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Matérias / Crimes

Ives Ota, o impiedoso caso que chocou o Brasil no final dos anos 1990

Menino foi raptado de sua casa, na zona leste de São Paulo, e mantido em cativeiro por pessoas que trabalhavam com seu pai

Fabio Previdelli Publicado em 09/05/2020, às 09h00

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Imagem meramente ilustrativa de um urso rasgado - Imagem de SamWilliamsPhoto por Pixabay
Imagem meramente ilustrativa de um urso rasgado - Imagem de SamWilliamsPhoto por Pixabay

Na manhã de 29 de agosto de 1997, uma sexta-feira, o menino Ives Yoshiaki Ota, que tinha apenas oito anos na época, brincava com um primo na sala de estar do sobrado onde morava com a família, na Vila Carão, Zona Leste de São Paulo.

Enquanto se divertiam, um homem tocou a campainha do local dizendo ser entregador de uma floricultura. A babá que cuidava dos garotos abriu a porta para recebê-lo, mas foi surpreendida ao ser rendida por um homem armado. O crimino tinha apenas um objetivo: sequestrar o pequeno Ives — e foi bem sucedido em sua missão.

Retrato de Ives Yoshiaki Ota / Crédito: Wikimedia Commons

Entretanto, o plano não saiu como esperado, e poucas horas depois o menino seria morto de forma impiedosa, mas seu pai só soube disso tempos depois.

Masataka Ota, pai do garoto, foi um dos pioneiros das famosas lojas de R$1,99, que foram muito populares em São Paulo nos anos 1990. Durante um período de 45 dias, o empresário implementou uma política de preço único à seus estabelecimentos. O crescimento nos lucros chamou a atenção de Paulo Tarso Dantas, segurança em um dos negócios e peça-chave em todo esse enredo.

Na manhã em que perderam seu filho para sempre, Masataka e sua esposa, Keiko Ota, foram até uma transportadora para resolver algumas pendências das lojas. Pouco depois, o motoboy Adelino Donizete Esteves, que se identificou num primeiro momento como Silvio da Costa Batista, aproveita a ausência dos progenitores e tocou a campainha da residência dos Ota com um buquê de flores na mão.

Foto de Keiko e Masataka Ota / Crédito: Divulgação

Após simular um assalto, questionando onde ficava escondido um suposto cofre, Adelino tranca a babá e o primo de Ives em um quarto e foge com o pequeno entre os braços. As 19h15, Keiko chega em casa e se assusta com o conglomerado de policias que cercavam a sua rua — imaginando que algo de grave poderia ter ocorrido com um dos vizinhos. Neste instante, Vanessa, outra filha do casal, informa a ela que o pequeno havia sido sequestrado.

Começam as buscas pelo pequeno Ives

No mesmo dia, a família do garoto se dirige à delegacia para prestar queixa e a Divisão Antissequestro de São Paulo é acionada — assim, equipes do delegado Marcos Carneiro são designadas para averiguar o caso, que até então, não havia muitas informações.

No dia seguinte, a família recebe o primeiro pedido de resgate, solicitando um valor em torno de 800 mil dólares. Três dias depois, um novo contato é feito, mas a essa altura, a equipe de investigadores já tinha um plano para garantir que os sequestradores mandassem uma prova de que o menino ainda estava vivo.

Algumas perguntas são feitas pelos familiares, sobre acontecimentos que apenas eles tinham conhecimento, mas elas não eram respondidas corretamente, sendo desviadas com afirmações relacionadas aos eventos questionados, porém, sem a precisão requerida. Mais tarde, ficou-se sabendo que o garoto havia sido morto antes mesmo do primeiro pedido de resgate ser feito.

Além do plano, a equipe de agentes também usou de artifícios para identificarem o local de origem das chamadas telefônicas — e conseguiram descobrir que as ligações estavam sendo feitas da região da Vila Guarani, zona centro-sul da capital paulista.

Posteriormente, os policias encontraram o orelhão onde as ligações eram realizadas e passaram a vigiar o local constantemente. Tempos depois, se deparam com Adelino, o motoboy que sequestrou o menino, usando o telefone público. Ao cercarem o criminoso, ele pensa em fugir, mas descarta a ideia ao ver que seus esforços seriam inúteis.

Após ser capturado, ele serve como fonte para as próximas descobertas. Também descobre-se que o sequestrador já tinha passagens pela polícia por roubo e outros crimes menores. Encurralado, decide colaborar com as investigações, mas informa que somente participara do rapto de Ives e que depois o entregou a Paulo Tarso, policial que trabalhava como segurança na loja de Masataka.

Paulo é chamado para depor, mas se enrola todo em seu depoimento, mostrando um comportamento incoerente com o esperado: se preocupando mais em confirmar um suposto álibi do que negar que tinha participação no caso.

A busca por Ives e os detalhes do crime

Após os dois serem mantidos em detenção, buscas são feitas nas casas dos dois, mas, numa primeira passagem da polícia pelos locais, nada que ligasse a presença de Ives por lá fora encontrado. Entretanto, em uma nova caçada na residência de Adelino, os investigadores encontram um desnível recente perto do local onde fica o berço da sobrinha do criminoso.

Sérgio Eduardo Pereira e Paulo de Tarso Dantas / Crédito: Wikimedia Commons

Ao revirarem o espaço, o piso se rompe e revela o corpo do pequeno Ota, que já estava lá há mais de 10 dias. Adelino informa que quando levou o garoto para sua casa, ele imediatamente reconheceu Dantas, o que comprometeria totalmente o crime. Então, ele sedou o menino e o colocou na cova. Adormecido, Ives tomou dois tiros fatais no rosto.

O julgamento

Em junho de 1998, o juiz da 17ª Vara Criminal de São Paulo, José Luiz de Carvalho, condenou Adelino Donizete Esteves, Paulo Tarso Dantas e o também Policial Militar Sérgio Eduardo Pereira de Souza, que agia como uma espécie de capanga de Dantas.

Carvalho considerou o segurança como condutor do sequestro, assim, ele e Souza receberam a pena de 43 anos e dois meses de prisão por sequestro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Já o motoboy foi condenado a 45 anos e seis meses por, além dos crimes citados, falsidade ideológica.

Em 1999, o Tribunal de Justiça reduziu a pena de Sérgio Eduardo para 35 anos, sob o entendimento que a participação dele seria menos grave, apesar dele ter conhecimento de todo o plano. Desde 2005, o trio cumpre pena em regime semiaberto.


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