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Matérias / Personagem

Inimigo declarado dos Kennedy: Carlos Marcello, o mafioso que abalou Nova Orleans

Padrinho do crime organizado em Louisiana, entre 1947 e 1980, ele já foi acusado de planejar a morte do ex-presidente norte-americano John F. Kennedy

Pamela Malva Publicado em 29/01/2020, às 15h19

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Carlos Marcello em 1980 - Getty Images
Carlos Marcello em 1980 - Getty Images

No universo dos videogames, é comum que histórias reais sejam usadas para a criação de enredos cativantes. Esse é o caso de jogos como Outlast, Call Of Duty e Silent Hill, todos baseados em fatos reais.

Criado em 2016, Máfia III é outro exemplo de jogo baseado em fatos reais. Nele, Lincoln Clay, um veterano de guerra, cria um plano para se vingar da máfia italiana em New Bordeaux (em referência à Nova Orleans) depois de sua família ser morta pelos criminosos.

O jogo ainda fala sobre racismo, posicionando o protagonista em 1968, enquanto a Ku Klux Klan ainda estava em seu auge, com cerca de 5 mil a 8 mil membros. Ainda mais, o vilão principal do enredo, Sal Marcano, é inspirado em uma figura real: o mafioso Carlos Marcello.

Carlos Marcello ao lado de Sal Marcano, o vilão de Máfia III / Crédito: Getty Images/Take-Two Interactive

Nascido na Tunísia em 1910, Carlos Marcello mudou-se para os Estados Unidos em 1911, para morar com a família em uma fazenda em Nova Orleans. Quando jovem, ele já se relacionava com o mundo dos crimes e chegou a ser preso duas vezes, por agressões, roubos e formação de quadrilhas de gângsteres.

Em 1938, Carlos foi preso novamente, dessa vez pelo contrabando de mais de 10 kg de maconha. Apesar de sua sentença, no entanto, o jovem conseguiu um acordo com o ex-governador Gov Long e passou menos de dez meses na cadeia, além de pagar uma multa de 400 dólares.

Logo que saiu da prisão, Carlos entrou no mundo das máfias, aliando-se a Frank Costello, líder da família criminosa genovesa na cidade de Nova York. Juntos, os dois viabilizavam o transporte ilegal de máquinas caça-níqueis de Nova York para Nova Orleans.

Já em 1947, Marcello era considerado o padrinho da máfia de Nova Orleans, já que conduzia os negócios em toda Lousiana, ganhando dinheiro com cassinos em Las Vegas e imobiliárias na Flórida. Conhecido como Poderoso Chefão, ele criou uma política que proibia mafiosos de outras famílias de visitar Louisiana sem permissão prévia.

Carlos Marcello em Nova Orleans, Louisiana / Crédito: Getty Images

Em determinado momento, Marcello virou inimigo declarado dos Kennedys. Isso porque ele foi convidado a comparecer ao Senado dos Estados Unidos, para testemunhar sobre o crime organizado em Louisiana, em 1959.

Naquele dia, Robert F. Kennedy era o Conselheiro Chefe da Comissão McClellan e seu irmão, John F. Kennedy, era membro do comitê. Em frente aos dois políticos, o mafioso evocou a Quinta Emenda e se recusou a responder quaisquer perguntas.

Entre 1961 e 1964, Carlos foi preso mais três vezes por conspiração e quase foi deportado. O mafioso, no entanto, foi absolvido de todas as acusações e conseguiu combater os esforços do governo para tirá-lo do país.

Em 1966, 13 membros de famílias mafiosas de Nova York, Louisiana e Flórida foram presos por manterem relacionamentos com criminosos. Todos foram soltos logo em seguida, já que as acusações foram retiradas.

Supervisor de imigração de Nova Orleans, Carlos Marcello e Jack Wasserman, advogado do mafioso, respectivamente / Crédito: Getty Images

Quando voltou para Nova Orleans, no entanto, Carlos foi preso mais uma vez, por agredir um agente do FBI — sua sentença foi de dois anos, dos quais ele apenas cumpriu seis meses. Anos mais tarde, ele foi condenado novamente por conspiração, extorsão e fraude postal e eletrônica em um esquema multimilionário e, dessa vez, seguiu preso, a partir de 1981.

Após o assassinato de John F. Kennedy, em 1963, o Comitê de Assassinatos dos Estados Unidos emitiu um documento analisando uma possível relação entre o crime e Carlos Marcello. O relatório constatava que “Marcello tinha o motivo, os meios e a oportunidade de assassinar o presidente”.

O relatório do comitê foi anexado à investigação sobre o assassinato do presidente, ocorrida em 1978. No documento, o Comitê de Assassinatos ainda afirmou que não conseguiu “estabelecer evidências diretas da cumplicidade de Marcello", no entanto.

"Carlos Marcello em comitê do Senado / Crédito: Getty Images

Mesmo assim, autores como Richard N. Billings, G. Robert Blakey e John H. Davis criaram teorias e escreveram sobre a relação entre a morte de John F. Kennedy, a máfia vigente nos Estados Unidos e Carlos Marcello. Todos eles afirmam que o mafioso planejou o atendado ao presidente, junto de Santo Trafficante Jr. e Sam Giancana, outros chefes do crime.

As teorias, no entanto, nunca foram confirmadas e Marcello nunca foi acusado pelo crime. No início de 1989, o mafioso sofreu uma série de derrames ainda na prisão e, em outubro daquele mesmo ano, foi solto, tendo cumprido seis anos e seis meses de sua sentença.

Após sair da cadeia, Marcello voltou para sua enorme mansão em Metairie, Louisiana. Aos jornais, ele dizia que estava aposentado. Foi assim que passou seus últimos anos, cuidado por um grupo de enfermeiras e acompanhado pela família. Carlos morreu em março de 1993, com 83 anos. A causa da morte não foi divulgada.


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