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Matérias / Segunda Guerra

Zoe Polanska-Palmer, a mulher que foi usada como cobaia pelos nazistas

A russa passou parte de sua adolescência sendo submetida à experimentos nazistas em Auschwitz, mas superou os horrores do holocausto contando sua história ao mundo

Giovanna de Matteo Publicado em 18/11/2020, às 16h00

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A russa Zoe Polanska-Palmer sofreu terríveis abusos na mão de médicos nazistas - Divulgação/HarperCollins Publishers Ltd
A russa Zoe Polanska-Palmer sofreu terríveis abusos na mão de médicos nazistas - Divulgação/HarperCollins Publishers Ltd

A russa Zoe Polanska-Palmer era ainda uma garotinha de apenas 13 anos quando foi levada para Auschwitz, um dos mais terríveis campos de concentração nazista. Por lá, ela foi submetida a diversos "experimentos" liderados pelo intimidador doutorMengele, um médico alemão que trabalhava para Hitler.

Assim como outras milhares de crianças, Zoe foi usada como cobaia para a ciência nazista. O seu médico particular se chamava Victor Capesius, um nome que ficou em sua memória e nos seus maiores pesadelos até o fim de sua vida.

Ela passou dois anos no campo de extermínio, onde era forçada a tomar inúmeros medicamentos farmacêuticos todos os dias, em razão de experiências que estudavam um novo programa de natalidade.

Josef Mengele, Anjo da Morte de Auschwitz em foto colorizada / Crédito: Wikimedia Commons

Sem esperanças, ela acreditava que sua vida teria o mesmo fim que a maioria das pessoas dali: a câmara de gás. No entanto, depois de dois anos que pareciam intermináveis e predestinados, ela foi resgatada por um médico russo e transferida para outro campo, em Dachau.

Mesmo com condições precárias, aos poucos ela foi se recuperando, e quando se viu forte o suficiente, decidiu que era a hora de escapar daquele lugar. Correndo perigo, mas determinada na sua missão, Zoe conseguiu fugir.

Ela fez seu caminho nos arredores da Europa Central até que foi pega novamente em uma estação de repatriação de russos que estavam sob controle alemão, durante a Segunda Guerra Mundial. Através do Acordo de Yalta, que ordenava a repatriação de cinco milhões de russos, Polanska-Palmer foi condenada para morrer em um dos campos de trabalho forçado soviéticos, conhecidos como "gulags". Porém, antes de ser enviada para lá, ela conseguiu escapar da morte mais uma vez.

Dali em diante ela viveu às escondidas esperando a queda das potências do Eixo na Guerra. Depois do fim, conheceu seu futuro marido, Arthur, e foi viver com ele na Escócia, na cidade de Broughty Ferry. Ela veio a falecer com pouco mais de 70 anos, e lutou até o fim pelos seus direitos de compensação aos horrores que sobreviveu durante o holocausto.

Um de seus maiores desejos era receber um pedido de desculpas da famosa empresa de remédios Bayer, companhia em que o doutor Capesius trabalhava, e que naquela época direcionava farmacêuticos para exprimentos nazistas quando ainda fazia parte do conglomerado IG Farben.

Capesius teria sido um grande ajudante de Mengele, participando ativamente e conduzindo vários experimentos genéticos que eram feitos principalmente em crianças. Além disso,  também tinha o poder de decidir quais prisioneiros poderiam ser úteis para a ciência, descartando o resto para a morte. Ele foi acusado de crimes de guerra e cumplicidade em 1963 no julgamento de Frankfurt, e acabou cumprindo pena na prisão.

Em um de seus depoimentos, Zoe recordou as dificuldades que tinha para tomar aspirina, e como ela desenvolveu alguns medos e traumas por ambientes médicos, mesmo depois de se passarem anos dos abusos que sofreu. "Recordo de um dos médicos segurando meu queixo e forçando as pílulas garganta abaixo. Ainda fico muito alerta quando vejo homens com jalecos brancos".

Segundo Wolfgang Eckhart, professor de história da medicina da Universidade de Heidelberg: "Os campos de concentração foram usados por um laboratório enorme para experimentação humana. ...Temos que olhar sobre os campos como postos de pesquisa farmacêutica. Os nazistas queriam esterilizar a população do leste, especialmente os russos, mas permitiram que eles continuassem sendo úteis como trabalhadores".

Capa do livro de Zoe Polanska-Palmer, 'Yalta Victim' / Crédito: Divulgação/HarperCollins Publishers Ltd

A Bayer, por sua vez, afirma que a empresa atualmente não tem mais vínculos com absolutamente nada que remeta aos tempo de guerra. "Entre 1925 e 1952, não existia nenhuma companhia chamada Bayer, nem como subsidiária da IG Farben nem sob nenhuma outra identidade legal", declarou um porta-voz da companhia.
"A Bayer trabalhou de boa-fé com o governo alemão para estabelecer um fundo para ajudar os que sofreram. As contribuições da companhia para este fundo passaram de US$ 60 milhões (cerca de R$ 180 milhões)."

Por 28 anos Polanska-Palmer organizou uma campanha para receber o dinheiro de indenização da empresa. Esse direito só foi considerado algumas semanas depois da Bayer ter sido contatada pela BBC. Desse modo, as autoridades encaminhara para Zoe um cheque de US$ 3.000 (aproximadamente R$ 9.000) do fundo de compensação.

Na Escócia, elapassou por múltiplas operações para reparar os danos causados. A mulher nunca pôde ter filho, e no fim de sua vida desenvolveu cancêr, mas, independe disso, era uma pessoa que vibrava positividade e superação.

Além disso, 40 anos depois de se ver livre, ela decidiu escrever um livro sobre sua vida e suas batalhas, que foi batizado como 'Vítima de Yalta'.

"Quero ter a certeza de que se lembrem do que aconteceu com pessoas como eu quando eu era uma criança em Auschwitz", disse a judia. "Eu era apenas uma das milhares de crianças tratadas daquela maneira. Mas fui uma das poucas que tiveram a sorte de sobreviver."


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