Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Europa

Napoleão Bonaparte perdeu na Rússia apenas por culpa do Inverno?

Quando as tropas napoleônicas atravessaram o Rio Berenzina, a derrota já estava selada

André Nogueira Publicado em 24/12/2020, às 08h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
O terrível inverno russo em pintura - Wikimedia Commons
O terrível inverno russo em pintura - Wikimedia Commons

No início do século 19, a Europa estava caracterizada pelo cenário de Guerra: após uma violenta revolução, um general reestruturou um Estado falido e iniciou uma campanha de expansão que tomou quase toda a Europa. Este era Napoleão Bonaparte, imperador francês que começou a sentir a derrota na década de 1810.

Um dos grandes epicentros da derrota de Napoleão foi a campanha empreendida na Rússia, que levou o exército francês ao seu limite. Apesar das capacidades estratégicas do general, o Exército de Vinte Nações não foi capaz de superar as barreiras russas no mantimento da ocupação de Moscou em 1812.

Enviando mais de 500 mil homens para a Rússia, Bonaparte teve um retorno de apenas 27 mil homens. O choque foi tamanho, que mudou toda a geopolítica europeia e acabou com a hegemonia e a era de vitórias da França pós-revolução.

General Napoleão Bonaparte durante campanha no Inverno Russo / Crédito: Getty Images

E a lógica desse cenário seguiu uma proposição de Lev Tolstói:Napoleão pode perder muitos homens em campanha, pois os tem de sobra; assim como a Rússia pode perder muita terra, pois a tem de sobra para preparar a derrota do inimigo.

E foi assim que os russos se prepararam para a campanha napoleônica, numa estratégia típica do país conhecida como Terra Arrasada. Esse esquema funciou da seguinte maneira: todos os habitantes de uma cidade se retiram da região, levando toda a comida e destruindo as casas e a terra. Quando o inimigo chegar, haverá apenas escombros e nenhum suprimento, o que dificultará o prosseguimento.

O início do fim de Napoleão se deu a partir da Batalha de Maloyaroslavets, quando após invadirem uma cidade, os franceses foram recebidos com um bloqueio. Enquanto os franceses buscavam alimentos, os russos, muito bem alimentados, forçaram o inimigo a recuar no caminho de volta para Moscou.

A cada semana que passava, a Grande Armée do corso perdia mais homens e suprimentos, atingindo a total catástrofe. A derrota de Napoleão teve início não devido ao Inverno Russo, que é bizarramente rigoroso. Mas é com a chegada da estação que se dá o impulso final para a saída dos invasores: com o inverno, a Terra Arrasada e a estratégia de isolamento do inimigo pelos russos, as tropas francesas perdiam diariamente capacidade de luta.  

A fuga dos franceses ficou marcada pela cena da travessia do rio Berezina, que oficializa a derrota de Napoleão. Fugindo do coração da Rússia, o general estava sendo perseguido pelo exército de Kutuzov. Numa noite, comandou que um corpo de engenharia construísse uma ponte sobre o rio congelado, mas os russos perceberam a movimentação e abriram fogo, matando cerca de 30 mil franceses (que congelaram naquele frio de quase -40ºC).

Soldados franceses rotornam à Franaç derrotados e destruídos (quadro de Illarion Pryanishnikov) / Crédito: Wikimedia Commons

A Campanha de Napoleão tem grande destaque entre os eventos que permeiam a memória dos russos. Duas grandes obras do país – a Abertura 1812 de Tchaikovsky e o Guerra e Paz de Tolstói – têm como tema esse período. No entanto, é destacado nessas artes não apenas uma justificativa natural da derrota dos invasores, com o Inverno inevitável, mas a ação patriótica ou heroica dos combatentes.

O inverno foi bastante relevante para a derrota dos franceses, mas a Rússia não é um país “naturalmente intransponível”: os russos souberam usar o ambiente deles para criarem uma estratégia em favor de sua resistência.

Dessa maneira, Napoleão não perdeu para o General Inverno, simplesmente, mas para a tática russa, a Terra Arrasada, para o desconhecimento francês da geografia russa. Normalmente, a narrativa do episódio como arma autônoma, e não como estratégia humana, foi uma forma de descreditar os russos por seu esforço em derrotar os franceses, normalmente protagonistas da História. O mesmo ocorreu com a Segunda Guerra.


+Saiba mais sobre o tema por meio de grandes obras:

Ideias geniais: Descobertas por acidente, erros surpreendentes e escorregões que mudaram a nossa visão sobre a Ciência, de Surendra Verma (2016) - https://amzn.to/37Hl7ht

Napoleão: uma Vida, de Vincent Cronin (2014) - https://amzn.to/33GYNT9

Napoleão Bonaparte (Biografias), de Pascale Fautrier (2016) - https://amzn.to/2Y7LBpa

Sobre a guerra: A arte da batalha e da estratégia, de Napoleão Bonaparte (2015) - https://amzn.to/33FleIj

Napoleão: a fuga de Elba – A queda, o primeiro exílio e a fuga (1814-1815), de Norman Mackenzie (2018) - https://amzn.to/2DEh2xY

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, assinantes Amazon Prime recebem os produtos com mais rapidez e frete grátis, e a revista Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.

Aproveite Frete GRÁTIS, rápido e ilimitado com Amazon Prime: https://amzn.to/2w5nJJp

Amazon Music Unlimited – Experimente 30 dias grátis: https://amzn.to/3b6Kk7du