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Matérias / Personagem

Lee Harvey Oswald na URSS: a singular visita do homem que tirou a vida de JFK ao país socialista

Oswald desertou do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e foi morar em Minsk. Mas como foi sua estadia no país que era inimigo dos americanos?

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 08/02/2021, às 18h00 - Atualizado em 14/04/2022, às 09h00

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Lee Harvey Oswald, acusado de assassinar o presidente norte-americano Kennedy - Getty Images
Lee Harvey Oswald, acusado de assassinar o presidente norte-americano Kennedy - Getty Images

Quando John F. Kennedy foi assassinado, em 22 de novembro de 1963, Lee Harvey Oswald foi apontado como o responsável por dar os tiros fatais no presidente americano. Apesar das provas controversas contra ele, um dos pontos que o ajudou a incriminá-lo foi o período de dois anos que Oswald morou na União Soviética.  

Isso serviu para teorizar que Lee Harvey poderia ser um agente trabalhando para o governo russo ou algo do tipo. Mas, afinal, como foi a estadia de Oswald na URSS durante esse período? 

Uma coisa que sabemos de concreto é que ele se mudou para Minsk, capital da Bielorrússia, que na época era uma república soviética, depois que desertou do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. Isso foi no auge da Guerra Fria.  

Entretanto, um ponto curioso nessa história toda, que pode corroborar com sua afirmativa de que era apenas um bode expiatório é que, apesar dele ter desertado para um país que era uma superpotência socialista e ainda se declarar marxista, Oswald ainda assim foi aceito de volta nos EUA sem maiores complicações.  

A carreira de Lee Harvey

Para desmembrar essa história, o jornalista Vicente Dowd, apresentador do programa de rádio Witness, da BBC, examinou alguns arquivos da época e também entrevistou o escritor Anthony Summers, autor do livro Not in Your Lifetime: The Defining Book on the JFK Assassination. 

Oswald com cerca de 20 anos, vestindo capacete do Exército / Crédito: Getty Images

Assim, vamos mostrar alguns pontos interessantes: Lee Harvey tinha apenas 17 anos, em 1956, quando se alistou no Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. Ainda quando era jovem, em seus primeiros anos por lá, serviu na base aérea da Marinha no Japão, mais precisamente em Atsugi, como operador de avião. Por lá, ele atuou em uma das operações mais sigilosas da Guerra Fria, o projeto dos aviões de espionagem U-2.  

Logo depois, ele foi realocado para as Filipinas. Foi neste período em que começou a aprender russo e se declarou adepto da ideologia de Karl Marx. "Era algo extraordinário a se fazer na morada do patriotismo, o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. E o corpo de fuzileiros não parecia se importar", diz Summers. "Um dos primeiros sinais que sugerem que as coisas não eram como pareciam ser".

Sobre esse ponto, Anthony questiona se Oswald estava apenas fingindo ser marxista, talvez, com o intuito de chamar a atenção de mais pessoas, indo além do Corpo de Fuzileiros. O fato é que, dois anos depois, ele desertou e entrou em um navio em direção à Europa.  

"Ele reservou uma passagem de navio em um cargueiro que levava alguns passageiros. Chegou a Le Havre, na França, pegou um avião para Helsinki, na Finlândia, e foi até o consulado soviético", explica o escritor, que teoriza que o fato dele ter servido no projeto do U-2 possa ter sido um atrativo valioso para os soviéticos.  

"Mas, ao mesmo tempo, ele poderia ser alguém enviado pela CIA para passar informações incorretas e talvez dificultar o abate das aeronaves U-2", ressalta. Isso fez com que, ao mesmo tempo, os russos tivessem um grande interesse em recebê-lo, porém, ainda assim estivessem com um pé atrás. Independente disso, ele acabou tendo sua entrada autorizada.  

Mas o que ele realmente fez todo esse tempo em Minsk? 

Quando chegou em Moscou, foi logo para a embaixada americana, onde declarou que estava aderindo à causa comunista. "Ele colocou um pedaço de papel na minha mesa, e disse: 'Vim revogar minha cidadania americana. Eu solicitei cidadania soviética'", revelou, anos depois, o cônsul americano Richard E. Snyder.  

Porém, Lee Harvey não teria feito apenas isso, além de renunciar publicamente à cidadania americana, ele também teria dito ao cônsul que entregaria todos os segredos militares aos soviéticos assim que se tornasse um cidadão russo.  

Depois de Moscou, ele foi enviado até Minsk. Por lá, lhe arrumaram um emprego em uma fábrica de rádio, onde recebia um bom salário. Lee Harvey vivia em um confortável apartamento no centro da cidade. Na região, em um baile, ele conheceu sua futura esposa, Marina Prusakova; os dois se casaram em cerca de seis semanas.  

Fotografia de Lee Harvey Oswald / Crédito: Wikimedia Commons

"Depois do baile, alguém me disse que ele era da América. E, claro, os estudantes e jovens russos são muito curiosos em relação à outra parte do mundo. Foi uma noite adorável, de muitas perguntas. Simplesmente fascinante", disse Marina, em 1978, em entrevista à BBC. "Ele me levou para casa e começamos a namorar depois disso". 

Porém, apesar desse suposto ‘amor à primeira vista’, Summers não acredita que a relação do jovem casal tenha acontecido por acaso. Segundo conta o escritor, Ernst Titovets, que era estudante de medicina e teria sido o responsável por ser o cupido dos dois, disse que havia algo de estranho na abordagem que eles tinham um com o outro. 

Assim, ele sugere que Marina só se aproximou de Oswald por intermédio da KGB, em uma tática conhecida como ‘armadilha de mel’. "Eles esperavam que em uma situação íntima, Oswald fosse mais franco em relação ao seu passado e sobre o que ele estava realmente fazendo lá, do que seria com estranhos", diz o escritor.  

De volta aos EUA

A única coisa que se sabe é que, do nada, Lee Harvey disse que estava cheio da União Soviética e resolveu voltar aos Estados Unidos dois anos e meio depois de ter desertado. O mais curioso disso tudo é que a embaixada americana não colocou nenhum empecilho para seu retorno. Isso fez com que muitos considerassem a decisão como “inexplicável”. Porém, outros teorizam que sua estadia na URSS foi somente uma armação.  

Questionada, anos depois, em entrevista à BBC, sobre o motivo dos soviéticos terem permitido que ambos deixassem o país, Marina disse: "Bem, aparentemente os russos não o queriam lá. Porque parecia que ele era um criador de problemas. Então eles provavelmente ficaram felizes em se livrar dele. E era para seu país que ele estava vindo. Além disso, ele não era tão valioso para os russos". 

Essa versão é corroborada por Anthony, porém, o escritor diz que a versão oficial apresentada pelos americanos não bate com tudo isso. Afinal, Harvey não só foi aceito de volta sem maiores dificuldades, como também não foi interrogado quando voltou da União Soviética. "Lembre-se que quando ele desertou, ele disse que entregaria tudo o que sabia sobre os aviões de espionagem U-2 aos soviéticos”, questiona.  

Oswald sendo escoltado pela polícia em 22 de novembro de 1963 / Crédito: Getty Images

Quando voltou aos EUA, Oswald ainda se declarava marxista. Inclusive, passou a se envolver muito mais com política. Assim, poucos meses depois, quando tinha 24 anos, foi acusado de ser o responsável pelo assassinato de JFK

Apesar de se declarar inocente, Lee Harvey Oswald não teve muitas chances de se defender. Acabou sendo assassinado dois dias depois da morte de Kennedy por Jack Ruby, dono de um bar local que supostamente tinha ligação com a máfia. Oswald foi morto a tiros quando chegava no Departamento de Polícia de Dallas. A mórbida cena foi mostrada ao vivo na televisão, que transmitia sua chegada ao local. 


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