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Matérias / Personagem

Mamoudou Gassama, o 'Homem-Aranha' da vida real

Em 2018, o jovem imigrante Mali protagonizou um resgate inacreditável motivado por um ato de bravura

Alana Sousa Publicado em 04/11/2020, às 17h00

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Mamoudou Gassama, em entrevista - Divulgação/Youtube/Euronews
Mamoudou Gassama, em entrevista - Divulgação/Youtube/Euronews

Quando completou 15 anos, Mamoudou Gassama embarcou em uma jornada pela África rumo à Europa. Nascido em 1996, no Mali, o jovem cresceu em uma pequena aldeia perto da capital de Bamako, até que decidiu buscar uma nova vida e uma eletrizante aventura no velho continente. Mal sabia ele que, anos depois, seu nome seria conhecido ao redor do mundo ao protagonizar um dos maiores atos de bravura da década.

Mamoudou passou por Burkina Faso, Líbia, Níger — e mesmo pelo deserto do Saara — até chegar à Europa em 2014. Sobre sua fatídica viagem, ele contou para o jornal diário Financial Times, em 2019: “Você não tem muita água, está muito quente, o sol está bem acima de você. Algumas pessoas não chegam à Líbia, morrem no trajeto”.

Sua primeira parada foi a Itália, onde ficou no campo de refugiados, Sicília, até se mudar para Roma. Assim como muitos outros imigrantes ilegais, sua vida na capital italiana não era fácil. Sozinho na cidade, Gassama tinha dificuldade até mesmo de conseguir emprego, já que em sua terra natal trabalhava na colheita de milho com a família e não frequentava a escola.

Após três anos em Roma, decidiu se juntar aos três irmãos mais velhos em Paris. Sobre a realidade da imigração, Mamoudou diz que na Líbia é onde existe uma das piores condições, principalmente para negros africanos. “Eles batem em você, colocam você na cadeia, matam algumas pessoas e colocam algumas pessoas na escravidão. Há muito racismo aí”, explicou.

Mamoudou Gassama / Crédito: Divulgação/Youtube/Euronews

O resgate em Paris

A vida era tranquila em comparação ao que o malinês já tinha experienciado, morava em Montreuil, um subúrbio ao leste de Paris. Porém, foi no dia 26 de maio de 2018, quando ele tinha 23 anos, que um acidente quase fatal mudou tudo. Nas primeiras horas da tarde daquele sábado, o jovem se dirigia para a casa de um amigo para assistir a final da Liga dos Campeões quando uma cena lhe chamou a atenção.

“De repente, vi muitas pessoas olhando para cima e algumas chorando. E então eu vejo uma criança”, relembra. Ao caminhar pelo 18° distrito de Paris, Gassama notou o menino de quatro anos que estava pendurado em uma sacada de um edifício, quase caindo.

Sem hesitar, ele escalou sacada por sacada, com suas próprias mãos, até alcançar o quarto andar, onde conseguiu colocar o pequeno em segurança. O resgate inacreditável estava sendo gravado por diversos celulares, que rapidamente espalharam o vídeo do momento na internet.

Em pouco tempo, o ato de heroísmo de Mamoudou já tinha sido visto por milhares de pessoas, e as visualizações aumentavam a cada minuto. Os 30 segundos de coragem, que fez com que o homem escalasse o prédio sem pensar na própria segurança, lhe rendeu o apelido de Homem-Aranha dado pela prefeita da cidade na época, Anne Hidalgo.

Homem-Aranha da realidade

Seu nome era reproduzido em todos os lugares, Gassama tinha ganhado uma fama que jamais havia sonhado ou procurado receber. Em uma de suas raras aparições na mídia, ele declarou ao jornal francês Le Parisien: “Eu não pensei sobre o perigo”.

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O resgate / Crédito: Divulgação/Youtube

O resgate era aplaudido tanto por personalidades da mídia, como por seus amigos e familiares, e acabou em um encontro inusitado com o presidente da França, Emmanuel Macron. Ao saber sobre o episódio que poderia ter acabado da pior forma, se não fosse a interferência do imigrante, o governante conversou com Mamoudou, foi agraciado com a Medalha de Honra por Coragem e Devoção, além de obter a cidadania francesa. “Nunca pensei, em qualquer momento da minha vida, que encontraria o presidente ou iria ao Palácio do Eliseu”, disse ele para o FT.

Um mês depois recebeu o prêmio humanitário, Black Entertainment Television Awards , em Los Angeles, Estados Unidos. A reputação do malinês apenas crescia, ele foi convidado pelo presidente de Mali para uma reunião. Nesta ocasião também reviu sua família, após quase 7 anos separados.

Além de toda aclamação, Gassama recebeu um estágio do corpo de bombeiros do país para iniciar na profissão, ao que ele aceitou com felicidade. Entretanto, ao mesmo tempo em que o herói do Mali era aplaudido, detalhes sobre aquele dia ainda ressoavam na mídia.

A criança, mesmo sendo salva, alertou as autoridades para os perigos da negligencia paternal. Uma investigação revelou que o menino estava sozinho em casa enquanto seu pai tinha ido às compras e sua mãe estava em uma viagem. Mais tarde, o homem foi condenado, mas sua identidade foi preservada.

Quanto ao Homem-Aranha da vida real, sua jornada teve um novo início, agora vivendo legalmente em Paris e admirado ao redor do globo. “Agora sou um francês e um homem do Mali”, concluiu com alívio.


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