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Matérias / Entretenimento

Marighella realmente foi baleado em um cinema?

Evento foi mostrado no filme de Wagner Moura, que estreou no último dia 4 nos cinemas

Isabela Barreiros Publicado em 08/11/2021, às 16h36

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Seu Jorge em "Marighella" e Marighella resistindo à prisão no Cine Eskye-Tijuca, Rio de Janeiro - Divulgação/O2 Filmes/Fundo Correio da Manhã do Arquivo Nacional
Seu Jorge em "Marighella" e Marighella resistindo à prisão no Cine Eskye-Tijuca, Rio de Janeiro - Divulgação/O2 Filmes/Fundo Correio da Manhã do Arquivo Nacional

Na última semana, os cinemas brasileiros finalmente reproduziram o filme “Marighella”, que marca a estreia de Wagner Moura como diretor. Após dois anos de atraso no lançamento, a produção já ocupa a quarta posição na bilheteria nacional, tendo sido visto por quase 70 mil pessoas, segundo dados da Comscore.

Com Seu Jorge no papel do guerrilheiro, o longa-metragem é inspirado na biografia escrita pelo jornalista Mário Magalhães sobre Marighella, "Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo" (2012), mas mistura elementos da realidade com ficção para a construção da narrativa.

Isso fez com que muitos espectadores se questionassem se os personagens e eventos mostrados no filme são, de fato, condizentes com o que aconteceu nos últimos anos de vida do político, poeta e militante. Uma cena que chamou a atenção foi, por exemplo, o atentado contra Marighella dentro de um cinema no Rio de Janeiro.

Evento real

Seu Jorge e Wagner Moura durante gravação do filme / Crédito: Divulgação/Globo Filmes

Embora Wagner Moura tenha usado de licenças poéticas para contar a história no longa-metragem, a tentativa de prisão de agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) contra Marighella no Cine Eskye-Tijuca, na capital do Rio de Janeiro, realmente aconteceu, contudo, com algumas diferenças. 

O guerrilheiro narrou o episódio no livro “Por Que Resisti à Prisão” (1965) e toda a cena foi testemunhada pelas pessoas que estavam presentes no local, quando agentes invadiram o estabelecimento em maio de 1964, poucas semanas depois de o Brasil ter sido tomado pelos militares com um golpe de Estado.

Marighella havia combinado de encontrar a zeladora de seu prédio, Valdelice, na frente do cinema para conseguir pegar algumas peças de roupa, visto que estava desaparecido havia mais de um mês desaparecido, em um período extremamente conturbado da história do país, em que ele estava sendo perseguido.

Notou que um homem estava vigiando a mulher, sem perdê-la de vista. O plano era encontrá-la em frente ao local, mas teve que improvisar, comprou dois ingressos e entraram para a sessão. Ele estava desarmado e pensava em como iria escapar da tocaia que havia se instalado tão rapidamente.

Cena de "Marighella" / Crédito: Divulgação/O2 Filmes

O militante se misturou à plateia da sala de cinema, pensando na rota de fuga, enquanto percebia que aquela era uma matinê, cheia de jovens. No entanto, não teve nem tempo de pensar muito até o término do filme, pois os agentes do Dops invadiram a sessão, acendendo as luzes e interrompendo a projeção.

Marighella foi abordado por quatro policiais enquanto ainda está sentado no cinema e, como indicou no título de seu livro, resistiu à prisão. Com um revólver calibre 38 apontado por um dos oficiais, gritou:

Matem, bandidos! Abaixo a ditadura militar fascista! Viva a democracia! Viva o Partido Comunista!”.

E recebeu um disparo à queima roupa. O tiro foi na altura de seu peito, cuja bala entrou pelo tórax, saiu pela axila e se alojou no seu braço esquerdo. Mesmo ferido, lutou contra os oficiais, jogando para longe a arma com um golpe e arrebentando uma cadeira do local com outro.

Mesmo sem mandado de prisão contra ele, o militante foi levado pelos policiais, sobrevivendo aos ferimentos de bala e tendo sua prisão registrada por um jornalista do Correio da Manhã, que divulgou a truculência policial. Ele permaneceria preso sob a ditadura militar até o ano seguinte.

E no filme?

Essa é a história do que realmente aconteceu naquele dia de 1964 no Rio de Janeiro. No filme de Wagner Moura, o evento acontece de maneira bastante similar, com apenas alguns detalhes diferentes do que foi relatado por Marighella no livro e registrado pelos presentes no cinema.

Uma dessas diferenças é que, no longa-metragem, os policiais entram no cinema para prender Marighella com o filme ainda rodando no fundo e usam lanternas para observar o ambiente escuro; enquanto, na verdade, houve uma interrupção na sessão e todos os presentes observaram a invasão na sala.

Outro ponto é que, em “Marighella” o filho do comunista, Carlinhos, é visto observando toda a situação do carro. Não existem evidências de que isso de fato aconteceu; na verdade, é bem improvável que isso tenha acontecido.

As roupas levadas pela zeladora também não eram da criança, mas sim do guerrilheiro, visto que ele estava sofrendo com falta delas.


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