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Matérias / Personagem

“Matar o índio, salvar o homem”: os horrores do genocida americano Richard Henry Pratt

Pregando um racismo travestido de civilidade, esse militar criou a primeira escola para aculturar indígenas nos Estados Unidos

André Nogueira Publicado em 03/05/2020, às 07h00

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Gal. Richard H. Pratt - Wikimedia Commons
Gal. Richard H. Pratt - Wikimedia Commons

Na primeira vez na História em que a palavra racismo foi usada, ela ocorreu em favor de um projeto racista e supremacista. A base disso é um conceito básico do imperialismo europeu e estadunidense: o projeto civilizatório.

O termo foi empregado por um general de brigada dos EUA, Richard Henry Pratt, o fundador e líder da Caliste Indian Industrial School, instituição da Pensilvânia responsável pelo ensino das práticas e assimilação de culturas consideradas americanas — típicas do padrão branco do colono de elite — para indígenas nativos.

Pratt era contra a segregação racial (o que ele cunhou de racismo em 1902), considerando que todos os habitantes dos EUA deveriam viver em conjunto, com as mesmas práticas. Por isso, ele ficou famoso pela frase “matar o índio, salvar o homem”, que resume seu conceito de aculturação dos indígenas.

Tranformação de um indígena americano / Crédito: Wikimedia Commons

Militar de carreira, ele entrou cedo no Exército, integrando às tropas de Indiana na Guerra Civil dos EUA. Foi no conflito que conheceu e casou-se com sua esposa e passou a integrar o comando administrativo das Forças Armadas, inicialmente como tenente da Cavalaria. Também passou a frequentar a Ordem Militar da Legião Leal dos EUA, um grupo de veteranos onde criou seus principais contatos políticos.

Pratt teve uma longa vida militar, sendo promovido a general em 1904, participando inclusive das guerras contra os índios. Porém, quando se encerraram as missões do governo contra as comunidades autóctones anos antes, a Procuradoria-Geral do país passou a defender que não deveria haver guerras abertas contra alas do país. Os índios aprisionados foram declarados prisioneiros de guerra e levados ao Fort Marion, Flórida, tendo Pratt como líder da operação.

Crédito: Wikimedia Commons

Pratt era um intérprete e já havia trabalhado com indígenas, e diante da situação em que estava, deu início a experiências de educação aos nativos como forma de manter a autoridade e integrá-los à comunidade. Então, na década de 1870, Pratt foi responsável pelas primeiras aulas de aculturação indígena, os ensinando inglês, artes, artesanato e guarda de prisioneiros. O projeto atraiu os olhos do governo, que deu substância ao seu programa.

Então, em 1878, Pratt fundou a primeira escola para indígenas dos EUA, em Carlisle, a Indian Industrial School. Sem reservas, ou seja, de acesso amplo, ela foi montada para dissolver os hábitos indígenas e integrá-los à sociedade civil urbana e capitalista, o que é hoje chamado de etnocídio.

Crédito: Wikimedia Commons

O programa de Pratt focou nos indígenas, mas o próprio general não pretendia se conter a eles: para seu plano, era necessário expandir os compromissos culturais ao descendentes de africanos, mexicanos, porto-riquenhos, polinésios, japoneses, vietnamitas e até mórmons. O objetivo era criar uma sociedade unânime de cristãos urbanizados sob a bandeira da civilidade e da pedagogia puritana.

Para ele, a assimilação cultural era a única forma dos indígenas e outras minorias terem legitimidade para reivindicarem cidadania plena nos EUA. Ou seja, todos deveriam sacrificar seus estilos de vida em nome da forma dominante de cultura e religião. Com isso, iria integrá-los ao mercado de trabalho e ao sistema político das “melhores classes”, em suas palavras.

Crianças indígenas / Crédito: Wikimedia Commons

E engana-se quem acha que essa forma de educação abria mão da violência. Com o discurso de que suas atitudes tinham um compromisso nobre, ele sancionou às suas tropas que recorressem ao espancamento em casos de índios que não quisessem falar o inglês ao invés de suas línguas originais. Mesmo assim, suas práticas eram consideradas progressistas, numa época em que os índios não eram considerados sequer seres humanos.

Pratt era um ferrenho opositor da ideia de uma segregação dos índios em reservas particulares. Sua posição polêmica, junto com suas denúncias sobre futuras reformas do serviço público o levou a ser aposentado compulsoriamente em 1904. Ele passou seus últimos 20 anos sem trabalhar, mas fazendo palestras sobre seus pontos de vista. Com um forte legado de apagamento de culturas indígenas, o general é ate hoje lembrado por sua liderança no genocídio da vida nativo-americana.


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