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Matérias / Arqueologia

Cabeças enterradas ao lado dos pés: Os esqueletos romanos decapitados da Fazenda de Knobb

Escavações realizadas no Reino Unido revelaram restos mortais que podem ter sido executados por um motivo tétrico, segundo estudo de 2021

Isabela Barreiros, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 12/06/2021, às 10h00 - Atualizado em 13/03/2022, às 10h00

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Crânio encontrado na Fazenda de Knobb, Reino Unido - Divulgação/Dave Webb - Cambridge Archaeological Unit
Crânio encontrado na Fazenda de Knobb, Reino Unido - Divulgação/Dave Webb - Cambridge Archaeological Unit

Entre 2001 e 2010, escavações intensas foram realizadas em três cemitérios romanos localizados em um terreno conhecido como a Fazenda de Knobb, em Cambridgeshire, no Reino Unido. 

Ao longo dos trabalhos, os restos mortais foram encontrados, apresentando características peculiares. Os pesquisadores da Universidade de Cambridge analisaram os restos mortais e publicaram suas considerações sobre o tema no último dia 19 na revista científica Britannia.

No local, estavam guardados 52 sepultamentos, contando com 17 esqueletos decapitados. Entre eles, estavam nove mulheres e oito homens. O que mais chamou a atenção dos arqueólogos foi o fato de muitos esqueletos estarem sem cabeça. 

Por isso, começaram uma investigação longa, e de extrema importância. Mais que decapitados, muitos corpos tiveram suas cabeças enterradas ao lado de seus pés.

Além disso, havia outra particularidade: algumas peças de cerâmica foram colocadas no local em que deveriam estar às cabeças dos indivíduos.

A maioria das pessoas tinha mais de 25 anos de idade quando foi enterrada há cerca de 1.700 anos. Muitos corpos foram colocados de bruços em suas sepulturas, outros já estavam de maneira diferente: dentro de caixões.

Execução pela lei romana

Esqueleto decapitado / Crédito: Divulgação/Dave Webb - Cambridge Archaeological Unit

A principal hipótese sugerida pelos pesquisadores para o fato de existirem tantas pessoas decapitadas no local é a de os indivíduos terem sido executados por violação das leis romanas. 

"Durante os séculos III e IV, as penalidades disponíveis sob a lei romana cresceram cada vez mais severas. O número de crimes que acarretaram a pena de morte cresceu de 14 no início do século III para cerca de 60 com a morte de Constantino em 337 DC", escreveram na pesquisa.

A pesquisa indica que, o aumento do crime, segundo a lei romana, aconteceu na época em que essas pessoas foram mortas e seus corpos enterrados. É possível que o período de instabilidade durante o Império Romano tenha levado o exército a aplicar penas mais severas em qualquer tipo de crime. 

Naquele momento, inúmeros conflitos e guerras civis explodiram no território, fazendo com que a preocupação com a segurança também aumentasse. Outra apreensão estava relacionada às invasões “bárbaras” nas regiões romanas.

Os cientistas coletaram ainda evidências arqueológicas de que o local da fazenda de Knobb era utilizado pelo exército romano como centro de abastecimento. As punições teriam sido graves para qualquer pessoa que quebrasse a lei naquela região.

Uma nobre decapitada?

Esqueleto decapitado / Crédito: Divulgação/Dave Webb - Cambridge Archaeological Unit

Embora tivesse sido decapitada, uma mulher, cujo esqueleto foi encontrado no cemitério, estava com inúmeros objetos valiosos em seu túmulo. Sua descoberta intrigou os arqueólogos, que encontraram um possível motivo para tal enterro.

"Uma mulher decapitada tinha de longe a coleção mais rica de bens mortuários, tendo sido enterrada com dois vasos e um colar de contas de carvão canelado. Segundo a lei romana, família e amigos podem solicitar a devolução do corpo de um criminoso executado para o enterro", explicou a arqueóloga líder das escavações, Isabel Lisboa, segundo o portal Live Science.

Opinião contrária

Outros pesquisadores opinaram sobre as considerações dos arqueólogos da Universidade de Cambridge. Para Simon Cleary, professor emérito de Arqueologia Romana da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, as execuções não estariam relacionadas à lei romana. 

"O que sabemos sobre os locais das execuções judiciais romanas sugere que eles ocorreram principalmente em cidades e vilas, como espetáculo público e por seu efeito dissuasor", explicou o especialista.

Ele relembra que seria difícil aplicar a lei romana em todo o território, especialmente em um local mais distante, como a fazenda em questão.

“Se [os sepultamentos decapitados] fossem o resultado de tal legislação, então seria de se esperar encontrar sepulturas de execução, particularmente decapitações, em todo o império. Isso simplesmente não acontece”, concluiu.


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