Com ilustrações falsas, o livro tentava afirmar que o movimento negro estava promovendo guerra aos brancos e policiais. Confira as imagens!
Em 1968, a circulação de um livro insólito causou polêmica nos Estados Unidos. As famílias de classe média foram surpreendidas por Black Panther Coloring Book (O Livro de Colorir dos Panteras Negras) e suas páginas com ilustrações de policiais – representados como porcos – sendo atacados por homens negros que portavam facas e armas de fogo.
No entanto, tudo não passou de uma tentativa do FBI de desmoralizar o partido dos Panteras Negras, uma organização maoísta para defesa do direito dos negros.
Os afro-americanos que moravam na América do Norte não viviam em boas condições. Sofriam com a gritante desigualdade econômica e social. As cidades onde moravam eram caracterizadas pela pobreza e falta de serviços públicos.
O desemprego e, principalmente, a violência fizeram eclodir revoltas urbanas em 1960 e, consequentemente, o uso da violência policial para "impor a ordem".
Nesse contexto e com o trágico assassinato de Malcolm X em 1965, os alunos Huey Newton e Bobby Seale, do Colégio Merritt Junior, em Oakland, fundaram o Partido dos Panteras Negras para Autodefesa em outubro de 1966.
Encurtando o nome para apenas Panteras Negras, tinham como principal objetivo garantir os direitos da população negra. Assim, patrulhavam os guetos para proteger os moradores da violência e da opressão exercida por policiais. O movimento se espalhou nos EUA e, quanto mais crescia, mais o governo os enxergava como uma ameaça.
Constantes tiroteios com a polícia e conflitos internos resultaram em escândalos e, principalmente, na perseguição pelo FBI. Edgar Hoover, então diretor do serviço de inteligência, descreveu o partido como a maior ameaça à segurança interna do país.
Hoover liderou um controverso programa de contrainteligência, caracterizado por táticas ilegais para derrubar os líderes dos Panteras Negras, manchar a reputação do partido e, ao mesmo tempo, incriminar seus membros. Dentre as tentativas surgiu o tétrico livro de colorir.
As páginas mostram pessoas negras que vieram da África para a América atacando e matando policiais com facas enormes. Nas páginas seguintes, as ilustrações ficaram ainda piores.
Foram desenhadas crianças negras apontando armas de fogo para os guardas. Enviado para as famílias dos EUA e com a falsa autoria do Panteras Negras, o livro causou uma verdadeira indignação. Essa e outras táticas do programa só foram consideradas ilegais em 1975, após as investigações da Comissão Church.
Confira algumas das ilustrações: