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Matérias / Laysa Peixoto

Laysa Peixoto, a jovem brasileira que descobriu um asteroide e fez treinamento na Nasa

Laysa Peixoto, que descobriu um asteroide em 2021, contou ao site Aventuras na História sua jornada junto à ciência

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 20/07/2022, às 08h00 - Atualizado às 11h50

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Fotografias de Laysa na Nasa - Divulgação/ Redes Sociais/ Arquivo Pessoal
Fotografias de Laysa na Nasa - Divulgação/ Redes Sociais/ Arquivo Pessoal

Entre 22 e 23 de novembro deste ano, ocorrerá a HSM+, a maior convenção de gestão empresarial da América Latina. A edição de 2022 chama atenção: uma brasileira de 19 anos de idade, que tem chamado atenção quando o assunto é astronomia, está entre os palestrantes. 

Laysa Peixoto, que estuda Física na Universidade Federal de Minas Gerais, fará parte de um painel chamado “Estrelas do novo tempo: as mulheres que estão revolucionando a astronomia”.

Junto da estudante mineira, estará, por exemplo, a renomada norte-americana Dra. Cady Coleman, astronauta norte-americana, com mais de 180 dias no espaço, obtidos durante duas missões em space shuttles e em uma expedição de seis meses à Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês), em que foi líder de robótica e Lead Science Officer.

Laysa, vale dizer, também já possui marcos astronômicos em seu currículo, a despeito de sua juventude. A estudante universitária concedeu uma entrevista exclusiva ao site Aventuras na História em ocasião do aniversário de 53 anos da chegada do homem à Lua, comemorado nesta quarta-feira, 20. Entenda abaixo como, aos 18, a mineira já se tornou uma das pioneiras científicas do Brasil.  

Paixão pelas estrelas

Ilustração que imagina Laysa na Lua / Crédito: Divulgação/ Instagram/ @mrs.delart

A jovem, que nasceu na cidade mineira de Contagem, teve sua curiosidade pelos segredos do Universo despertada ainda cedo, através de obras ficcionais como Star Trek e Star Wars, assim como a série documental "Cosmo", que era apresentada pelo famoso astrônomo Carl Sagan

Eu fiquei maravilhada ao ver aquelas lindas imagens do Universo. Desde aquele momento, isso ficou na minha cabeça, eu queria entender como o Universo funcionava", contou Laysa, que entrou em contato com esses programas aos 9 anos de idade. 

Esse fascínio pelo espaço sideral motivou a mineira a participar, mais tarde, de olimpíadas nacionais e internacionais de astrofísica e astronomia, colecionando medalhas de prata e de bronze para provar sua habilidade. 

O evento a lhe conceder mais reconhecimento, contudo, ocorreu em agosto de 2021, quando Laysa foi capaz de fazer sua própria descoberta astronômica ao participar da campanha "Caça Asteroides", lançada pela NASA e pelo programa científico IASC. 

Descoberta astronômica

"Foram muitos meses analisando diferentes pacotes de imagem, enviando relatórios, foram muitas horas dedicadas", descreveu a respeito do processo.

Seu esforço, felizmente, foi recompensado: "(...) Ao entrar no site oficial do programa, me deparei com o meu nome e com a minha detecção, o asteroide LPS0003. Fiquei muito feliz e na hora nem acreditei direito", relembrou Laysa

Ela enfatizou que a demorada atividade de detecção de asteroides possui uma grande importância para a astronomia, uma vez que é necessário calcular possíveis rotas de colisão destas rochas espaciais com a Terra.  A mineira recebeu a oportunidade de realizar um treinamento de astronauta na sede da agência espacial norte-americana. 

Fui tripulante da Expedição 36 do Advanced Space Academy e foi extraordinário. Tive aulas teóricas da física das missões espaciais, aulas de astrofísica e astronáutica, aulas sobre as missões espaciais de frente aos artefatos originais que foram ao espaço, conheci e conversei com astronautas veteranos da Nasa, e muito mais!", relembrou a jovem a respeito do período nos EUA. 

Sua parte favorita do treinamento de astronauta foi a realização de mergulhos em 24 metros de profundidade, que tinham o objetivo de "simular operações em condições de microgravidade". 

Laysa teve, por fim, a chance de testar seus aprendizados através de três missões diferentes, que ocorreram em uma réplica da Estação Espacial Internacional (ISS).

Fotografias de Laysa no local / Crédito: Divulgação/ Arquivo Pessoal

Vestir o traje de astronauta foi o momento mais singular e emocionante da minha vida, senti algo indescritível", desabafou. 

A estudante de Física possui o sonho de ser a primeira mulher brasileira a se tornar astronauta, e o programa na Nasa sem dúvida lhe deixou mais perto de alcançar essa meta histórica. 

Para se inspirar nessa trajetória, ela conta ainda com modelos comoAnnie Jump Cannon, uma astrônoma que viveu entre o final do século 19 e início do 20, e é a pessoa que mais catalogou estrelas na História da humanidade. 

Os documentos deixados para trás pela pesquisadora, que identificou cerca de 300 mil astros, estão sendo transcritos por Laysa como parte de um importante projeto científico. 

Fotografia da importante astrônoma / Crédito: Domínio Público

O futuro da ciência

Segundo Laysa Peixoto, estamos atualmente vivendo uma "revolução científica", e as imagens recentes do Universo feitas pelo telescópio James Webb são um exemplo recente do potencial astronômico deste período descrito pela estudante como "fascinante". 

Através do James Webb, iremos responder às dúvidas que nos acompanham desde os primeiros capítulos da história da humanidade no planeta, vamos compreender melhor a evolução do Universo e a formação de suas primeiras estruturas (...) Estamos vivendo uma verdadeira revolução científica, muitas descobertas virão através deste telescópio", afirmou ela. 

A jovem compartilhou ainda sua visão a respeito da participação das mulheres no campo científico, que é muito menos lembrada pela História do que as contribuições masculinas. 

"Desde Hipátia de Alexandria à Rosalind Franklin, milhares de mulheres fizeram descobertas que mudaram o mundo, o grande problema é que elas foram apagadas da história propositalmente ou tiveram suas descobertas roubadas por homens. Precisamos contar a história dessas cientistas à nossa geração e às futuras gerações. Não existe uma história da ciência sem as mulheres, muito menos um presente ou futuro", concluiu Laysa

A mineira, além de estar no caminho para consolidar um lugar ao lado destas grandes cientistas do passado, já tem suas próprias dicas para oferecer às próximas garotas que quiserem se juntar ao campo de estudo do Universo: 

"Seja curiosa e pesquise por projetos e oportunidades de se envolver com Astronomia, como olimpíadas científicas, competições, projetos da Nasa, entre outros. Existem alguns cursos de Astronomia disponíveis gratuitamente na internet que são essenciais para quem está começando e para quem deseja se aprofundar no assunto, como os cursos do canal Astrofísica para todos", contou.