A ave, que quebrou um grande recorde, foi capaz de atravessar o Saara 10 vezes durante o período
Giovanna Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 09/05/2021, às 10h00
Com seu peito listrado, penas acinzentadas e som característico, PJ aparenta ser um cuco como todos os outros. Mas basta ler o que um estudo dos pesquisadores da British Trust for Ornithology (BTO) concluiu com seu Projeto de Rastreamento de Cucos, para percebermos que não se trata de uma ave comum.
Conforme repercutiu o Live Science, de maneira impressionante, o animal foi capaz de percorrer 80.000 quilômetros nos últimos cinco anos enquanto migrava indo e voltando do Reino Unido, tornando-se um grande recordista.
Enquanto é inverno no hemisfério norte, os cucos costumam permanecer na África e, na primavera, migram para o Reino Unido para reproduzir.
Segundo o British Trust for Ornithology (BTO) os pássaros geralmente chegam ao território europeu entre final de abril e início de maio.
Como o número de indivíduos da espécie reduziu drasticamente nas últimas décadas, os cucos entraram, em 2009, para a "lista vermelha" da Royal Society for the Protection of Birds (Sociedade Real de Proteção às Aves). Desde então, a espécie se tornou a maior prioridade de conservação em solo britânico.
Foi para buscar entender a causa da redução populacional das aves que surgiu o Projeto de Rastreamento de Cucos, no ano de 2011. O programa, que é responsável por marcar e monitorar as aves em suas longas viagens, começou a acompanhar o cuco PJ em 2016.
No dia 23 de abril deste ano, PJ se tornou a primeira ave do projeto a completar cinco migrações de volta à Inglatera, segundo o BTO.
Nos últimos cinco anos, o animal atravessou o Saara 10 vezes, voou pelas montanhas do Atlas na África e navegou nos Pirineus da Europa.
"Ele é um cuco incrível e incomum", disse Chris Hewson, cientista-chefe do Cuckoo Tracking Project, em entrevista à PA Media. "Eles normalmente migram para a África via Espanha ou Itália e mantêm a mesma rota todos os anos, mas PJ usou ambas as rotas, e uma terceira entre as duas, ao longo dos cinco anos; no outono passado, ele parou tanto na Espanha, quanto na Itália".
O especialista acrescentou que, essa mudança de rota pode ter sido realizada com o objetivo de evitar condições desfavoráveis ao longo da viagem e aumentar suas chances de sobrevivência.
Com o monitoramento das aves, Hewson e os demais membros da equipe perceberam que as rotas para a África realizadas pelos cucos estão associadas a diferentes níveis de mortalidade, conforme um relatório de 2016 publicado na revista Nature Communications.
Os indivíduos que seguem pela Espanha e pelo Marrocos, a rota oeste, são mais propensos a não resistirem se comparados àqueles que viajam via Itália ou Bálcãs, conhecida como rota leste.
Os pesquisadores acreditam que as recentes secas e incêndios florestais, por exemplo, e a redução da população de lagartas de mariposas, principal refeição dos cucos, na região podem explicar o motivo pelo qual a maior parte das mortes de animmais que viajaram via rota oeste se deu no continente europeu.
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