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Matérias / Personagem

Narrativa ligada a uma epidemia? Saiba como surgiu a lenda do 'Homem do Saco'

No imaginário popular, a figura atrai crianças desobedientes e as levam embora. Mas como esse mito surgiu?

Fabio Previdelli Publicado em 24/04/2021, às 09h00

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Representação do homem do saco pelo alemão Abraham Bach der Ältere - Wikimedia Commons
Representação do homem do saco pelo alemão Abraham Bach der Ältere - Wikimedia Commons

“Cuidado, o homem do saco vai te pegar!” ou “se comporta bem hein, senão o homem do saco te leva embora”; quando você era criança, provavelmente já deve ter ouvido essas palavras ditas da boca de seus pais ou de algum responsável seu. 

Apesar de ser um terror para muitas crianças, essa lenda urbana é muito conhecida em diversas regiões do Brasil, principalmente em áreas rurais — embora muitas cidades se refiram a ela como o conto do Papa-Figo.

Geralmente, essa história é contada para que as crianças se comportem ou até mesmo parem de falar com estranhos. Porém, o que poucos sabem é que há uma história muito interessante por trás disso tudo. 

O que diz a lenda? 

Como já dito, dependendo da regionalidade, essa história apresenta uma variação. Se para alguns o Homem do Saco é apenas um senhor que anda vagando pelas ruas em busca de crianças desobedientes, em outras, o Papa-Figo possui um enredo um pouco mais assustador. 

Em sua lenda, as pessoas dizem que ele não só rouba os menores malcriados como também se alimenta de seus fígados. Segundo explica o portal Toda Matéria, é justamente por isso que ele recebeu esse nome, uma contração de “papa-fígados”. 

A lenda diz que ele é portador de uma doença muito séria e acredita que será curado caso se alimente do fígado de um crianças, afinal, por possuírem um órgão mais puros e sadios, elas seriam a cura para tal enfermidade.  

Em algumas regiões, as pessoas dizem através das narrativas imaginárias que o Papa-Figo conta com ajudantes, que capturam as crianças e as levam para ele. Em outras, dizem que ele atua sozinho, atraindo menores ao oferecer doces e brinquedos.  

Após roubarem suas vítimas, dizem que ele costuma deixar uma quantia em dinheiro ao lado dos corpos das crianças, sendo uma forma de ajudar os familiares a pagarem o funeral do ente que se foi, como explica o Toda Matéria.  

Aparência comum? 

Nesse ponto suas características também variam de acordo com a região onde a história é contada. O mais comum o descreve como um velho que se veste com roupas sujas e rasgadas, corcunda e com uma barba longa. Assim ele anda pelas ruas com um saco nas costas. 

No entanto, existem outras versões em que ele deixa de lado uma aparência mais humana e ganha orelhas imensas e até mesmo dentes de vampiros. Conforme aponta o Toda Matéria, essa figura se dá por conta que ele sofre uma doença rara.  

Em Geografia dos Mitos Brasileiros, o antropólogo Luís da Câmara Cascudo discute sobre a aparência da figura. “O papa-figo é como o lobisomem da cidade, que não muda de forma, sendo alto e magro. Diz-se que é um velho negro, sujo, vestido de farrapos, com um saco ou sem ele, ocupando-se em raptar crianças para comer-lhes o fígado ou vendê-lo aos leprosos ricos”. 

“Em outras regiões é muito pálido, esquálido, com barba sempre por fazer. Saí à noite, às tardes ou ao crepúsculo. Aproveita para as saídas das escolas, os jardins onde as amas se distraem com os namorados, os parques assombrados. Atrai as crianças com disfarces ou mostrando brinquedos, dando falsos recados ou prometendo levá-las para um local onde há muita coisa bonita”, completa.  

A origem do Papa-Figo 

Segundo estudo publicado pela Universidade Estadual da Paraíba, no imaginário popular, o Papa-Figo pode ter sofrido de hanseníase, popularmente conhecida como lepra, ou de doença de chagas, que causa inchaço no fígado.  

Assim, a lenda pode ter surgido em meados do século 20, quando o Nordeste brasileiro sofreu uma epidemia da doença. Nesta época, funcionários do Ministério da Saúde visitavam comunidades onde as pessoas haviam sido acometidas por tal enfermidade. 

Com isso, realizavam necropsias nos mortos. O procedimento normal, na época, era a retirada de líquidos e pus dos fígados das vítimas. Assim, o mito pode ter surgido por falta do conhecimento popular. Entretanto, isso não impediu que a história fosse passada de geração em geração.


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