Saiba se a cena mostrada na novela 'Nos Tempos do Imperador' de fato ocorreu
Redação Publicado em 02/10/2021, às 10h00
A novela 'Nos Tempos do Imperador', apresentou, em seu primeiro capítulo, uma cena que gerou dúvidas em muitos telespectadores.
Em determinado momento na trama, o paraguaio Solano López (Roberto Birindelli) se apresenta a Dom Pedro II (Selton Mello) em território brasileiro e faz uma propósta ao imperador.
Ele pede ao monarca que permita que ele se case com a princesa Isabel, ainda uma criança na época, a fim de firmar uma aliança entre os dois países.
Com a resposta negativa do governante, Lopez então ameaça Pedro. Furioso, ele rasga um mapa da América do Sul ao meio com sua espada e afirma que o brasileiro irá se arrepender por sua escolha. Mas será que isso de fato aconteceu?
Conforme afirmou o historiador Alberto Luiz Schneider à revista Veja, “não houve nada disso, não há nem evidências de visitas”. Ele atua como professor de Brasil Império na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em São Paulo.
Porém, conforme os escritos do embaixador americano no Paraguai Charles Ames Washburn, contemporâneo das personagens históricas, a ideia retratada pela novela possui certo embasamento histórico.
Apesar de não haver provas suficientes de que a proposta tenha sido feita, Washburn afirmou em seu livro History of Paraguay, datado de 1871, que Solano tinha interesse em se casar com uma das filhas de D. Pedro II, com o objetivo de unir os impérios.
“É consenso que falta documentação a respeito do assunto no Museu Imperial, no Itamaraty e com os descendentes”, ressalta a historiadora Regina Echeverria na biografia A História da Princesa Isabel: Amor, Liberdade e Exílio, de 2016.
Vale ressaltar que a novela, embora retrate personagens reais, conta com o que conhecemos como 'licença poética'. Assim, é possível misturar ficção e realidade.
Nascido em 1827, Francisco Solano Lopez era filho de Carlos Antonio Lopez, o primeiro presidente paraguaio. O futuro líder foi nomeado general-de-brigada aos 18 anos de idade. Mais tarde, na década de 1860, assumiu o poder no lugar de seu pai, que falecera.
Pouco tempo depois, ele ficaria conhecido por seu papel na Guerra do Paraguai, considerada o maior conflito militar da história da América do Sul. Ao fim do sangrento episódio, cerca de 120 mil soldados que faziam parte da Tríplice Aliança, formada por Brasil, Argentina e Uruguai, haviam sido mortos.
Do outro lado, porém, as baixas foram ainda maiores: em torno de 280 mil paraguaios perderam a vida, número esse que representava metade de toda a população do país. Por esse motivo, alguns historiadores consideram o fato como um verdadeiro genocídio.
