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Matérias / Personagem

Job Maseko: O ilustre combatente negro da Segunda Guerra que foi esnobado

Quase 80 anos após seu heroico feito, seus familiares ainda luta para que Maseko seja reconhecido da maneira que merece

Fabio Previdelli Publicado em 08/08/2021, às 09h00

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O combatente Job Maseko - Alfred Neville Lewis/ Wikimedia Commons
O combatente Job Maseko - Alfred Neville Lewis/ Wikimedia Commons

Em 1952, Job Maseko morreu após ser atropelado em um trágico acidente de trem. A essa altura, ele já estava pobre e mais quase ninguém poderia dizer com veemência quem ele foi ou qual sua importância para a história da África do Sul. 

Maseko havia sido esquecido! Não por sua culpa, mas sim por algo que até hoje é presente na sociedade: o racismo. Afinal, como é possível ninguém se lembrar do herói da Segunda Guerra que explodiu um navio alemão? 

Essa é a pergunta que seus descendentes fazem ainda fazem e lutam para que a memória de Job seja preservada, embora ele jamais tenha tido o verdadeiro reconhecimento que merecia. 

O papel do negro na segunda grande guerra 

Na Segunda Guerra, como explica matéria da BBC, cerca de 80 mil negros da África do Sul serviram junto ao Corpo Militar Nativo (NMC). A luta desse grupo era altamente perigosa, afinal, por servirem como ‘não combatentes’, não recebiam armas de fogo, embora pudessem portar armas tradicionais enquanto exerciam suas funções operárias, como guardas ou até mesmo médicos.  

Maseko, por exemplo, carregava macas da força aliada no Norte da África, onde resgatava combatentes feridos. Porém, em julho de 1942, foi feito de prisioneiro quando seu comandante se rendeu aos alemães, na cidade de Tobruk, na Líbia. 

Por lá, o sul-africano passou a ser obrigado a trabalhar nas docas, onde descarregava suprimentos. Porém, o que os nazistas não esperavam é que ele tinha um enorme conhecimento de minérios, fruto de seus anos de trabalho em minas de ouro durante a estadia em seu país natal. 

Documento de Maseko/ Crédito: Divulgação/BBC

Dessa forma, em 21 de julho, Maseko lotou uma pequena lata com pólvora e a deixou perto de alguns barris de petróleo, no porão de um navio. Quando o material explodiu, não sobrou quase nada da embarcação alemã. 

Como consequência, ele foi condecorado com a Medalha militar “por ação meritória e corajosa”, já que demonstrou engenhosidade, determinação e desconsiderou a própria segurança pessoal em relação a punições do inimigo ou à explosão subsequente que incendiou a embarcação".

Menos reconhecimento do que merecia?

Porém, o tratamento que recebeu na África do Sul não condizia como ao dos veteranos brancos. Para se ter ideia, enquanto os brancos recebiam terras e moradia por seus atos no conflito, os negros eram ‘agraciados’ apenas com bicicletas e botas — em casos mais raros, o presente maior que recebiam era um terno.  

O ativista Bill Gillespie acredita que Maseko foi impedido de receber a Victoria Cross — a mais alta condecoração do país — por conta de sua cor. "Estou absolutamente certo disso... a Medalha Militar foi apenas um prêmio de consolação". 

A família do veterano negro apoia o movimento e busca reconhecimento para aquele que honrou seu país em um dos maiores conflitos da História. 

"Estou muito orgulhosa do que ele fez, mas, ao mesmo tempo, triste. Se ele fosse um soldado branco, acreditamos que ele teria recebido a condecoração”, continua Maaba.  

Maaba visitando o túmulo de Maseko/ Crédito: Divulgação/BBC

Alan Sinclair, curador do Museu Nacional de História Militar também concorda que o sul-africano deveria ter recebido o prêmio maior. “A triste realidade é que os sul-africanos negros que se voluntariaram para fazer parte do Exército, assim como seus colegas brancos, foram tratados injustamente”.  

Mas a visão não é compartilhada por Keith Lumley, o chefe do Victoria Cross Trust, que atua para preservar a memória dos condecorados. Mas ele explica o motivo à BBC: "Não há dúvida de que o que Maseko fez em termos de sabotagem do navio foi excepcionalmente perigoso e provavelmente o teria levado à morte se ele tivesse sido pego". 

“No entanto, um dos pré-requisitos para a obtenção da Victoria Cross é que o feito tenha sido testemunhado. E não foi. Embora não haja dúvida de que ele fez o que fez... Mas ninguém realmente o viu fazer isso. Entendi pelo que li que sua medalha militar foi um reflexo de suas ações”, completa.  

Já o Ministério de Defesa do Reino Unido, também considera improvável a honraria. Segundo um porta-voz: "não podemos considerar prêmios retrospectivos porque não podemos confirmar as circunstâncias ou comparar os méritos entre casos que ocorreram tantos anos atrás".


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