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Matérias / Entretenimento

“O educador: um perfil de Paulo Freire” resgata a vida e obra do pedagogo pernambucano

Em uma época de polaridades ideológicas e desconhecimento, o livro de Sergio Haddad é um retrato ponderado sobre o educador

Joseane Pereira Publicado em 19/09/2019, às 09h00

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Paulo Freire - Reprodução
Paulo Freire - Reprodução

"Chega de doutrinação marxista, basta de Paulo Freire!" Com a crise do governo Dilma Rousseff, em 2015, frases desse tipo eram comuns em manifestações. Com a vitória de Jair Bolsonaro em 2018, as críticas a Freire ganharam reforço.

Escrito pelo pesquisador, professor e ativista social Sergio Haddad, o livro “O educador: um perfil de Paulo Freire” resgata a vida e obra do intelectual pernambucano. Haddad faz um retrato ponderado de Paulo Freire, necessário em um momento político que situou sua obra como simples propagadora de viés esquerdista.

Publicado pela editora Todavia, o livro recupera a experiência exitosa de alfabetização em Angicos, Rio Grande do Norte, às vésperas do golpe militar, assim como a prisão de Freire, exílio, consagração internacional, vivência na África e volta ao Brasil após a anistia, quando ele retomou a carreira acadêmica e se tornou secretário da Educação da cidade de São Paulo.

A capa do livro / Crédito: Editora Todavia

Tais fatos são contados por Sergio Haddad de forma discreta e generosa, revelando facetas desse intelectual tão importante para a educação mundial.

Confira um trecho do livro na íntegra:

"Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, no bairro de Casa Amarela, estrada do Encanamento, 724, em Recife, Pernambuco. Passou boa parte da infância, até os dez anos, nessa casa de quintal grande, cercada por muitas árvores. As bananeiras e os coqueiros, as mangueiras frondosas e um cajueiro antigo ofereciam galhos para subir, frutos para comer e a sombra das copas para brincar.

No bairro da Casa Amarela, os muitos sanhaçus, bem-te-vis e sabiás eram ameaçados pelos gatos da família, que conviviam pacificamente com um cachorro preto de nome Joli. Ali mesmo, Paulo começou a ser alfabetizado pelos pais, desenhando palavras com gravetos no chão de terra. Aos seis anos, entrou na escola particular de Eunice Vasconcelos, a jovem de dezessete anos que semeou em Paulo o gosto pela leitura. 

Com ela exercitava a formação de sentenças a partir de palavras que escrevia em um pedaço de papel. Depois estudou com Amália Costa Lima e, em seguida, foi para o Grupo Escolar Mathias de Albuquerque, onde teve aulas com a professora Aurea Bahia, que cultivou no menino o prazer pelo conhecimento".


O educador: um perfil de Paulo Freire. Sergio Haddad, Editora Todavia, 251 páginas, R$ 46,57.