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Matérias / Personagem

O encoberto caso do possível sucessor direito de Nicolau II

O caso envolveu uma bailarina, seu irmão, uma filha, e o imperador russo Nicolau II

Gabriel Fagundes Publicado em 11/03/2020, às 10h00

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A bailarina que se envolveu com o Imperador Rússia Nicolau II - Wikimedia Commons
A bailarina que se envolveu com o Imperador Rússia Nicolau II - Wikimedia Commons

Nada como a paixão para desnortear os sentidos. E nada como o amor para nos embriagar de irracionalidade frente ao objeto amado. Porque nos tornamos seres insensatos, pequenos em comparação com os sentimentos que abundam do interior de nossos corpos. Fato esse não contemporâneo, pois marcante nos anais da história e na vida e dos enamorados dependentes.

Exemplo disso é o caso afetivo corrido há 130 anos na célebre e nobre família dos Romanov (a última dinastia do império Russo). Pois, quando apaixonado, Nicolau II se envolveu com a bailarina Matilda Kchesínskaia, numa relação duvidosa, que acabou culminando em gravidez.

Nicolau II chegou a comprar uma casa para que ambos residisse juntos / Crédito: Wikimedia Commons

O início desse caso parte da primavera de 1890, no momento da execução de um baile da aclamada Escola de Balé Imperial de São Petersburgo. No qual o imperador Alexandre III apresenta para seu filho uma das dançarinas da apresentação. O jovem ficou extasiado ao ver a moça, uma verdadeira donzela aos seus olhos, cuja admiração se avolumou na medida em que se viu obrigado a viajar para o leste.

De acordo com o pesquisador-sênior do Instituto de História da Rússia, Vladisláv Aksiônov, “havia uma prática entre a família real que permitia que um herdeiro solteiro e seus irmãos se relacionassem com atrizes e dançarinas antes do casamento para obterem experiência na vida sexual”. Mas, com um dos integrantes dos Romanov não era somente a prática que estava envolvida, não era apenas a saciedade dos apetites carnais que estavam em cena. Era, como dizem: amor…

Isso ficou extremamente claro quando Nicolau mandou um mensageiro para buscar uma fotografia da tal bailarina enquanto ele estava distante. Ela, ao perceber isso, de imediato notou o poder que já exercia na mente do inebriado homem. De forma que chegou a colocar em seu diário o seguinte: “Não consigo descrever o que aconteceu comigo após chegar em casa. Não conseguia comer e corri para meu quarto; estava chorando e meu coração doía. Pela primeira vez senti que não era uma simples atração, como acreditava antes, mas que amava o príncipe loucamente e nunca poderia esquecê-lo”.

Ambos se encontraram em janeiro de 1892, num teatro. Suas conexões prosperaram e os relatos acalorados desses eventos passaram a ser escritos pelo filho do rei em um diário, onde denominava a dançarina como “Pequena K”. Contudo, nem só de “dates” sobrevive um relacionamento. Por isso, ele compra uma mansão para Matilda e a obriga a sair da casa de sua família. Visto que, na residência recém-adquirida poderia desenvolver uma maior aproximação, intimidade, dois de seus principais anseios.

A dançarina que descompassou os sentimentos do Imperador / Crédito: Wikimedia Commons

Porém, alguns embaraços, inevitavelmente, acabam aparecendo em romances, sejam eles ficcionais ou reais. Por isso, com os nobres russos não foi exceção. Graças a uma mostra deixada por Nicolau em seu caderno de anotações, especulações sobre sua união começara a surgir. E não eram boas. O registro foi: “25 de janeiro de 1893. Segunda-feira. Fui à minha M.K. e passei a melhor noite com ela até agora. Estou impressionado — uma caneta treme em minha mão”. Trecho que foi utilizado para analisar a existência de um possível filho que lhe foi conferida a paternidade, e que caso fosse legítimo, seria seu herdeiro.

O imbróglio foi que apesar de, sim, existir uma criança, uma Celina, vista somente em 1911, a suposição que pairava era de que ela poderia ser foi fruto da consumação de Nicolau com Matilda. Mas não foi isso, Celina era filha de Joseph Kshesinsky, o irmão de Matilda. Ela, permaneceu na Rússia mesmo após ter terminado a revolução, e deu à luz a um garoto que posteriormente seria um político de sucesso, em São Petersburgo.

Passado alguns anos desse ocorrido o neto de Celina, Konstantin Sevenard, acredita que ele é o sucessor direito do último imperador. E também crê que sua avó era mesmo a filha de Nicolau com Matilda, todavia essa informação foi acobertada porque o imperador era casado na época, razão para que a pequena tenha sido adotada pelo irmão da bailarina para esconder o segredo da família.

Para Aksiônov, professor de história, “se Matilda tivesse dado à luz a um filho de Nicolau II, o imperador e a corte ficariam sabendo. Era uma mulher muito ambiciosa, que sabia o que queria e sempre usava suas conexões com sabedoria. Se tivesse uma carta tão boa na manga como um filho do imperador, ela sem dúvida a teria usado, com todas as consequências imagináveis”.

No entanto, independentemente do que já foi dito, de quem seria a paternidade, dos muitos anos passados; o que realmente é uma ocorrência consumada, é de que o amor sempre irá remexer com as estruturas mais subjetivas de seu alvo. Criando reféns para seu enredo mais avassalador.


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