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Matérias / Brasil

Intentona Comunista: quando Luís Carlos Prestes tentou derrubar Vargas

O descontentamento causado pela Revolução de 30 fez com que um levante armado emergisse em pelo menos três capitais brasileiras. O resultado foi catastrófico

Isabela Barreiros Publicado em 08/12/2019, às 13h52

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Alguns dos integrantes do Comitê Comunista de Natal - Wikimedia Commons
Alguns dos integrantes do Comitê Comunista de Natal - Wikimedia Commons

Por meio de um golpe de Estado, Getúlio Vargas chegou ao poder do Brasil em 1930. Tirando Washington Luís da presidência e impedindo que Júlio Prestes tomasse posse, o gaúcho inaugurou um novo período no país, no qual se finalizava a República Velha. 

No entanto, nem todos os setores da sociedade aceitaram as mudanças de forma pacífica. O descontentamento causado pela Revolução de 30 fez com que a oposição se organizasse — a Aliança Nacional Libertadora (ANL), o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e outras organizações de esquerda, como sindicatos, coordenaram o movimento que ficou conhecido como Intentona Comunista.

Tenentes que se sentiram traídos com o golpe, militantes, soldados, militares e operários de esquerda também aderiram à revolta, que estava aflorando durante um período de instabilidade e polarização, acima de tudo, internacional. De um lado, estava o nazi-fascismo europeu, que crescia sobretudo na Alemanha e na Itália, e do outro, pelo socialismo da União Soviética. 

O levante popular e armado tinha como intuito destituir o então chefe de Estado e implantar uma série de demandas consideradas “do povo”. A abolição da dívida externa, a reforma agrária e a formação de um governo de base popular eram os princípios essenciais ao pensamento que levou à “revolução nacional-popular” da Intentona Comunista. 

Liderados por Luís Carlos Prestes, na época capitão do Exército, os participantes da “intentona” começaram a tentativa de tomada de poder em novembro de 1935. Em Natal, Recife e Rio de Janeiro, nos dias 23, 24 e 27 de novembro, respectivamente, os revolucionários passaram a invadir quartéis e batalhões por meio da ação armada no intuito de desestabilizar e conquistar a autoridade local. 

O Quartel do Regimento Policial de Natal durante a Intentona / Crédito: Wikimedia Commons

Em Natal, por exemplo, eles conseguiram implementar uma experiência de um governo comunista durante quatro dias. Após um levante militar ocorrido no Batalhão do Exército, a capital potiguar caiu nas mãos dos rebeldes, que destituíram os governantes locais dos seus cargos e assumiram o poder. 

"O levante de Natal fez parte do contexto da Intentona Comunista. A ideia era que a revolução fosse em escala nacional. Porém, nem todas as guarnições envolvidas se engajaram ao mesmo tempo", explica o historiador e professor de História do Brasil do Cursinho da Poli, Elias Feitosa. 

Os acontecimentos daquele sábado, 23, se precipitaram de tal maneira que não houve tempo nem de avisar a ANL, cujos líderes (incluindo Prestes) aguardavam o melhor momento para eclodir a revolução em nível nacional. 

No Recife, o levante seguiu nos moldes tradicionais de um golpe militar, em que militares rebeldes faziam ataques sistemáticos a quartéis da cidade. Ainda assim, não foram muito eficientes, porque houve uma grande repressão feita pelos pelos oficiais fiéis ao governo de Getúlio Vargas. Os amotinados se rebelaram em vários regimentos e batalhões também do Rio de Janeiro, mas foram rapidamente sufocados pelas forças de segurança nacional. 

O 3º Regimento de Infantaria pegando fogo no Rio de Janeiro / Crédito: WIkimedia Commons

Embora as lutas fossem violentas e registrassem mortes, tanto de rebeldes quanto de militares do governo, o resultado não foi positivo para a Intentona Comunista. Os revolucionários não conseguiram causar uma desestabilização no governo, muito menos derrubá-lo — pelo contrário, a ação ainda serviu como justificativa para que Getúlio Vargas instaurasse o Estado Novo, em 1937.

Depois do movimento, iniciou-se um período de intensa repressão à oposição nacional. Usando da derrota do levante denominado “comunista”, o governo se aproveitou da situação para, à base do anticomunismo, conseguir fortalecer seu poder e acabar com as ordens institucionais do país por meio de um golpe que culminou em um autoritarismo centralizado que duraria até o ano de 1946. 

Prestes no Tribunal de Segurança após a instauração do Estado Novo, em 1937 / Crédito: Wikimedia Commons

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