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Matérias / Personagem

Neste dia, em 1831, Nat Turner era preso por liderar uma rebelião de escravos

Naquele ano, o jovem foi responsável por guiar dezenas de negros em um dos levantes mais sangrentos dos Estados Unidos

Pamela Malva Publicado em 30/10/2020, às 08h00

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Ilustração do momento em que Nat Turner foi pego pelas autoridades - Wikimedia Commons
Ilustração do momento em que Nat Turner foi pego pelas autoridades - Wikimedia Commons

Com ombros largos, um nariz achatado e olhos grandes, o jovem Nat nasceu e cresceu em meio à escravidão. Quando criança, o menino foi registrado pelo proprietário de sua família e nunca teve mais do que um nome pelo qual pudesse ser chamado.

Apaixonado pelo estudo da religião, no entanto, ele era um leitor ávido e fugia de todos os padrões da época. Tamanha era sua devoção que, para o próprio Nat, ele era um enviado dos céus, destinado a mudar o futuro de seu povo.

Durante a idade adulta, então, ele esperava por um sinal para que pudesse se manifestar em toda sua glória. Há exatos 189 anos, no dia 30 de outubro de 1831, no entanto, a avidez de Nat por justiça acabou o guiando para o julgamento que decidiria seu destino.

Ilustração de como Nat Turner seria na época / Crédito: Divulgação

Contexto cruel

Em meados do século 19, a população do condado de Southampton, no estado de Virgínia, nos Estados Unidos, era majoritariamente negra. Ainda assim, homens e mulheres eram escravos da minoria branca que comandava a região.

Foi nesse contexto que nasceu e cresceu o jovem Nat. Acreditando ter um papel muito maior no mundo, ele aprendeu a ler e a escrever desde muito pequeno e fez questão de compreender todos os mandamentos da Bíblia, de fio a pavio.

Profundamente religioso, o menino costumava conduzir cultos frequentados por outros escravos, que rapidamente começaram a chamá-lo de Profeta. Com o tempo, Nat ganhou uma influência inegável entre seus companheiros, que tratava como irmãos.

Pintura representando Nat conversando com outros escravos durante a revolução / Crédito: Divulgação

Fé inabalável

Com uma crença poderosa, Nat sabia que era especial e dizia ter constantes visões. Uma delas, inclusive, fez com que o jovem, então com 21 anos, fugisse de seu proprietário, Samuel Turner — ele acabou voltando um mês depois, por outra visão.

No dia 12 de maio de 1828, então, ele previu que teria de liderar uma rebelião para que pudesse libertar seus irmãos. Imaginando que o desejo teria vindo direto dos céus, o jovem não questionou as vontades de Deus e esperou por algum sinal.

Demorou algum tempo até que o suposto sinal divino aparecesse. Em 12 de fevereiro de 1831, Nat se surpreendeu quando viu um eclipse no céu. Para ele, aquela era a representação de um homem negro tomando o que era seu. Era o início da revolução.

Nate Parker como Nat Turner no filme O Nascimento de uma Nação, de 2016 / Crédito: Divulgação/Fox

Enviado dos céus

Existem diversas versões que explicam como Nat abordou outros escravos para sua causa. A mais aceita delas diz que ele repassava mensagens para seus companheiros através de canções entoadas de boca em boca. Assim, as preparações começaram.

Tendo um inimigo claro em mente, o revolucionário sabia que não poderia comprar pistolas ou mosquetes para o combate, já que tais itens chamariam muita atenção. Os escravos, então, armaram-se com armas de corte, com facas e machados afiados.

Uma vez preparados, um grupo de 70 escravos e negros livres deram início à rebelião, no dia 21 de agosto de 1831. Juntos, os rebeldes invadiram casas de senhores de engenho, libertaram os escravos e mataram os brancos que ali viviam.

Ilustração mostrando o momento em que os escravos atacam os brancos / Crédito: Wikimedia Commons

Sem misericórgia

Durante dois dias, antes que fossem parados pela milícia estadual, estima-se que os reacionários tenham matado cerca de 60 pessoas. Muitas delas eram mulheres e crianças. Nat, por sua vez, ceifou a vida de apenas uma senhora: Margaret Whitehead.

Com uma artilharia três vezes maior que a dos escravos, no entanto, o Estado logo interferiu na revolução e sufocou o movimento. Nos dias seguintes, tanto a milícia quanto as companhias de artilharia passaram a perseguir os negros.

Enquanto Nat fugiu para tentar se esconder, cerca de 120 pessoas foram mortas pelas autoridades que combatiam a revolução. A brutalidade era severa e os brancos acabaram com a vida de centenas de negros, mesmo que eles não fossem reacionários.

Cena do filme O Nascimento de uma Nação, de 2016 / Crédito: Divulgação/Fox

O fim estava próximo

Longe de todo o conflito, Nat, que à essa altura já era conhecido como NatTurner, conseguiu se esconder durante seis semanas. No dia 30 de outubro de 1831, todavia, um fazendeiro branco acabou descobrindo o paradeiro do homem e avisou os oficiais.

Nat foi capturado e, assim como muitos de seus companheiros, foi julgado pela rebelião que liderou. O júri anunciou sua conclusão algumas semanas depois: pelo crime de conspiração, Nat Turner foi condenado à morte. Mais tarde, o levante guiado pelo jovem foi considerado como a rebelião de escravos mais sangurenta dos Estados Unidos.

No dia 11 de novembro, então, o militante foi enforcado. Sua cabeça foi separada do corpo e seus restos provavelmente foram enterrados em uma sepultura sem identificação. Era o fim do homem que acreditava ter vindo direto dos céus.


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