Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Arte

A intimidade da família de Van Gogh através de cartas das suas irmãs

Cartas escritas por Anna, Elisabeth e Willemien, mostram parte da dinâmica entre os familiares do pintor

Paola Orlovas, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 29/01/2022, às 09h00 - Atualizado em 06/05/2022, às 09h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Anna, Elisabeth e Willemien, as irmãs de Vincent Van Gogh - Museu Van Gogh em Amsterdã / Arquivo Tralbaut
Anna, Elisabeth e Willemien, as irmãs de Vincent Van Gogh - Museu Van Gogh em Amsterdã / Arquivo Tralbaut

A correspondência trocada entre membros da família Van Gogh ficou famosa, de início, com a divulgação das cartas de Vincent Van Gogh, o famoso pintor holandês, para seu irmão Theo, que o ajudou financeiramente durante certo tempo, mas, esses não são os únicos registros de conversas de familiares do artista.

Vincent Van Gogh teve três irmãs: Anna, Elisabeth e Willemien Van Gogh, que passaram muito tempo despercebidas, mas que influenciaram suas produções. Willemien, a mais nova das três, por exemplo, precisou vender 17 dos quadros do irmão para conseguir o dinheiro que seria usado para que ela fosse internada em um hospital especializado, de acordo com o El País Brasil.

Hoje, mais de 900 cartas conservadas do artista foram estudadas, mas, agora, as centenas de cartas trocadas entre as irmãs Van Gogh, todas em língua holandesa e disponíveis no arquivo do museu do pintor, em Amsterdã, foram analisadas pelo historiador de arte holandesa Willem-Jan Verlinden em um livro chamado De zussen Van Gogh (As irmãs Van Gogh).

Em uma de suas cartas datadas de 1909, a irmã mais velha e mais distante de Vincent,Anna, fala com a cunhada, Jo Bonger, viúva de seu outro irmão, Theo van Gogh, sobre o valor que conseguiu ganhar ao vender uma das pinturas de Vincent:

Que valor. Quem poderia imaginar que Vincent contribuiria dessa forma ao sustento econômico de Wil (o apelido de Willemien). Theo sempre disse que isso aconteceria, mas que surpresa”, escreveu. 

Willemien Van Gogh, que nasceu em 1862 e morreu em 1941, tomou conta de seus pais durante a vida toda, e, apesar de querer fazer carreira como enfermeira, acabou estudando Religião e dando aulas em uma escola. Em 1902, aos 40 anos, no entanto, acabou sendo internada por doenças mentais em um hospital, onde permaneceu até seus 79 anos. 

As outras cartas, presentes no livro de Willem-Jan Verlinden, também contam uma história propositalmente esquecida dentro da família, a de Elisabeth Van Gogh. A segunda irmã, que nasceu em 1859, foi uma professora que largou as aulas para ser a dama de companhia de uma senhora francesa que estava doente e tinha quatro filhos.

Mais registros

Depois de certo tempo, Elisabeth e Jean Philippe, que era o marido de sua patroa, se apaixonaram, e tiveram uma filha chamada Hubertine. A menina recebeu o sobrenome Van Gogh e foi criada por uma viúva paga pelo casal, nunca tendo morado com os seus pais, que acabaram se casando.

Elisabeth queria ter adotado Hubertine, mas Jean Philippe quis evitar possíveis boatos. Quando a filha do casal fez 35 anos, a segunda irmã Van Gogh ofereceu para Hubertine um espaço na Holanda, mas, a tentativa de aproximação ocorreu tarde demais, e a sobrinha de Van Gogh havia sido descoberta por um jornalista francês ao vender cartões portais de porta em porta usando o parentesco com o pintor como forma de vender mais dos objetos.

Anna, a irmã mais velha, teria sido a mais independente de todas da família. Ela, que nasceu em 1855, conseguiu se tornar professora em uma escola particular em Welwyn, no Reino Unido. Também tomou conta de sua família, principalmente após a morte de seu pai, quando Willemien foi internada.

Anna, que se casou e teve dois filhos, passou a admirar a obra do irmão com o tempo, apesar de dizer que não gostava de Vincent devido a forma que ele humilhava os familiares com suas atitudes, e passou a convidar especialistas para a sua casa, pedindo que eles explicassem para ela as suas obras após a morte dele.