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Matérias / Personagem

O Último dos Astecas: Schlitzie, o homem que conquistou espaço no circo de aberrações e no cinema

Abandonado pela família, o artista encontrou refúgio nas artes circenses e ascendeu após participar do filme Freaks, de 1932, que gerou diversas críticas negativas

Nicoli Raveli Publicado em 07/05/2020, às 19h00 - Atualizado às 19h30

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O circense Schlitzie - Divulgação
O circense Schlitzie - Divulgação

O início da vida de Schlitzie, como ficou popularmente conhecido, é rodeado por questionamentos, já que não se sabe nem mesmo se seu nome de nascimento era Simon Metz ou Shlitze Surtees, tampouco sobre como sua carreira teve início. O que se sabia era que o garoto — que nasceu com uma deformação no cérebro e em sua estrutura corporal — havia sido adotado por diversas famílias, mas não há informações sobre o porquê isso ocorreu.

Todavia, sua condição o levou ao sucesso. Mesmo que ele já fosse adulto, o homem tinha pensamentos e se comportava como uma criança entre três a quatro anos. Além disso, Schlitzie só conseguia falar frases curtas, mas sua situação congênita o fez conquistar espaço como artista de circo.

Com a cabeça pequena — devido à microcefalia — e um coração grande, o ator ganhou a vida se apresentando em freak shows no início do século 20, como no International Circus e Ringling Bros.

No palco, suas principais interpretações eram papéis femininos, nos quais Schlitzie sempre utilizava um vestido e era chamado de A Garota dos Macacos e O Último dos Astecas. Mais tarde, foi informado que, além de utilizar tal peça de roupa para atrair a atenção do público, a vestimenta facilitava suas trocas de fraldas, já que ele sofria de incontinência urinária e necessitava de ajuda para trocá-las.

Schlitzie interpretando um papel feminimo / Crédito: Divulgação 

Carreira em ascensão

Com um vestido, o homem do circo foi notado por diversas pessoas. Entre elas, estava o diretor Tod Bowning, que lhe ofereceu um papel no filme Freaks, de 1932. Todavia, o longa-metragem — que contava uma história romântica e também de traição — não foi bem recebido pela crítica.

Entre muitos comentários negativos sobre o filme, o Hollywood Reporter o intitulou como uma ofensiva ultrajante aos sentimentos, sentidos, cérebros e estômagos de uma plateia, e fez com que a filmagem fosse banida em diversas cidades, fazendo com que ficasse conhecido como a apresentação de aberrações reais.

Porém, como o longa não havia sido proibido em alguns locais, muitas pessoas tiveram acesso e se horrorizaram com o que viram. Esse foi o caso de uma norte-americana que, após assistir o filme, alegou que havia sofrido um aborto espontâneo e ameaçou processar a produtora Metro-Goldwyn-Mayer.

Como resposta, a empresa arquivou o filme, mas não antes que a RoadShow tivesse a chance de conseguir as filmagens para mostrá-la em diversos partes dos Estados Unidos. Dessa maneira, em meio a tantas críticas, Schlitzie ganhou fama e passou a receber os olhares do público devido a sua maneira inocente de agir. Logo, o homem foi reconhecido como uma das grandes estrelas do cinema do século 20.

Elenco do filme Freaks, de 1932 / Crédito: Divulgação 

O menosprezo como ator

Sua carreira como ator, entretanto, não foi apreciada por muito tempo e ele foi chamado para interpretar poucos papeis, seja pela Metro-Goldwyn-Mayer ou pela RoadShow. Porém, questiona-se se o ator era realmente Schlitzie ou um sósia.

Isso fez com que Schlitzie retornasse a vida de circense pela Tom Mix Circus. Durante suas performances, o homem conheceu George Surtees, um treinador de chimpanzés que também trabalhava no circo.

Durante a convivência dos dois, Surtees decidiu tornar-se seu guardião legal em 1936, já que a relação entre eles era de pai e filho. Além disso, a família do treinador o amava e fazia de tudo para que ele fosse bem cuidado; pelo menos era o que todos expressavam.

Todavia, após a morte de George em 1965, a filha de Surtees se revelou contra Schlitzie e o encaminhou a uma instituição mental em Los Angeles. Lá, o circense passou longos três anos marcados pela infelicidade.

Schlitzie, circense e ator / Crédito: Divulgação 

Para se distrair e entreter os outros pacientes, os funcionários do hospital contratavam diversos artistas que praticavam peripécias circenses. Entre eles, estava Bill Unks, um engolidor de espadas.

Durante a sua apresentação, ele reconheceu Schlitzie em meio a plateia. Era o início de sua salvação. Unks percebeu que O Último dos Astecas sentia falta de sua vida no circo. Dessa maneira, pediu para que o hospital o liberasse.

Após estudar o caso, a instituição mental atendeu ao pedido do engolidor de espadas. Dessa maneira, os dois passaram a trabalhar para o empresário Sam Alexander.

Os anos finais de Schlitzie

Em Los Angeles, a empresa de Alexander, Dobritch International Circus, foi palco das últimas apresentações do circense em 1968. Mesmo aposentado, o homem não deixava de realizar o que mais gostava.

Ele continuou se apresentando em locais públicos, como no MacArthur Park, onde, após suas performances, passava horas alimentando os pombos e patos do local até sua morte, em 1971.

Schlitzie, o adulto que tinha se comportava como uma criança / Crédito: Divulgação 

Aos 70 anos de idade, o artista sofreu graves problemas em decorrência de uma pneumonia bronquial, o que resultou em seu óbito. Schlitzie nasceu e morreu sem fortuna alguma e ninguém havia se oferecido a pagar uma lápide para sua sepultura.

Foi somente em 2007 que a morte do artista foi levada em consideração. Naquele ano, uma fã arrecadou certa quantia de dinheiro e fez com que fosse possível a criação de uma lápide no local de descanso do adulto que tinha a mente de uma criança.


Fontes: All That Interesting, Publishers Weekly e Grunge.


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