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Matérias / Brasil

O que aconteceu com o fóssil que homenageia Pabllo Vittar?

Exemplar da espécie de aranha ‘Cretapalpus vittari’ virou alvo de investigação do MPF

Fabio Previdelli Publicado em 24/10/2021, às 00h00

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Fóssil da ‘Cretapalpus vittari’ - The Journal of Arachnology/Wikimedia Commons
Fóssil da ‘Cretapalpus vittari’ - The Journal of Arachnology/Wikimedia Commons

No dia 11 de junho, pesquisadores do departamento de geologia da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, publicaram um estudo na revista científica The Journal of Arachnology sobre os restos de uma aranha que viveu há milhões de anos na América do Sul.

A espécie, mais precisamente a ‘Cretapalpus vittari’, habitou a Região do Cariri do Ceará, há 122 milhões de anos. Entretanto, a pesquisa de Matthew Dowmen e Paul Selden sobre o fóssil encontrado no sítio paleontológico do Crato, no município que dá nome ao local, chamou a atenção por dois pontos. 

O primeiro deles é que a espécie da aranha foi batizada em homenagem a cantora Pabllo Vittar. O segundo ponto, este tão curioso quanto, é que tal espécime, segundo a lei brasileira, não poderia ter deixado o país. 

Fóssil da aranha Cretapalpus vittari/ Crédito: Divulgação/Twitter/@RenanBantim e Getty Images

À época, conforme relatou o G1, o Ministério Público federal (MPF) abriu uma investigação para apurar a suspeita de que a aranha foi parar nos Estados Unidos por meio do tráfico ilegal de fósseis — algo que se confirmou posteriormente. 

A Cretapalpus vittari e o tráfico

Segundo noticiado pela equipe do site do Aventuras na História, a Cretapalpus vittari se torna notável não só por sua idade — sendo considerada como o exemplar mais velho já registrado nas Américas —, mas também pelo fato de ser um ‘holótipo’ que serve para descrever toda uma espécie. 

De acordo com o estudo, a espécie vivia no solo e tinha patas dianteiras nitidamente robustas. O material fóssil foi localizado dentro de uma matriz rochosa, com seu lado dorsal preservado. O aracnídeo é caracterizado por ter oito olhos com pares laterais muito próximos, além de uma patela incomum na primeira perna, o que se assemelha a um espinho. 

A aranha teria saído do Brasil para os EUA por meio de uma doação do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPN), que fica na cidade do sítio arqueológico onde o esqueleto foi encontrado há anos.

A aranha / Crédito: Divulgação/The Journal of Arachnology

Porém, de acordo com o MPF, existe apenas um meio legal para o fóssil sair do país: por meio de uma instituição científica, para ser pesquisado. Para isso, no entanto, seria necessária a participação de um instituto de pesquisa nacional e um pesquisador brasileiro também deveria participar do estudo.

Ao final das investigações científicas, o material também deveria voltar para o país de origem. Nada disso aconteceu.

A volta pra casa

O fóssil só foi devolvido ao Brasil na sexta-feira da semana passada, dia 15. O anúncio do retorno foi feito pelo paleontólogo Renan Bantim, professor temporário da Universidade Regional do Cariri (Urca), que possui o Museu Paleontológico Plácido Cidade Nuvens, onde o item já faz parte do acervo. 

Hoje, um muito especial #fossilfriday com Cretapalpus vittari, um belo espécime de aranha Palpimanidae. Obrigado Matthew R. Downen por descrever esta pequena espécie e colaborar com a devolução deste fóssil ao Brasil", tuitou.

O agradecimento se dá pois, segundo o Diário do Nordeste, após a abertura sobre o tráfico ilegal do fóssil, tanto Downen quanto Selden se comprometeram a ajudar na devolução do exemplar. 

Porém, para surpresa de Allysson Pontes Pinheiro, diretor do museu, não foi só a ‘Cretapalpus vittari’ que foi devolvida. 

“Pedimos o fóssil Cretapalpus vittari, mas acabamos recebendo mais peças que até então não tínhamos conhecimento que estavam lá. Acreditamos que a Universidade do Kansas, ao analisar o pedido, viu que tinha mais peças na mesma situação e, de forma correta, fez a devolução de todas”, explicou. 

Divulgação/ Universidade Regional do Cariri (Urca)

O diretor diz que a ação é considerada rara, pois a maioria dos fósseis que são vendidos ilegalmente só são repatriados mediante uma ação judicial internacional.

"Tem toda uma simbologia: um holótipo ser devolvido espontaneamente para o Brasil, reconhecendo que é um patrimônio brasileiro e ainda mais carregando o nome de um cidadão brasileiro, reconhecido por brasileiros e estrangeiros. São movimentos únicos e muito difíceis de acontecer", conclui Pinheiro.


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