido construída em 1993, foi demolida.


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