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Matérias / Curiosidades

O que aconteceria com a Terra sem os humanos?

Se a humanidade desaparecesse, quanto tempo será que nossos rastros levariam para sumir? Afinal, a resiliência da natureza superaria a selva de concreto?

Fabio Previdelli Publicado em 06/08/2020, às 17h00

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Cena do filme Wall-E (2008) - Divulgação/ Pixar Animation Studios
Cena do filme Wall-E (2008) - Divulgação/ Pixar Animation Studios

Com a pandemia do novo coronavírus, diversas pessoas estão recolhidas em suas casas seguindo as medidas de isolamento e distanciamento social. Por consequência, a poluição causada pelo ser humano diminuiu relativamente, o que levou rios a voltarem a ter suas águas cristalinas. Até mesmo o pico do Himalaia retornou a ficar visível na Índia.

Por mais distópico que isso possa parecer, essas circunstâncias pandêmicas levaram pessoas a fazerem a seguinte reflexão: como seria o planeta se os humanos desaparecessem? Quanto tempo demoraria para nossos traços sumirem? A resiliência da natureza superaria a selva de concreto?

Canais de Veneza voltaram a ter águas cristalinas durante quarentena do coronavírus / Crédito: Divulgação/ Facebook

Um bom ponto de partida para procurarmos por respostas pode ser na zona desmilitarizada da Coreia, uma região montanhosa com 250 quilômetros de comprimento por 4 de largura que marca o armistício que encerrou a Guerra da Coreia.

Essa extensa faixa de terra é praticamente inabitada desde 1953 — com raras exceções de patrulhas militares ou pessoas desesperadas que tentam fugir da Coreia do Norte. Entretanto, antes disso, foi uma região altamente povoada, há cerca de 5 mil anos, principalmente por fazendeiros que plantavam arroz.

Porém, hoje em dia, esses campos se tornaram quase que imperceptíveis, sendo transformados em enormes bolsões pantanosos, ocupados por deslumbrantes esquadrões de pássaros Grou-da-manchúria, que deslizam tão sutilmente sobre o solo que é praticamente impossível algum deles detonar uma mina terrestre que por ventura possa por lá existir.

Ao lado dos Grou-de-pescoço-branco, essas aves, que são consideradas uma das mais raras do planeta, parecem viver em perfeita harmonia, algo bem contraditório se levarmos em conta tudo o que já aconteceu nessa região.

Por mais serenamente natural que a área agora seja, seria muito diferente se as pessoas nas Coreias desaparecessem repentinamente. Entretanto, o habitat não voltaria a um estado verdadeiramente natural até que as represas, que agora desviam os rios para reduzir as necessidades dos mais de 20 milhões de habitantes de Seul, deixassem de funcionar. Tal processo poderia demorar de um até dois séculos contando a partir do sumiço dos humanos.

Foto de um Grou-da-manchúria / Crédito: Wikiemdia Commons

Porém, como explica Edward O. Wilson, biólogo da Universidade de Harvard, muitas criaturas floresceriam no local. Lontras, ursos negros asiáticos, veados almiscarados e o quase esquecido leopardo de Amur se espalhariam pelas encostas reflorestadas, assim como o jovem carvalho daimyo e a cerejeira Prunus padus.

Além do mais, os poucos tigres siberianos que ainda rondam as fronteiras entre a Coreia do Norte e a China se multiplicariam e se espalhariam pelas zonas temperadas da Ásia. Por outro lado, poucos animais domésticos permaneceriam depois de algumas centenas de anos. Os cães, por exemplo, ficariam selvagens, mas não durariam muito.

Com o tempo, explica Wilson, todas as tentativas humanas de melhorar a natureza, como nossos cavalos cuidadosamente criados, voltariam às suas origens. Se os equinos sobrevivessem, eles se pareceriam com o cavalo-de-Przewalski, a única espécie verdadeiramente selvagem que ainda pode ser encontrada nas estepes da Mongólia.

"As plantas, culturas e espécies animais que o homem produziu por sua própria mão seriam exterminadas em um século ou dois", afirmou o biólogo. “[Em alguns milhares de anos], o mundo pareceria principalmente como antes da humanidade aparecer: como um deserto".

O novo deserto consumiria cidades, assim como a selva do norte da Guatemala consumiu as pirâmides maias e megalópoles de cidades-estados. De 800 a 900 d.C., uma combinação de seca e guerra internacional por terras agrícolas cada vez menores causou um colapso de 2.000 anos de civilização. “Dentro de dez séculos, a selva engoliu tudo”, conta Wilson.

Situação parecida aconteceria em megalópoles e grandes cidades, como Nova York, que teria o asfalto permeado por água e a dominação de ervas daninhas. Dentro de cinco anos, explica Dennis Stevenson, curador sênior do Jardim Botânico de Nova York, as raízes das ailanthus chinesas iriam subir pelas calçadas e dominar os esgotos.

Com a energia desligada, as bombas que impedem o metrô de inundar seriam paradas. À medida que a água escorria do solo sob o asfalto, as ruas se abririam em enormes crateras. Dentro de 20 anos, as colunas de aço encharcadas de água que sustentam a rua acima dos túneis do metrô do East Side corroeriam e dobrariam, transformando a Lexington Avenue em um rio.

A menos que um terremoto atinja Nova York primeiro, as pontes durariam algumas centenas de anos antes de seus ferrolhos cederem. Coiotes invadiriam o Central Park e seguiriam veados e ursos. Já as ruínas ecoariam a canção de amor dos sapos que se reproduziriam em riachos.

Visão sudoeste do Central Park, olhando para leste / Crédito: Wikimedia Commons

A barata, um inseto originário dos climas quentes da África, que parece ser invencível, sucumbiria em edifícios sem aquecimento. Sem lixo, os ratos passariam fome e serviriam como almoço para falcões.

Não está claro quanto tempo os animais sofreriam com o legado urbano de metais pesados ​​concentrados. Mas, ao longo de muitos séculos, as plantas os dominariam, moldariam e, gradualmente, os diluiriam.

Durante o mesmo período, todas as represas da Terra assoreariam e transbordariam. Os rios transportariam novamente nutrientes para o mar, onde estaria a maior parte da vida. Com tudo isso, o mundo recomeçaria e isso seria apenas uma pequena porção de inúmeras outras mudanças.


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