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Matérias / Hunter Moore

O homem que se tornou o 'mais odiado da internet'

Hunter Moore, o autoproclamado "rei da pornografia de vingança", inspirou novo documentário da Netflix

Ingredi Brunato, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 13/08/2022, às 09h00 - Atualizado em 14/08/2022, às 09h00

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Hunter Moore - Divulgação/ Youtube/ Netflix
Hunter Moore - Divulgação/ Youtube/ Netflix

O ano era 2010 quando o norte-americanoHunter Moore, então com 24 anos, fundou o site "Is Anyone Up?" (ou o equivalente a "Tem alguém acordado?", em tradução livre).

A plataforma foi inicialmente planejada para funcionar como uma rede social ou um fórum de conversas, contudo, começou a avançar em uma direção diferente depois de Moore publicar um nude de sua namorada da época. 

Ao se dar conta que o post havia atraído nada menos que 14 mil acessos, o estadunidense começou a adicionar mais fotografias do gênero ao portal, sempre selecionando imagens que vieram não da pessoa que fez o clique, e sim de algum ex-parceiro. 

Assim, não demorou para que "Is Anyone Up?" se convertesse em um infame site de pornografia de vingança, onde eram publicadas fotos íntimas sem a permissão de seus autores.

O auge de um império de ódio

Mensagem que aparecia para os internautas que faziam o upload de fotografias ao site / Crédito: Divulgação/ Youtube/ Netflix

Além dos nudes, os usuários do portal costumavam fazer questão de publicar os dados pessoais das vítimas, incluindo nome completo, perfil em outras redes sociais, profissão e até mesmo a cidade elas moravam, conforme informações apuradas por uma reportagem de 2012 da revista Rolling Stone EUA. 

Essas informações, infelizmente, faziam com que as imagens íntimas aparecessem em pesquisas do Google a respeito daquelas pessoas, causando humilhação em seu círculo social e prejudicando futuros empregos. 

Durante o período de 16 meses em que o site de Hunter Moore fez sucesso, sendo acessado por cerca de 350 mil usuários por dia, o norte-americano chegava a referir a si mesmo como "um arruinador de vidas profissional", além de "rei da pornografia de vingança", títulos que deixavam claro como a problemática plataforma que havia criado não pesava em sua consciência.  

Fotografia de Hunter Moore / Crédito: Divulgação/ Netflix

O estadunidense chegou a hackear computadores pessoais para obter o conteúdo que postava no domínio online, roubando as fotos diretamente de seus donos. 

Moore também não parecia levar a sério as tentativas de suas vítimas de forçá-lo a retirar certas imagens do ar, sendo conhecido por responder a e-mails sobre processos e ordens judiciais com um tom de zombaria. Frequentemente, ele respondia simplesmente com a sigla "LOL", que significa "Rindo em voz alta" em inglês. 

A justiça dos Estados Unidos, por sua vez, não encarou a criação do jovem norte-americano de maneira leve. Uma investigação realizada pelo FBI forçou o fechamento de "Is Anyone Up?" em 2012, e prendeu Hunter em 2014, encerrando de uma vez por todas seu curto e explosivo reinado de ódio virtual.

Quem o derrubou 

Segundo repercutido pelo The Sun, o site chegou ao radar do FBI através dos esforços e dedicação de Charlotte Laws, a mãe de uma das primeiras garotas a ter suas fotos compartilhadas sem permissão no portal. 

Retrato de Charlotte e sua filha, Kayla / Crédito: Divulgação/ Youtube/ Netflix

Entre 2010 e 2012, ela reuniu um verdadeiro dossiê de conteúdo a respeito das atividades criminosas de Moore, entrando em contato com aproximadamente outras 40 vítimas do "Is Anyone Up?". Dessa forma, quando entregou o relatório às autoridades dos EUA, os oficiais foram capazes de agir rápido. 

Era um mural de ódio. Havia tentativas de fazer as vítimas cometerem suicídio, chamando as pessoas de gordas e feias. Não eram apenas imagens de jovens de 20 anos. Havia imagens de mulheres com mais de 60 anos, de pessoas com sobrepeso, até mesmo de uma pessoa paraplégica", descreveu Charlotte em entrevista ao The Sun. 

"O site trazia o pior em homens misóginos", concluiu a figura materna, que vivia em um estado de constante preocupação não apenas devido à maneira como a saúde mental de sua filha foi impactada pelo vazamento de seus nudes, mas também pelo temor de que os fieis usuários do portal criado por Moore fariam um ataque na vida real. 

A condenação do estadunidense, em 2014, por conspiração, roubo de identidade e invasão de computadores pessoais, veio como um alívio para a família de Laws.

Repercussões 

Hunter permaneceu preso até 2017, e tem vivido de maneira relativamente anônima desde então. Ele já era previamente banido de utilizar o Facebook, e sua conta oficial do Twitter, onde o norte-americano, hoje aos 36 anos, costumava postar sobre seu cachorro e suas idas à academia, foi suspensa em 2022. 

A curta e nefasta trajetória do criminoso, assim como os esforços das corajosas vítimas responsáveis por darem o pontapé inicial ao processo que o colocaria atrás das grades, inspiraram um documentário da Netflix chamado "O Homem Mais Odiado da Internet". A produção foi lançada na plataforma de streaming no último dia 27 de julho. 

Confira o trailer abaixo: