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Matérias / Personagem

Magia e ceticismo: o Incrível James Randi morre aos 92 anos

Conhecido por desmascarar dezenas de charlatões paranormais, o mágico se aposentou com um desafio impressionante

Wallacy Ferrari e Pamela Malva Publicado em 22/10/2020, às 15h00

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Fotografia de James Randi - Wikimedia Commons
Fotografia de James Randi - Wikimedia Commons

O mundo da magia como forma de entretenimento é lotado de personalidades exêntricas, sempre cercadas por holofotes, roupas de couro e muitos efeitos especiais. Para James Randi, no entanto, alguns shows servem para enganar pessoas.

Com uma incrível carreira no mundo das ilusões, o mágico foi também um dos maiores céticos que o mundo já viu. No fim, ele dedicou metade de sua vida a praticar o ilusionismo, enquanto a outra metade serviu para desmascarar charlatões paranormais.

Dono de uma barba gentil e de uma inteligência impressionante, James Randi morreu na última terça-feira, dia 20, aos 92 anos. O anúncio foi feito no dia seguinte pela James Randi Educational Foundation: "Ele teve uma vida incrível. Nós sentiremos sua falta".

Uma das fotografias mais recentes de James Randi / Crédito: Wikimedia Commons

Vida de magia

Randall James Hamilton Zwinge nasceu em Toronto, no Canadá, em 1928. Aos 18 anos, tornou-se O Incrível Randi, o maior mágico e escapista dos Estados Unidos entre 1950 e 1960. Em suas apresentações, ele ousava aprimorar números impressionantes de Houdini, com o diferencial de poder televisionar nacionalmente seus atos.

Muito carismático, educado e talentoso, Randi era convidado frequente de programas de entrevistas. Na televisão, além de apresentar seus números, ele rendia excelentes conversas sobre mágica e ilusão, além de seu ateísmo livre de qualquer crença, motivado por uma filosofia de plenitude completa.

Porém, conforme ia envelhecendo, compreendia que continuar com a prática da mágica poderia colocar sua vida em risco. Randi decidiu, então, se aposentar aos 60 anos, mas antes, lançou um desafio de um milhão de dólares. Em 2013, casou-se com Deyvi Peña, o homem com quem ele já se relacionava há 27 anos.

James Randi em evento / Crédito: Divulgação

Desafio de gigantes

Com a aposentadoria, o mágico viu a chance de desbancar algo que o incomodava. Cansado de ver pessoas se intitulando paranormais para tomar vantagem dos leigos, ele  anunciou um prêmio para quem apresentasse qualquer característica sobrenatural.

Na época, diversos personagens se tornaram famosos mundialmente com o advento da televisão, provando terem poderes completamente impossíveis de serem executados por um humano normal. Uri Geller, um bonito jovem israelense era um deles; viajava o mundo entortando garfos e consertando relógios com o poder da mente.

Misto de showman com paranormal, foi a primeira oportunidade de Randi lançar seu desafio. Uri estava sendo entrevistado no Tonight Show, com Johnny Carson, quando recebeu alguns garfos para realizar sua performance.

O suposto mágico, no entanto, não conseguiu “concentrar seus poderes”. Os garfos entregues pela produção eram, na verdade, diferentes dos que Uri havia trazido para a apresentação e haviam sido escolhidos por Randi, que trocou as peças especiais, feitas de gálio, por garfos reais de aço.

Uri Geller surpreso ao não conseguir executar (à esq.) e Randi explicando o truque (à dir.) / Créditos: Divulgação

Desbancando charlatões

Logo, em diversos programas, Randi contou com a ajuda de físicos e químicos para analisar qualquer manifestação paranormal. Foi o caso de James Hydrick, que afirmou que poderia mover objetos leves por telepatia, como canetas e páginas de livros. Em um programa de auditório, Randi colocou, em volta de seus objetos, uma espuma hipersensível, revelando o simples truque de James: ele assoprava os objetos.

Os favoritos de Randi, no entanto, eram os truques mais elaborados, pois estes serviam para enganar pessoas. Diversas vezes foi convidado a fazer apresentações simulando falsas na homeopatia e nas cirurgias espirituais. Sempre muito didático e bem humorado, explicava que esse tipo de encenação não pode ser usado com pessoas que realmente sofrem de patologias que precisam de acompanhamento médico.

É o caso de Peter Popoff, um televangelista que arrecadava milhões de dólares na década de 1980, identificando problemas de seus fieis apenas por mensagens divinas. Ao reunir os seguidores em sua igreja, em certo momento, apontava para pessoas aleatórias e, além de acertar seus nomes, acertava a doença e aplicava ali mesmo a cura.

Em uma longa investigação, Randi fez uma análise de sintonia, estacionando uma van em frente a enorme igreja de Popoff e, rapidamente, descobriu seu moderno truque. Ao coletar dados dos fieis na entrada, a esposa do homem passava as informações do setor, vestimenta que usava e características do fiel via rádio em um ponto eletrônico. Poucos anos após a denúncia de seu esquema, Peter declarou falência.

James Randi com Neil deGrasse Tyson (à esq.) e com Bill Nye (à dir.) / Créditos: Divulgação / Facebook

Um mundo de verdade

Na televisão japonesa, Randi chegou a desmistificar o mundialmente famoso “homem-imã”, que afirmava grudar em objetos de qualquer constituição material em seu corpo. Randi então solicitou, após uma demonstração do rapaz, que fosse passado talco em seu corpo. Sem o atrito, nenhum objeto se manteve no corpo do rapaz.

Desde a década de 1980, Randi se dedicava integralmente a provar que não existe paranormalidade no mundo, realizando palestras e dinâmicas contestando desde a astrologia até conspirações malucas. Com medo de serem desmascarados, diversos paranormais recusaram seu desafio, incluindo Thomaz Green Morton, brasileiro que ficou famoso como “o homem do rá”, que chegou a ter seguidores como Tom Jobim.

Sendo uma inspiração a grandes comunicadores da ciência, como a dupla Penn e Teller, o apresentador de Eureca Bill Nye e o astrofísico Neil deGrasse Tyson, Randi fez questão de divulgar o ceticismo de maneira que o mesmo não seja considerado algo ruim e, sim, algo que lhe dá maior conforto e tranquilidade sobre onde vivemos.


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