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Matérias / Oriente Médio

Mar Morto: o território disputado entre Israel e a Palestina

Ao longo da História, existiram inúmeros conquistadores e donos do território. O que eles procuravam?

Redação Publicado em 16/07/2020, às 12h05

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Imagem do Mar Morto - Imagem de Bloqed por Pixabay
Imagem do Mar Morto - Imagem de Bloqed por Pixabay

Parece só um trecho de terra seca, montanhosa e pedregosa. A mais notável vista natural é um lugar chamado Mar Morto. E, ainda assim, rei após rei, conquistador após conquistador, o território disputado entre Israel e a Palestina é um dos lugares mais cobiçados da História. Afinal, o que há de tão especial com essa terra?

O nome original da região era Canaã, situada no Levante, bem no centro do Crescente Fértil, que é uma grande meia lua de áreas adequadas ao plantio, da Mesopotâmia até o Egito. Na Idade do Bronze, isso colocava Canaã num cabo de guerra entre o Egito e diferentes invasores da Mesopotâmia.

O Mar Morto / Crédito: Wikimedia Commons

Também é uma faixa de terra que liga três continentes: Ásia, África e Europa. Quem quisesse se expandir de um para outro tinha que passar por lá. 

Importantes símbolos 

Essa insegurança constante moldou o caráter de um povo e sua religião. Foi nesse clima de ameaça que surgiu o culto a um deus único, que havia prometido essa terra a seu povo escolhido – e o ajudou, segundo os livros sagrados, a conquistá-la pessoalmente. Uma religião hostil às demais religiões, como não era comum. Algo que permitiu sua sobrevivência como uma identidade própria, no lugar de se diluir nos costumes dos dominadores.

E esse se tornaria um outro fator a atrair olhares para lá. “A Terra de Israel é o berço das religiões monoteístas: inicialmente o judaísmo, depois o cristianismo e mesmo o islã, que não se originou naquele lugar – e sim na Península Arábica –, mas que considera a cidade de Jerusalém como o terceiro local sagrado da fé muçulmana (atrás apenas de Meca e de Medina, ambas localizadas na Arábia Saudita)”, afirma o professor Gabriel Steinberg Schvartzman, doutor em língua hebraica, literatura e cultura judaicas pela Universidade de São Paulo (USP).

A cidade de Jerusalém guarda alguns dos mais importantes símbolos das três religiões. Nela encontrase o Muro das Lamentações, as ruínas do Segundo Templo, que foi o lugar mais importante para a religião judaica.

Sobre elas fica a Mesquita de Al-Aqsa, que marca o lugar onde Maomé teria sido levado por um anjo em sua visita aos céus. E, em outra parte da cidade, a Igreja do Santo Sepulcro, onde o corpo de Jesus teria sido deixado pelos três dias entre sua morte e ressurreição.

Toda vez que um lado fica insatisfeito com o tratamento que o dono atual dá a seus monumentos ou peregrinos de sua religião, um novo conflito tem início. As cruzadas foram justificadas pela destruição da Igreja do Sagrado Sepulcro pelo sultão Al-Hakim. A Mesquita de Al-Aqsa está no brasão do Hamas, o partido radical religioso (e terrorista, segundo Israel) palestino que quer retomar Jerusalém – e a mesquita.

Por difícil que pareça acreditar hoje, o clima de pé de guerra já teve uma longa pausa. Durante o domínio do Império Otomano (1299- 1922), entre 1517 e 1917, houve a chamada Pax Ottomanica.

“Era um império multiétnico, multilinguístico e multirreligioso, em que judeus e cristãos conviveram razoavelmente bem, junto aos muçulmanos. Notáveis locais governaram a província com alto grau de autonomia frente a Constantinopla. Fiéis das três religiões conviviam sem grandes incidentes”, observa Monique Sochaczewski Goldfeld, pós-doutora em história pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e autora do livro Do Rio de Janeiro a Istambul: Contrastes e Conexões entre o Brasil e o Império Otomano (1850-1919).

Quando Donald Trump assinou a transferência da embaixada americana de Tel-Aviv para Jerusalém, reconheceu a última de uma longa série de conquistas. E enfureceu aos conquistados.