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Matérias / Personagens

Relembre o caso das Gêmeas Silenciosas

As irmãs June e Jennifer Gibbons tinham uma relação extremamente próxima e só se comunicavam entre si, chamando a atenção de psiquiatras

Penélope Coelho Publicado em 26/05/2020, às 13h16

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June e Jennifer Gibbons quando crianças - Divulgação
June e Jennifer Gibbons quando crianças - Divulgação

Gêmeas idênticas e filhas de pais imigrantes vindos de Barbados, no Caribe, as irmãs June e Jennifer Gibbons se mudaram ainda na infância para o país de Gales, Reino Unido. Em um local diferente do habitual, as meninas só falavam um idioma conhecido como crioulo bajan, algo que tornava difícil a compreensão da fala de ambas.

Esse fato, somado ao bullying que sofriam, fez com que as meninas ficassem ainda mais inseparáveis e passassem a se comunicar, cada vez mais, somente entre elas. Nascidas em 11 de abril de 1963, June e Jennifer eram as crianças negras da escola.

"Com oito ou nove anos, começamos a sofrer e paramos de conversar", disse June ao New Yorker. "As pessoas nos xingavam – éramos as únicas meninas negras na escola. Nomes terríveis. Eles puxaram nossos cabelos".

Como tentativa de amenizar a perseguição, os coordenadores da escola sempre mandavam as meninas para casa mais cedo, repercute o Herald Scotland. Essas diversas passagens traumáticas para as garotas fizeram com que elas criassem uma espécie de comunicação própria, explica a jornalista Marjorie Wallace em 'The Silent Twins', de 1986.

"Fizemos um pacto", disse June. "Dissemos que não íamos falar com ninguém. Paramos de conversar completamente — só nós dois, no nosso quarto no andar de cima".

Conforme repercutido pelo New Yorker, Ann Treharne, então fonoaudióloga-chefe do Hospital Withybush de Haverfordwest, descobriu que a “linguagem secreta” compreendia, na realidade, uma mistura de gírias de Barbados e também em inglês, que era falada de maneira rápida. Com sotaque das Índias Ocidentais, o som do 's', por exemplo, se transformava em 'sh'.  

Essas atitudes chamaram a atenção dos pais e também da escola. Como consequência, as meninas foram enviadas diversas vezes para terapias, porém, os tratamentos não foram bem sucedidos.

Quando atingiram os 14 anos, uma das irmãs foi enviada para um internato, como tentativa de interromper a relação estreita das duas. 

A volta

Quando puderam se ver novamente, a relação das irmãs ficou ainda mais próxima. Seus familiares diziam que as meninas viviam em um mundo só delas, isolando-se completamente da realidade.

No natal de 1979, as garotas ganharam um diário de presente e a partir de então começaram a escrever algumas histórias. 

Os personagens apresentavam alguns traços curiosos com tendências criminosas. Como, por exemplo, um dos livros escritos por Jennifer relata a história de um médico que precisava salvar a vida do filho que possuía um histórico de doenças cardíacas.

Para realizar tal procedimento, o doutor matava seu cão e transplantava o coração do animal no filho. Além disso, a alma do cachorro que agora habitava no menino, procuraria se vingar do médico que cometeu seu assassinato.

June e Jennifer Gibbons quando mais velhas / Crédito: Divulgação 

Crimes

A medida com que as histórias eram produzidas, as gêmeas tentavam fazer da arte da escrita, suas carreiras. Mas, isso não foi fácil. As diversas tentativas de venderem suas histórias não deram em nada. E a tendência criminosa descrita em seus textos, passou agora para a vida real.

June e Jennifer começaram a cometer alguns delitos. Em maio do ano de 1982, acabaram julgadas após dezesseis acusações conjuntas de roubo, furto e até mesmo incêndio criminoso. Por isso, foram internadas em um hospital psiquiátrico de segurança máxima, chamado Broadmoor. Lá, as irmãs viveram presas por mais de uma década, mantendo a assídua mudez.

June culpa a internação como forma de acentuar a mudez seletiva dela e da irmã: “Os delinquentes juvenis recebem dois anos de prisão [...] Tivemos 12 anos de inferno porque não falávamos [...] Perdemos a esperança, realmente. Escrevi uma carta para a Rainha Elizabeth II, pedindo para que ela nos tirasse de lá. Mas ficamos presas”, afirmou Gibbons em entrevista ao New Yorker.

Ao longo do tempo em que ficaram no hospital, a saúde de Jennifer se deteriorou. A garota desenvolveu um distúrbio neurológico que resultou em movimentos repetitivos e involuntários. Isso fez com que as irmãs perdessem o interesse na escrita. 

Pacto 

De acordo com a jornalista, Marjorie Wallace, em artigo para o The Guardian, as irmãs possuíam um 'acordo' entre si. Segundo Wallace — que veio a cobrir o caso posteriormente - as Gibbons chegaram a um consenso de que só teriam uma vida normal, se uma delas morresse, assim, quem ficasse viva estaria 'livre'.

Quando as duas tinham 30 anos, em março de 1993, Jennifer teve um mal súbito e faleceu. O motivo de sua morte repentina ainda é um mistério, os laudos mostravam uma inflamação no coração, que não tinha nenhuma explicação, explicou a jornalista. 

Wallace, que analisou os diários das gêmeas, não encontrou nada que indicasse que elas seriam psicopatas, repercute a New Yorker. Após cobrir o caso e se tornar a maior fonte sobre as irmãs, passou a defendê-las. 

Após a morte de Jennifer, aparentemente, June estava mesmo livre. Atualmente, aos 57 anos, a mulher vive normalmente sem o auxílio de psiquiatras. A história de June e Jennifer Gibbons é alvo de curiosidade e estudos até hoje. De acordo com imprensa internacional, a história das irmãs irá virar um filme.

A adaptação para as telonas será dirigida pela cineasta Agnieszka Smoczynska e o roteiro será adaptado do livro da jornalista Marjorie Wallace, The Silent Twins.


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