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Matérias / Oriente Médio

O intrigante — e impressionante — tesouro de Tillya Tepe

Encontrado na década de 70, as relíquias do Afeganistão sumiram por anos, até serem colocadas novamente sob os olhos do público

Caio Tortamano Publicado em 16/06/2020, às 08h00

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Alguns dos itens e ouro da coleção encontrada no Afeganistão - Wikimedia Commons
Alguns dos itens e ouro da coleção encontrada no Afeganistão - Wikimedia Commons

Localizado ao norte do Afeganistão, Tillya Tepe é um sítio arqueológico que foi descoberto somente em 1978 pelo arqueólogo Viktor Sarianidi e conta com um dos maiores tesouros já revelados na História.

O nome, que vem do persa, significa literalmente Monte de Ouro, sendo também conhecido como o Ouro da Báctria — região onde as riquezas foram encontradas. A coleção conta com mais de 20 mil ornamentos feitos de ouro, prata e marfim, reveladas em apenas seis túmulos diferentes, sendo cinco de mulheres e apenas um de um homem.

A maior parte das moedas encontradas datam o início do século 1 d.C., o que indica que os sepultamentos provavelmente aconteceram justamente nesse período, uma vez que também não foram encontrados nenhum outro item mais recente.

Os mortos tendem a ter pertencido às tribos citas ou partas que residiam na área em questão. Entretanto, ainda existe a possibilidade de se tratar de uma dinastia real que fora extinta depois da conquista sofrida por Kujula Kadphises, o primeiro príncipe do reino Kushan da Báctria.

As diversas moedas de ouro são vestígios que permitem aos pesquisadores criarem suposições acerca de quem eram as pessoas enterradas e a qual sociedade elas pertenciam, dando uma visão ampla da situação.

Crédito: Wikimedia Commons

Por exemplo, na mão esquerda de uma das mulheres (a da tumba identificada como 6) fora revelada uma moeda de ouro do rei parta Gotarzes I. Por ser dourada, é imaginado que ela teria unicamente propósitos festivos e de prestígio, uma vez que as moedas comuns da época eram de prata e cobre.

Outra relíquia interessante foi encontrada na tumba 3 com o rosto em perfil do imperador romano Tibério, com uma coroa de ramos. No verso constava uma figura feminina, segurando um borrifador e um cetro, o que evidenciava que a moeda vinha da Gália.

Já na tumba 4, uma moeda budista vinda da Índia mostrava de um lado um leão com um símbolo indiano. No outro, a fascinante relíquia trazia um homem usando apenas um elmo e girando a Roda da Lei, comum na cultura budista — acredita-se que essa tenha  sido uma das primeiras representações de Buda.

Divindade budista com a Roda da Lei / Crédito: Wikimedia Commons

Outra teoria que busca encontrar os verdadeiros donos do sítio arqueológico aponta a tribo nômade dos Sakas, uma vez que eles migraram mais tarde para a Índia — daí a influência do budismo. Muitos dos crânios dos mortos apresentavam deformações, indícios de uma prática comumente documentada entre os povos nômades da Ásia Central.

Peças de ouro representando figuras gregas / Crédito: Wikimedia Commons

A coleção é ampla, e conta com diferentes raízes culturais para diversas de suas peças. Parte dos artefatos, por exemplo, esculpidos de ouro relembram a arte da região Cítia, mas também trazem símbolos da cultura grega como a representação de Atena e o nome da deusa escrito em grego.

Sumiço

Por azar, a descoberta feita por Sarianidi se deu justamente um ano antes da invasão soviética ao Afeganistão. Na década de 90, o Museu Nacional do Afeganistão, onde parte da coleção era exposta, foi saqueado inúmeras vezes, resultando no desaparecimento das relíquias de Tillya Tepe.

O que aconteceu, na realidade, foi uma ação que o governo presidencial do país tomou para salvar a valiosa coleção de um futuro incerto. Em 1983, o presidente Mohammad Najibullah enviou as raridades para um cofre subterrâneo no Banco Central do Afeganistão, na capital Cabul.

Porém, com a deposição do governo em 2003, a então gestão pretendia abrir o cofre. Entretanto, seria em vão: a identidade das pessoas que carregavam a chave foi mantida em segredo. Como consequência, a única opção seria arrombar a entrada do esconderijo. Por sorte, os proprietários foram identificados e concordaram em liberar o cofre.

Desde então, depois de muito tempo escondida no Afeganistão, as valiosas peças douradas passaram pelos mais relevantes museus ao redor do mundo todo, mostrando uma parte fundamental do processo de formação das populações no Oriente Médio, a riqueza exorbitante de seu povo.


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