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Matérias / Personagem

A saga de Audrey Munson, a primeira modelo dos Estados Unidos

Nascida para a fama, a jovem teve seu rosto eternizado em dezenas de esculturas por toda Nova York, mas assistiu sua carreira cair no esquecimento

Pamela Malva Publicado em 16/05/2020, às 08h00

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Audrey Munson, uma das primeiras e mais famosas modelos - Wikimedia Commons
Audrey Munson, uma das primeiras e mais famosas modelos - Wikimedia Commons

Enquanto andava pelas ruas de Manhattan, um fotógrafo norte-americano buscava pela inspiração perfeita. Ele precisava trabalhar, mas lhe faltava uma musa, uma dama por quem todos se apaixonariam.

Logo na sua frente, uma jovem esbelta e elegante caminhava ao lado da mãe. Com um tom angelical e um olhar afiado, desafiador, Audrey Munson procurava a mesma coisa que o fotógrafo: um trabalho.

Como se fosse destino, os dois se encontraram e o artista pediu que a moça posasse para ele. A intimidade de Audrey com a câmera era palpável, mas sua graça como modelo foi ainda mais surpreendente. Ela parecia ter sido feita para aquilo.

Foi assim, através de um simples acaso em um distrito de Nova York que a badalada carreira de Audrey começou. Amada pelos olhares dos artistas, a jovem pode ser vista em toda a cidade, em esculturas e fotografias icônicas das décadas de 1910 e 1920.

Audrey posando no filme Inspiração, de 1915 / Crédito: Wikimedia Commons

Origem aveludada

Natural de Nova York, Audrey sempre sentiu que nascera para os holofotes. Filha de pais separados quando ela ainda tinha 10 anos, a menina de Rochester cresceu ao lado de sua mãe batalhadora.

As duas damas, então, se mudaram para buscar chances reais nos palcos, entre 1907 e 1909. Audrey sonhava em ser atriz e, por isso, mãe e filha se estabeleceram em Nova York. Foi aí que o fotógrafo misterioso apareceu.

O primeiro trabalho da jovem, que já tinha cerca de 18 anos, abriu portas para mais oportunidades. Uma delas, a mais expressiva, foi a oferta de Isidore Konti. Ambicioso, o escultor buscava um rosto perfeito para suas obras.

Junto de Audrey, ele criou diversas estátuas aclamados pela crítica. Mas o artista queria mais. Pediu, portanto, que a modelo posasse nua para ele. Disse que o trabalho nunca sairia do âmbito profissional e, com essa cartada, Audrey aceitou.

Audrey posando nua em estúdio / Crédito: Wikimedia Commons

Carreira meteórica

Assim como suas vestes caíram no chão do estúdio de Isidore, o nome de Audrey caiu entre os maiores artistas da época. A modelo logo virou protagonista de esculturas espalhadas por toda Nova York, incluindo cerca de 30 estátuas no Metropolitan Museum of Art e uma obra na Casa Branca.

A jovem passou a ser conhecida como Vênus da América e A Mulher Perfeita. Suas curvas eram representadas por grandes escultores e ela era uma das modelos mais procuradas de toda a enorme e frenética cidade, em 1915.

Logo, o sucesso posado de Audrey chamou atenção do cinema mudo. Convidada por grandes produtores, a ousada artista, nascida em 1891, começou a atuar em Hollywood e na Broadway.

Em um movimento revolucionário, a modelo e atriz aparecia nua nas telonas, chocando o público conservador da época. Seu nome já estava em todas as capas de revistas e alguns de seus filmes chegaram a ser proibidos pelas poucas cenas de nudismo.

Audrey posando nua / Crédito: Wikimedia Commons

A estrela na mídia

No topo das paradas, Audrey decidiu usar sua fama para defender seus ideais. Em artigos autorais, denunciou a diferença salarial entre homens e mulheres e criticou o machismo latente no universo artístico, além de expor o anonimato em que vive uma modelo, sempre na sombra dos artistas que a representam.

O esquecimento, no entanto, acabou encontrando Audrey quando ela começou a se envolver em algumas polêmicas, em meados de 1922. Logo no começo daquele ano, cansada da frenesi das telonas e das esculturas, a modelo tentou se matar.

Sem sucesso, ela foi exposta na mídia por dois episódios críticos e sua reputação foi colocada em risco. O primeiro deles, ocorrido em 1919, contava com um homem que, apaixonado por Audrey, teria assassinado a própria esposa para ficar com a artista.

Retrato de Audrey e capa de revista de 1922, respectivamente / Crédito: Wikimedia Commons

O segundo escândalo envolvendo a jovem dizia respeito à uma tentativa de assédio. Nos camarins de uma peça, a atriz foi violentada por um grande produtor. Ao se negar a ter relações com o homem, ela teve sua carreira nos palcos destruída.

Com todas as diversas turbulências, a criativa e revolucionária artista desenvolveu doenças mentais severas. Audrey foi internada no Hospital Estadual St. Lawrence para Insanos, onde morreu aos incríveis 104 anos, em 1996.

Apesar da fama meteórica e dos ativismos em prol das mulheres, sempre muito reacionária, Audrey Munson teve o fim que ela mesma previa para todas as artistas da época. Foi enterrada em uma cova sem identificação, no mais completo anonimato.


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