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Matérias / Arqueologia

Jane, o esqueleto que mostrou possível canibalismo de colonos em Jamestown

Em 2013, pesquisadores indicaram evidências de que os moradores teriam recorrido ao extremo para sobreviver

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 17/04/2022, às 08h00

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Montagem mostrando reconstrução facial da Jane e fotografia de seu crânio - Divulgação/ Jamestown Rediscovery
Montagem mostrando reconstrução facial da Jane e fotografia de seu crânio - Divulgação/ Jamestown Rediscovery

No ano de 1609, um cruel período de fome se abateu sobre Jamestown, um assentamento de colonos britânicos localizado no estado norte-americano de Virgínia. 

Eles fundaram o povoado, que era circundado por um forte de madeira, apenas dois anos antes. Mal sabiam, porém, que em pouco tempo os muros destinados a protegê-los das tribos powhatan que viviam na região se tornaram sua prisão.

Mais gente do que comida

Um dos eventos que mais contribuiu para a mudança da vida no assentamento foi quando eles receberam um grupo de visitantes passando necessidade. Eram colonos cujo navio havia sido desaparecido em uma tempestade — a embarcação, infelizmente, continha todos os seus mantimentos, conforme repercutido pelo site USA Today em 2013. 

Subitamente, as bocas a serem alimentadas aumentaram dentro de Jamestown, e logo os moradores do local começaram a ter problemas com a quantidade de comida disponível. 

A fome durou dois anos, e levou muitos consigo. De 300 colonos, apenas 60 sobreviveram. E, se no decorrer do ano os recursos eram escassos, as temperaturas baixas do inverno apenas tornavam tudo pior. 

Tendo em vista o quão extremas foram as dificuldades enfrentadas pelo povoado, não é uma surpresa tão grande que, em maio de 2013, pesquisadores da Instituição Smithsonian divulgaram evidências de que os colonos de Jamestown teriam praticado canibalismo durante a estação mais fria.

Jane 

Crânio de Jane / Crédito: Divulgação/ Youtube/ Jamestown Rediscovery

As conclusões dos estudiosos foram baseadas na análise dos restos mortais de uma jovem de 14 anos, batizada por eles de "Jane". Os ossos dela haviam sido desenterrados por uma missão arqueológica em 2012. 

Cortes cruzando o crânio e mandíbula da jovem são consistentes com a maneira como açougueiros cortavam animais na época, e indicam que sua carne, língua e cérebro teriam sido retirados de seus ossos, ainda conforme o USA Today. 

As "peças de carne" escolhidas e a forma como foram cortadas eram todas parte das tradições da "gastronomia do século 17", segundo explicou Doug Owsley, um dos envolvidos na pesquisa, durante uma apresentação de suas análises ao Museu Nacional de História Natural de Washington, nos EUA. 

Ninguém pode dizer com certeza exatamente porque essa jovem moça foi cortada, mas dado o contexto, parece que são marcas de açougue", completou Owsley.

Outro detalhe curioso é que o "açougueiro" responsável por preparar a carne de Jane não seria particularmente experiente: ele deu quatro golpes na região da testa dela antes de desferir um na parte de trás do crânio, que foi bem-sucedido em abri-lo. A arma usada para o ato teria sido um machado ou cutelo. 

A identidade da jovem canibalizada não foi descoberta, porém os cientistas acreditam que ela tenha sido um dos recém-chegados do navio. 

Fotografia de pedaço do crânio de Jane / Crédito: Divulgação/ Youtube/ Jamestown Rediscovery

Quase mortos

Quando grupos de outras partes do país finalmente chegaram para ajudar os moradores de Jamestown, as poucas dezenas que sobraram estavam em condições perturbadoras:

"Eles estavam tão desnutridos quando foram resgatados que foram descritos como similares a esqueletos", explicou o historiadorJames Horn, outro arqueólogo, também durante a apresentação no Museu, "Os ingleses apenas recorreram ao canibalismo quando submetidos às circunstâncias mais severas", concluiu. 

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