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Matérias / Pandemia

Mundo isolado: A quarentena durante a Peste Negra

Durante a Idade Média, a pandemia da doença dizimou uma grande parte da população da Europa com uma força assustadora

Penélope Coelho e Pamela Malva Publicado em 04/03/2021, às 12h00 - Atualizado às 15h46

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Ilustração de um médico durante a Peste Negra - Wikimedia Commons
Ilustração de um médico durante a Peste Negra - Wikimedia Commons

Há pouco mais de um ano, o primeiro caso de Coronavírus foi registrado no Brasil. Depois disso, semanas se passaram até que o lockdown fosse instaurado no país, a fim de conter uma doença que já estava se espalhando por todo o mundo.

Atualmente, em 2021, o número de mortos pela doença em território nacional já passa dos 259 mil. Ao mesmo tempo, novas variantes da Covid-19 são descobertas em diversos países — inclusive no Brasil, onde uma cepa foi registrada no Amazonas.

Com isso em mente, muitas pessoas passam a questionar o verdadeiro poder da quarentena na contenção de uma pandemia. Registros da Peste Negra, uma epidemia que dizimou grande parte da população europeia no século 14, no entanto, nos mostram que o lockdown pode ser essencial para a redução dos impactos de uma doença.

Arte que retrata os cadáveres produzidos pela Peste Negra / Crédito: Getty Images

Herança do passado

Ainda que as gerações modernas não estejam acostumadas com o conceito de uma quarentena geral, não é a primeira vez que o mundo recorre à medida. Em casos de doenças como a SARS e a Gripe Espanhola, por exemplo, o lockdown foi um dos recursos mais usados para tentar evitar a disseminação da enfermidade.

Em meados do século 14, no entanto, foi a Peste Negra que gerou uma onda de pânico em diversos países da Europa e da Ásia. Originário de uma bactéria disseminada através de pulgas e era carregado por ratos em embarcações.

No total, estima-se que a pandemia da Peste Negra resultou na morte de cerca de 50 milhões de pessoas. Acometidos pela doença, os enfermos faleceram rapidamente, em um processo agressivo que durava, no máximo, cinco dias.

A Peste Negra em Florença / Crédito: Wikimedia Commons

Sistema de quarentena

Durante a Idade Média, no entanto, o método do isolamento social era bastante precário e levou muito tempo para acontecer da forma recomendada. Por isso, a luta para tentar reduzir a força, potência e letalidade da doença durou anos.

Na Europa, as medidas de quarentena foram pioneiras. Frente ao número assustador de mortes diárias, cada cidade estipulou uma organização baseada nas informações e condições presentes na época. Assim, o continente tornou-se uma referência.

Em entrevista ao History Extra, a historiadora Helen Carr explica que a cidade italiana de Veneza, por exemplo, foi a primeira a definir medidas de isolamento em uma tentativa de controlar o caos. Inicialmente, os venezianos determinaram o fechamento de seus portos para os navios que chegavam.

Obra de arte retrata a Peste Negra / Crédito: Wikimedia Commons

Modelo de quarentena

Segundo a historiadora, sempre que uma nova tripulação chegava na cidade, era obrigatório o cumprimento de um período de 30 dias em isolamento, o que logo se tornou 40 dias. Foi assim que nasceu a quarentena, como conhecemos hoje.

Mais tarde, no entanto, “os venezianos chegaram ao ponto de estabelecer uma ilha de quarentena”. Naquela época, a região de Lazzaretto Vecchio recebeu um hospital de emergência, erguido especificamente para cuidar das vítimas.

De acordo com a historiadora, tais medidas ajudaram a diminuir alguns impactos da doença e, sem elas, eventualmente, mais mortes ocorreriam. Apesar delas, cerca de 100 mil pessoas faleceram em decorrência da enfermidade na cidade italiana.

Muito por isso, cemitérios foram construídos de última hora para enterrar as centenas de vítimas da peste. Séculos mais tarde, em 2007, uma escavação realizada na cidade revelou mais de 1.500 esqueletos de pessoas que supostamente faleceram com a peste.

Vestimenta utilizada por médicos durante o surto de Peste Negra / Crédito: Wikimedia Commons

Além das fronteiras

Ainda em entrevista ao portal da BBC, Helen Carr lembra que Londres, a capital da Inglaterra, também aderiu a algumas medidas de contenção. Acontece que, em 1377, a população local foi brutalmente dizimada pela doença, porque as medidas tomadas até então não foram o suficiente para controlar a Peste.

Com tantas mortes, as autoridades locais buscaram uma nova forma de se comportar e, quando a doença voltou a assolar Londres, o prefeito criou diversas exigências. Em 1563, por exemplo, passou a ser obrigatório que cruzes na cor azul fossem ser colocadas nas portas das casas de pessoas portadoras da doença.

Ainda mais, caso conhecessem alguma vítima da Peste, as pessoas eram obrigadas a permanecer em casa por um mês. Só quem não tinha nenhum tipo de contato com pacientes infectados tinham a permissão para sair de casa.

Em casos de pessoas não afetadas pela Peste Negra, os indivíduos eram aconselhados a carregar algo branco consigo. E todos na cidade seguiam a regra: quem se esquecesse das obrigações era multado no ato e até mesmo preso pelos oficiais locais.

Por fim, segundo a historiadora, algumas medidas no esquema de migração também foram tomadas, visto que viajantes de regiões contaminadas eram proibidos de entrar na cidade. Embora as medidas de contenção não tenham sido suficientes para evitar mortes, os impactos foram, de fato, menores.

Pintura sobre o caos da Peste Negra / Crédito: Getty Images

Cicatrizes eternas

Levou mais de 200 anos, entretanto, até que a Europa conseguisse se restabelecer após as inúmeras perdas causadas pela temida Peste Negra. Por sorte, a letal versão da doença que assolou o mundo no passado já não existe mais.

Ainda assim, estudos divulgados pela Organização Mundial da Saúde, a OMS, indicam algumas informações inquietantes. De acordo com os dados, entre os anos de 2010 e 2015, cerca de 3.248 casos da peste foram registrados no mundo, com 584 mortes.

Todavia, devido ao avanço da medicina, a doença tornou-se mais fácil de controlar e de tratar. De qualquer forma, o risco por contágio ainda existe, apesar de ser pequeno. A maioria dos casos aconteceram na República Democrática do Congo e no Peru.


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