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Matérias / Bizarro

Lazer, incentivo e cura: a polêmica Prisão de Bastoy, na Noruega

Considerada a mais "bonita" do mundo, a cadeia não aplica penas de morte ou sentenças perpétuas e ainda conta diversas atividades de lazer, como pesca, futebol e tênis

Pamela Malva Publicado em 04/08/2020, às 17h59

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Preso e agente carcerário cantando juntos na Prisão de Bastoy - Divulgação/Youtube
Preso e agente carcerário cantando juntos na Prisão de Bastoy - Divulgação/Youtube

Algumas das prisões mais famosas do mundo são conhecidas por seus sistemas impenetráveis, regras rígidas e cárcere de segurança máxima. De Alcatraz até Carandiru, o senso comum acerca das cadeias segue um padrão singular.

Em sentido contrário ao resto do mundo, no entanto, a Prisão de Bastoy, na Noruega, apresenta condições bem diferentes das de Tremembé, por exemplo. Para começar, a enorme instalação fica na Ilha de Bastoy e ocupa uma área de 2,5 km2.

Muito além de um complexo presidiário, a cadeia norueguesa é formada por uma verdadeira comunidade, com igreja, escola e mercado. Entre belas árvores e uma flora típica do país, a Prisão de Bastoy é considerada a mais "bonita" do mundo.

Vista superior da Ilha de Bastoy e suas instalações / Crédito: Divulgação/Youtube

Panelas quentes

Tudo começa no quarto de cada preso. Enquanto, no Brasil, regalias são reservadas apenas para aqueles que burlam o sistema, em Bastoy, os criminosos têm computadores modernos, camas confortáveis e múltiplos artigos pessoais.

Vivendo em uma micro sociedade, os homens em cárcere pagam sua sentença em casas aconchegantes que os protegem do frio. Cada um com seu próprio aposento, todos dividem a mesma cozinha e outras instalações de lazer.

Na hora das refeições, eles contam com um almoço fornecido pelo Estado. Se quiserem outros alimentos, contudo, os próprios presos devem comprar os ingredientes em um supermercado e preparar seus banquetes sozinhos. Nesse sentido, eles recebem um subsídio de cerca de US $ 90 por mês, que cobre tais despesas básicas.

Preso se alimentando ao lado de agente carcerário / Crédito: Divulgação/Youtube

Rotina frenética

De barriga cheia, após almoços com os agentes carcerários da prisão — que mais parecem assistente sociais —, os presos podem gastar seu tempo como bem entenderem. Em um dia, eles podem jogar uma partida de tênis, enquanto, no outro, podem, segundo a CNN, passear a cavalo, tomar sol ou até mesmo pescar.

Mas não pense que o tempo em cárcere é gasto apenas com lazer. A Prisão de Bastoy ainda oferece diversos cursos, programas de educação e treinamentos para aumentar a qualidade de trabalho e as habilidades dos presos.

A ideia é fazer com que, quando voltarem para a sociedade, eles possam colocar em prática tudo aquilo que foi aprendido na prisão. Assim, os presos desempenham os papéis de agricultores, cuidadores de cavalos e até zeladores das instalações da ilha — pelos serviços, inclusive, eles ganham cerca de US $ 8 por dia.

Presos em refeição comunitária / Crédito: Divulgação/Youtube

Planejamento no papel

De acordo com os últimos dados, a Ilha Bastoy já conta com 115 presos e 69 funcionários — destes, apenas cinco permanecem na prisão à noite. Entre os encarcerados, a diretoria da instituição já registrou desde assassinos, até estupradores.

Para Arne Kvernvik Nilsen, que gerenciou a prisão por cinco anos, Bastoy é um lugar de cura. “Não apenas de suas feridas sociais, mas também das feridas infligidas pelo Estado”, contou a ex-diretora ao The Guardian, em 2013.

Esse ponto de vista, no caso da cadeia, acaba sendo bem coerente. Enquanto a Noruega, em sua totalidade, conta com a menor taxa de reincidência da Europa — cerca de 30% —, a Prisão de Bastoy apresenta um índice de 16%. Ainda mais, sob o ponto de vista financeiro, a instituição segue no topo: é uma das prisões mais baratas da Noruega.

Um dos presos de Bastoy tomando sol / Crédito: Divulgação/Youtube

Vingança e correção

Embora seja bastante positiva em diversos aspectos, a Prisão de Bastoy ainda gera muitas polêmicas. Considerada progressiva, a instalação acredita que a perda da liberdade é a única punição que deve ser infligida pelo Estado.

“Temos respeitar a necessidade de vingança das pessoas, mas não usá-la como base de administração das nossas prisões”, reiterou Nilsen. Dessa forma, a Prisão de Bastoy não conta com pena de morte, nem com sentenças perpétuas.

Com vistas maravilhosas, refeições preparadas à mão e um dia-a-dia tranquilo, então, os presos de Bastoy mostram-se dispostos a melhorar. "Para as vítimas, nunca haverá uma prisão dura o suficiente. Mas os familiares precisam de outro tipo de ajuda”, afirma Nilsen. Para ela, o caminho não é, nem nunca será, o da retaliação.

Confira mais fotos da polêmica Prisão de Bastoy, na Noruega:

Vista geral das instalações da prisão / Crédito: Divulgação/Youtube

Uma das instalações de Bastoy / Crédito: Divulgação/Youtube

Uma das fachadas da Prisão de Bastoy / Crédito: Divulgação/Youtube


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