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Matérias / Estados Unidos

Guerra racial: Há 100 anos, acontecia o massacre de Tulsa, nos EUA

Quando um jovem negro foi acusado injustamente, a pequena cidade americana entrou em um conflito brutal

Caio Tortamano Publicado em 11/06/2020, às 17h35 - Atualizado em 03/06/2021, às 07h30

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Cidade de Tulsa em chama em 1 de junho de 1921 - Wikimedia Commons
Cidade de Tulsa em chama em 1 de junho de 1921 - Wikimedia Commons

Um mal-entendido em um elevador. Ninguém acreditaria que foi em uma situação como essa que uma cidade no interior dos Estados Unidos, no ano de 1921, entraria numa guerra. Dick Rowland, um rapaz negro de 19 anos, saiu correndo depois que Sarah Page, uma moça branca de 17, começou a gritar enquanto estava no seu trabalho de ascensorista.

Não ficou claro o que Rowland — que trabalhava como sapateiro — teria feito contra a menina. É apontado que o jovem entrou no elevador com o objetivo de chegar ao banheiro de uso único para negros. Acabou tropeçando e segurou o braço da menina para não cair. Foi suficiente para o espetáculo de Page.

As investigações policiais não revelaram nenhum relato dado pela garota, no entanto, é comumente difundido historicamente não ocorreu nada de teor sexual, muito menos violento. Tanto que Page sequer prestou queixa.

Fuga e prisão

Com medo da repercussão que toda a história poderia trazer, Rowland — que já tinha medo da brutalidade dos policiais da cidade de Tulsa, em Oklahoma — fugiu para a casa da mãe, em uma outra região do município.

Cidade de Tulsa em chama depois da rebelião / Crédito: Wikimedia Commons

Apesar desse breve desvio, os policiais encarregados pela investigação encontraram facilmente Rowland, e o detiveram. Levado para a cadeia de Tulsa, uma ameaça anônima dizia que a vida do rapaz estava em perigo, assim ele foi transferido para outra cela.

O episódio repercutiu na pequena cidade, que era conhecida por ter uma das comunidades negras mais bem sucedidas de todos os Estados Unidos. Tanto que muitos advogados negros, que conheciam a índole do sapateiro, o defenderam em conversas pessoais.

O Tulsa Tribune, jornal de editorial da população branca, publicou uma manchete escrita “Negro ataca garota em elevador”. Na edição, um aviso ainda alertava para o linchamento em potencial de um grupo de homens brancos contra o rapaz.

Dia de crime

Ou “Linchamento de preto hoje à noite” (em tradução livre). Essa era a manchete da nota que indicava uma possível violência. Pode ter sido, também, um dos motivos que desencadearam o que aconteceria mais tarde.

Diante da insólita publicação, autoridades locais começaram a ficar tensas. Como consequência, várias pessoas brancas se aglomeraram perto do tribunal, formando praticamente um grupo com o objetivo de seguir o que a manchete descreveu.

Guarda Nacional dando assitência a feridos / Crédito: Wikimedia Commons

O xerife da cidade, Willard M. McCullough, estava determinado a não permitir que o rapaz morresse nas mãos dos violentos cidadãos. Enquanto isso, os negros da cidade não se decidiam a respeito de qual método utilizar para combater o triste episódio.

Os jovens veteranos da Primeira Guerra estavam prontos para o combate armado, enquanto os mais velhos — e ricos — acreditavam não ser essa a solução adequada.

Os jovens armados foram até o tribunal para oferecer ao xerife a proteção necessária para Rowland. Vendo isso — e temendo uma represália — mais de mil cidadãos brancos voltaram para suas casas e buscaram armas. A cidade mergulhou num verdadeiro caos; e tudo piorou quando um tiroteio ganhou vida na frente do tribunal.

Caos

Não se sabe ao certo como teria começado. Alguns relatos apontam que um disparo acidental iniciou a troca de tiros, gerando a morte de brancos e negros. Os defensores de Rowland estavam em menor número e recuaram, enquanto os apoiadores do linchamento saqueavam lojas para conseguir armas e munições.

A Guarda Nacional foi convocada para tentar conter o conflito, se opondo, principalmente, a frente negra da batalha. Muitos inocentes foram levados pelos militares até um edifício do governo para detenção. A partir daí, a situação, já caótica, saiu de vez do controle. Negros estavam sendo arrastados com cordas em seus pescoços, incêndios prosseguiram durante as primeiras horas da manhã.

Bairro negro em Tulsa completamente carbonizado / Crédito: Wikimedia Commons

Os principais alvos desses incêndios, como era de se imaginar, foram comércios e estabelecimentos de famílias negras. Uma multidão branca passou a marchar para os bairros, que revidaram com tiros, que logo eram abafados diante da multidão branca que tomava as ruas.

Muitos fugiram pelas suas vidas, já que os manifestantes estavam invadindo casas e matando indiscriminadamente moradores inocentes. Pelo menos seis aviões foram usados com homens armados de rifles, atirando e lançando granadas incendiárias em qualquer um que encontrassem para suprimir uma suposta revolta negra.

Ao final do confronto, que durou a manhã do dia posterior ao do julgamento de Rowland, a zona comercial de Greenwood, principal bairro da cidade, havia sido completamente destruído. Não existe um consenso sobre o número de vítimas que o triste episódio causou, com números variando de 30 pessoas até 300, sendo a a maior parte negros.

O pivô de toda essa situação, Dick Rowland continuou na cadeia, sendo levado para fora da cidade em segredo, tendo todas as suas acusações retiradas. No entanto, o homem nunca mais voltou para Tulsa.


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