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Matérias / Personagem

Marjan: a triste história do leão que sobreviveu a guerras, invasões e maus-tratos

Praticamente abandonado em um zoológico no Afeganistão, o animal passou por brutais episódios até encontrar o descanso final

Caio Tortamano Publicado em 26/07/2020, às 08h00

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O leão sobrevivente Marjan - Divulgação - Youtube
O leão sobrevivente Marjan - Divulgação - Youtube

Sobreviver a guerras, invasões e até mesmo um ataque de granada não é uma tarefa fácil. Poucos veteranos de guerra têm histórias como essa. No entanto, o sobrevivente aqui revelado — e alvo de todos os episódios citados acima — é um leão.

O felino Marjan morava no zoológico de Cabul, capital do Afeganistão, e teve a sua história mundialmente repercutida quando sofreu uma denúncia de condições de vida precárias. O parque estava em ruínas, e o leão de mais de 40 anos de idade foi encontrado somente com um olho e curativos, um verdadeiro sobrevivente de guerra.

O cenário político do Oriente Médio todos já conhecem. Com diversos ataques promovidos por grupos dissidentes, e um conflito armado em seu próprio território contra as forças norte-americanas a vida é marcada pelo medo. E assim viveu o animal.

Os primórdios de Marjan pouco tem a ver com o ambiente no qual foi criado. O leão, nascido em 1976, foi um presente da Alemanha para o Afeganistão em 1978, pouco antes da guerra civil do país.

O país todo, e principalmente Cabul, foi tomado por um verdadeiro caos. Ao mesmo tempo, o zoológico da cidade estava simplesmente no meio do campo de batalha. Bombardeado diversas vezes, a instalação perdeu o seu centro médico, deixando os animais em situações críticas.

O leão sobrevivente Marjan / Crédito: Divulgação - Youtube

Então, assim como toda a população, o leão teve que enfrentar o conflito iniciado depois de um golpe de estado. Marjan foi, por muito tempo, o leão mais famoso do país, sendo portanto famoso entre a população local.

Atentado

Isso tornou o felino um alvo fácil, e certamente vulnerável. De acordo com o The Guardian, um membro do talibã, como forma de provar a sua coragem, quis enfrentar o leão invadindo a sua jaula em 1995. De imediato, o animal o atacou — uma vez que já sofria com a fome constante.

O corpo do invasor foi completamente dilacerado. Para o leão aquela foi uma refeição perfeita, mas que não demoraria para deixar marcas profundas em sua vida. No dia seguinte da morte do dissidente, o irmão da "vítima" foi até a jaula de Marjan e arremessou uma granada em direção ao pobre animal, como forma de vingança.

Os estilhaços da explosão atingiram diretamente o olho de Marjan, que perdeu o glóbulo ocular direito. Além disso, a crueldade deixou o animal manco e surdo até seus dias finais. Ele também sofreu ferimentos na boca, perdendo todos os dentes, assim impossibilitando que ele tivesse uma alimentação normal.

Direitos animais

A história repercutiu tanto, que ativistas dos direitos animais queriam a todo custo tirar Marjan daquelas condições precárias. Além disso, a atitude do talibã foi logo repudiada pela população, que atacou o autor da explosão até a sua morte. Ou seja, a vingança contra o pobre animal foi em vão. Mas os dias do leão seriam ainda mais tumultuados.

Em 1996, o Talibã invadiu a capital afegã, deixando o zoológico em condições precárias, praticamente abandonando os animais que lá estavam. Os funcionários não recebiam mais salários, e muitos foram atacados pelos residentes famintos do local.

Em 1998, apenas 19 animais restavam no local — onde um dia mais de 400 animais faziam a alegria da população afegã, apegada a essas espécies — incluindo Marjan e sua mulher, Chucha.

O leão sobrevivente Marjan / Crédito: Divulgação - Youtube

Quando os Estados Unidos invadiram o país, em 2001, a atenção da mídia ocidental pela história logo cresceu, e muitas organizações de direitos animais angariaram fundos para melhorias nas condições do leão, tais como a World Animal Protection e a Associação de Zoológicos e Aquários doaram quantias generosas para os cuidados de Marjan. 

Após seis semanas de bombardeio pelas tropas americanas, Chucha faleceu. Todavia, o companheiro sobreviveu e resistiu contra as condições precárias de sua vida, até janeiro de 2002, quando finalmente pôde encontrar um pouco de paz após tanta destruição.


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