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Matérias / Crimes

A negligência contra recém-nascidos: os horrores de Miyuki Ishikawa

Pós Segunda Guerra, muitas família japonesas pobres não tinham condições de cuidar de seus filhos e Ishikawa encontrou a solução ideal para o problema

Fabio Previdelli Publicado em 16/06/2020, às 17h30 - Atualizado às 20h00

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Miyuki Ishikawa cercado por policiais na delegacia de Waseda - Wikimedia Commons
Miyuki Ishikawa cercado por policiais na delegacia de Waseda - Wikimedia Commons

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão saiu derrotado do conflito e, como consequência, teve de passar por um grande período de reconstrução política e econômica. Como se o país já não vivesse dias tortuosos o suficiente, nesse mesmo período houve um grande escândalo criminoso envolvendo a parteira Miyuki Ishikawa, que abalou para sempre a comunidade nipônica, que viu na frieza da mulher uma das mais terríveis serial killers da história da nação do sol nascente.

Estima-se que durante toda sua jornada impiedosa, Ishikawa tenha contribuído para a morte de mais de 100 crianças e, mesmo com a totalidade de crimes que cometeu, jamais pagou o suficiente por toda a angustia que causou. 

Profissão assassinato

Ishikawa nasceu na cidade de Kunitomi, na província de Miyazaki, e se formou na Universidade de Tóquio. Casada com Takeshi Ishikawa, ela nunca teve filhos, o que não a impediu de ter certa experiencia com a concepção de outras vidas — trabalhando como diretora do hospital maternidade de Kotobuki e sendo uma parteira muito experiente.

Retrato de Miyuki Ishikawa, a parteira demoníaca / Crédito: Wikimedia Commons

Entretanto, na década de 1940, Miyuki, diante de tantos bebês que sua maternidade recebia, se viu diante de um dilema influenciado pelo contexto econômico da época. Naquele período, o país passava por uma grave situação financeira e muitas famílias eram pobres e não tinham uma condição favorável para cuidarem de seus filhos adequadamente.

Por outro lado, ela também se sentia impotente por não dispor de nenhum serviço social ou de caridade para ajudar os futuros pais. Com isso, a parteira decidiu negligenciar o cuidado de inúmeros bebês, dos quais muitos morrerem em decorrência dessa lastimável atitude.

O número ao certo de vítimas da parteira demoníaca, como ficou conhecida, é uma incógnita, embora estima-se que Miyuki tenha matado ao menos 103 recém-nascidos. Quando descobriram, quase todas as outras parteiras empregadas pela maternidade Kotobuki ficaram revoltadas com a prática e renunciaram a seus cargos.

"Ela era uma parteira japonesa. Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão ficou do lado dos vencidos e o país estava arrasado. Ela acreditava que sua maneira de contribuir para seu país era matar recém-nascidos. Ela os deixou morrer de fome ou se afogar em seu próprio choro. O que deixa tudo ainda pior é que ela transformou aquilo em um negócio com a participação do marido e de outro médico”, explica o escritor Blas Ruiz, que publicou um livro sobre alguns do serial killers mais assustadores da história.

Miyuki e o marido passaram a cobrar grandes quantidades de dinheiro dos pais, alegando que o valor seria menor do que as futuras despesas que eles teriam que arcar com os filhos indesejados. O cúmplice do casal foi o doutor Shiro Nakayama, que ficou responsável por falsificar as certidões de óbito dos recém-nascidos.

Prisão e julgamento

O caso só veio à tona quando dois policiais de Waseda encontraram, acidentalmente, em 12 de janeiro de 1948, os restos de cinco vítimas da parteira. As autópsias nos corpos dos bebês revelaram que eles não morreram de causas naturais. Assim, o casal de criminosos foi preso três dias depois, em 15 de janeiro.

Como as vítimas eram crianças abandonadas, a parteira alegou que os pais das crianças eram os verdadeiros culpados por suas mortes. De certa forma, a opinião pública até que apoiou o ponto de vista de Miyuki, mas o romancista Yuriko Miyamoto os criticou dizendo que as falas da parteira eram um exemplo claro de discriminação.

Após uma investigação mais aprofundada, a polícia encontrou mais de 40 cadáveres na casa de um agente funerário. Mais tarde, outros trinta corpos foram descobertos em um templo. O grande número de cadáveres escondidos e o período de tempo em que os assassinatos ocorreram, dificultaram às autoridades determinar o número exato de vítimas. A prática foi enxergada como um crime de omissão.

O jornal Asahi Shimbun descrevendo o caso, em 17 de janeiro de 1948 / Crédito: Wikimedia Commons

Assim, no Tribunal Distrital de Tóquio, Ishikawa foi condenada a oito anos de prisão, Takeshi e o doutor Shiro Nakayama foram sentenciados a quatro anos de prisão cada. Entretanto, o casal recorreu da decisão e, em 1952, o Supremo Tribunal de Tóquio revogou a sentença original e condenou Ishikawa a quatro anos de prisão e Takeshi a dois anos de reclusão. Este incidente é considerado o principal motivo pelo qual o governo japonês começou a considerar a legalização do aborto no país, que foi regulamentado em 24 de junho de 1949.


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